Tens o cérebro
sob a ação das preocupações que dominam em círculo de fogo.
Trazes o
sentimento macerado por angústias que não relatas.
Estás com a alma
açoitada por vendavais de agonia que se sucedem, ininterruptamente.
Sais de um
testemunho, e, ao invés de liberação, já te vês enfrentando novos e dolorosos
desafios.
Pedem-te, porém,
que sorrias e superes estes momentos de provações, impondo-te insensibilidade,
indiferença emocional.
Renasceste crucificado
nas provações redentoras e não tens ainda direito à plenitude, à marcha serena
daqueles que se venceram a si próprios.
A existência
terrestre, no entanto, é assim mesmo.
Todos avançam a
contributo da aflição, que lhes constitui o recurso valioso graças ao qual a
falência moral se torna mais difícil.
Certamente, há
aqueles que sob a injunção do sofrimento rebelam-se, parecendo piorar a própria
situação.
Não obstante, já
travaste contato consciente com a Vida e sabes que apenas te sucede aquilo que
é de melhor para o teu progresso espiritual.
Desse modo,
jubilosamente carrega tua cruz invisível, guardando a certeza de que as duas
traves penosas, se conduzidas com amor, converter-se-ão em asas de luz que te
erguerão deste mundo áspero para as regiões da felicidade.
***
Ausculta os
reais vitoriosos da Terra, e perceberás que o holocausto deles é o estímulo
para o teu prosseguimento afervorado.
Joana d’Arc,
quando começava a arder na fogueira, ergueu-se acima dos seus inquisidores e
experimenta a libertação plena.
Jan Huss,
enquanto era queimado pelo concílio de Constança, inaugurou a era do livre
exames da Escrituras, tornando-se mártir para todo o sempre.
Jerônimo de
Praga, seu discípulo, seguindo-lhes empós no drama das labaredas, depois de uma
prolongada existência rica de sabedoria, abriu espaços com a morte para que a
vida dos homens fosse iluminada pela fé racional.
São inúmeros os
heróis da renúncia e dos ideais de engrandecimento humano.
***
A evolução dos
homens torna-se possível através das vertentes do amor, que santifica, que
estimula ao progresso, ou do sofrimento, que desperta para as responsabilidades
mal consideradas.
A dor não representa
maldição divina antes significa recurso educativo, inevitável.
Não te
entristeças, pois, porque te encontres lanhado pelos látegos do sofrimento,
enquanto o festival dos sorrisos, em torno de ti, constitui uma constante que
não fruis.
Afinal, o teu,
não é mestre dos triunfos terrenos, porém, o Herói Silencioso da Cruz, o
Excelente Triunfador da sepultura vazia.
Jubilosamente
prossegue e não te perturbes com nada, enquanto transcorra a tua vilegiatura
carnal.
Livro: Momentos
de Harmonia.
Joanna de Ângelis
/ Divaldo Franco.
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