0831/LE
A desigualdade
das raças é um acontecimento natural em todos os mundos, mesmo os espirituais.
Não se encontra em lugar algum igualdade de aptidões, e nem mesmo de evolução dos
Espíritos que habitam determinado lugar ou mundo. No entanto, os mais
inteligentes foram colocados ali para ajudar os menos capacitados, uns como
sendo crianças e outros adultos.
A lei nos fala
que os fortes devem ajudar aos fracos e, conseqüentemente, os mais inteligentes
instruírem aos que não alcançaram o dom do saber. Entretanto, os mais fortes
abusam dos mais fracos e fazem deles escravos, até mesmo colocando-os no
mercado qual mercadoria. Atualmente, o fazem por meios indiretos, mas assim
acontece, e ao invés de os instruírem, servem-se deles para aumentar seu
orgulho. As raças mais fortes e mais ricas escravizam as subdesenvolvidas;
emprestam-lhes dinheiro em condições tais que nunca acabam de pagar, por eles
mesmos, os ricos, não o desejarem, permanecendo infiltrados no país em
decadência, dominando e tirando dos seus poucos celeiros o muito de que não
precisam. Todavia, isso sempre aconteceu. O planeta passa por crises forjadas
pelos seus moradores. Tanto os fracos, como os fortes, ninguém recebe o que não
merece na pauta do tempo.
A vida espera
que no amanhã tudo mude. Os homens não nasceram das mãos de Deus para serem
escravos e escravizarem eternamente. As condições mudam e continuam mudando para
melhor; quem deve paga e quem tem para receber recebe, e todos passam a se
entender na condição de filhos de Deus.
O embrutecimento
dos que sofrem é ilusório, porque a lei não nos deixa retrogradar. Caminhemos
sempre para a frente, essa é a nossa alegria. Àqueles que nos oprimem, o tempo lhes
mostrará que não vale a pena a violência, e o próprio tempo lhes ensinará a nos
amar, nos ensinando, igualmente, o perdão de todas as ofensas. Nada muda na
estrutura do Espírito; ele nasceu das mãos perfeitas e é perfeito para a
eternidade. O que nos cabe examinar, nos julgando imperfeitos, é a falta de
despertamento dos valores imortais que trazemos desde a nossa geração no seio
divino, Pai e Mãe de todos nós, encarnados e desencarnados.
As
desigualdades, pois, existem por causa das diferentes idades espirituais das
almas. Isso é justiça, é o próprio amor que nos coloca nessas posições por
merecimento. Da opressão que certas raças sofrem, ganhar-se-á com isso no
futuro. Quantas nações do passado, que dominaram meio mundo e que hoje pedem
socorro e recebem das dominadas de ontem? Tudo na vida tem ascensão e queda,
visando ao desenvolvimento de tudo e de todas as criaturas de Deus. As
desigualdades são nota de beleza na própria natureza, onde nada se vê
obedecendo a uma igualdade e formas, desde o átomo até os mundos.
As desigualdades
dos Espíritos não partem da sua gênese, mas da sua idade. O tempo vai chegando,
de modo que todos recebem as mesmas bênçãos do despertar do Cristo nos corações.
Notemos os animais: quantos vivem nas florestas, submetendo-se a difícil viver,
onde as condições são terríveis, enquanto outros vivem vida quase humana nas
cidades!? Por que essa diferença? Assim as árvores, assim tudo que existe. Em
tudo encontramos diferenças, no entanto, no fundo formamos um todo em Deus, no
esplendor da Sua luz.
A primeira carta
de Paulo aos Tessalonicenses, no capítulo três, versículo três, nos diz:
A fim de que
ninguém se inquiete com essas tribulações, porque vós mesmos sabeis que estamos
designados para isso.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume XVII
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos –Allan Kardec.
831. A
desigualdade natural das aptidões não coloca certas raças humanas sob a
dependência das raças mais inteligentes?
Sim, mas para
que estas as elevem, não para embrutecê-las ainda mais pela escravização. Durante
longo tempo, os homens consideram certas raças humanas como animais de
trabalho, munidos de braços e mãos, e se julgaram com o direito de vender os
dessas raças como bestas de carga. Consideram-se de sangue mais puro os que
assim procedem. Insensatos! Nada vêem senão a matéria. Mais ou menos puro não é
o sangue, porém o Espírito.
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