Um homem doou
uma moeda de prata a quatro pessoas. Uma delas, um persa, disse:
Com esta moeda,
quero comprar angur.
O segundo, um
árabe, exclamou:
Que insensato,
não vamos comprar angur. Vamos comprar inab.
O terceiro era
turco e disse:
Esta moeda é
minha também e não quero nem inab, nem angur. Quero uzum.
quarto, um grego, não se conformou:
Calem-se todos.
Com esta moeda compraremos isratil.
Começaram a
brigar entre eles porque ignoravam o verdadeiro sentido das palavras.
Esbofetearam-se,
insultaram-se, até que chegou ali um homem sábio e que conhecia muitas línguas.
Ele lhes disse:
Dêem-me esta
moeda e confiem em mim. Com ela comprarei algo que satisfará a todos vocês.
Sem opção
melhor, eles lhe entregaram a moeda. O homem sábio foi ao mercado. Com a moeda
comprou uma boa porção de uvas que entregou aos quatro briguentos.
Todos ficaram
satisfeitos vendo seu próprio desejo realizado.
Ignorantes, eles
não sabiam que todos desejavam a mesma coisa.
Angur, inab,
isratil e uzum significam uva, nesses idiomas.
* * *
Tantas vezes, na
vida, estabelecemos disputas por não entender corretamente o que o outro diz.
Diga-se, em vez
de tornarmos a perguntar, para melhor compreender, reagimos de imediato,
criando desentendimentos.
A palavra é
instrumento da vida para vestir as ideias e as exteriorizar com clareza.
Nem sempre,
contudo, somos felizes na sua utilização.
Por isso, a
palavra tem sido, ao longo dos séculos, fomentadora de desacordos, desavenças.
Dentro do lar,
pensemos quantas vezes a utilizamos de forma indevida.
No trato com
companheiros de trabalho, quanta vez nos temos servido dela para fomentar
intrigas...
O que deveria
ser aplicado de forma edificante, para levantar o mundo, enriquecer a vida com
belezas, é ensejador de mal-estares.
Não foi por
outra razão que o sábio Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec,
prescreveu que nos deveríamos entender a respeito do real significado das
palavras.
No trato com o
semelhante, pois, sejamos mais pacientes, ouvindo melhor e falando de forma
adequada.
Utilizemos
palavras sem duplo sentido, que possam ensejar maus entendimentos.
Não utilizemos
palavras grotescas para denominar situações e coisas, se outras existem, que
melhor expressem o que desejamos dizer.
A palavra também
carrega a vibração dos sentimentos com que a pronunciamos e atinge de forma
feliz ou infeliz, o nosso interlocutor.
Pensemos neste
imenso tesouro que se chama palavra e nos sirvamos dela com sabedoria.
Entendamo-nos a
respeito do verdadeiro significado das palavras.
Enriqueçamos os
nossos clichês mentais com palavras edificantes.
Não sejamos
impacientes se preciso for repetir as nossas afirmações, mais de uma vez.
Carreguemos de
otimismo todas nossas expressões verbais, criando sempre uma psicosfera de
bem-estar a quem nos ouve.
Ao transmitir
ordens, façamo-lo de forma clara.
Ao expressar
nossos pensamentos, quando algo deva ser decidido, ofereçamos a lucidez do
verbo.
Lembremos que
somos responsáveis por toda palavra que saia de nossa boca, favorecendo ou
infelicitando aquele a quem é dirigida.
Pensemos antes
de falar a fim de nos expressarmos de forma precisa, evitando criar dissabores.
Utilizemos,
enfim, a palavra para melhor viver e conviver com a imensa família humana, que
começa em nosso lar e se alonga pelo mundo afora.
Redação do
Momento Espírita, com base em conto da tradição sufi e no cap. 9, do livro
Alerta, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco,
ed. Leal. Em 09.02.2012.
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