“Altiriĝi
al la dia unueco, jen la celo de la homaro; por ke oni ĝin trafu, estas necesaj
tri kondiĉoj: justeco, amo kaj klereco; tri aferoj ĝin kontraŭas: neklereco, malamo
kaj maljusteco. Nu, vere mi diras al vi, ke vi falsas tiujn fundamentajn principojn,
kompromitante la ideon pri Dio per troigo de Lia severeco; vi duoble kompromitas
tiun ideon, lasante penetri en la Spiriton de la kreito, ke en ĉi tiu estas pli
da kompatemo, mildeco, amo kaj vera justeco, ol kian vi
konsentas al la Superega Estulo; vi eĉ nuligas la ideon pri la infero, farante ĉi
tiun ridinda kaj neakceptebla por viaj kredoj, kia estas, por viaj koroj, la
terurega spektaklo de l’ mezepokaj ekzekutistoj, punbrulejoj kaj turmentoj!
Kiel! ĉu nun, kiam la tempo de l’ blindaj revenĝoj estas por ĉiam forviŝita de
la homaj leĝaroj, vi esperas ilin ideale konservi? Ho, kredu min, kredu min,
fratoj per Dio kaj Jesuo-Kristo, aŭ rezignaciu pri la pereo, en viaj manoj, de ĉiuj
viaj dogmoj prefere, ol pri ilia variemo; aŭ viajn dogmojn revivigu, elmetante
ilin al la bonfaraj efluvoj, per kiuj la bonaj Spiritoj ilin nun surverŝas. La
ideo pri la infero kun ĝiaj ardaj fornegoj, kun ĝiaj kaldronegoj entenantaj ĉiam
bolantan fluidaĵon, povis esti tolerata, tio estas, pardoninda en fera
jarcento; sed en la dek-naŭa jarcento, ĝi jam nenio estas krom vana fantomo, taŭga
maksimume, por timigi infanojn; cetere, kiam pli aĝaj, ĉi tiuj ne plu kredas
tian fantomon. Persistante en tiu teruriga mitologio, vi naskas nekredemon, kaŭzon
de socia malorganizo; mi tremas, vidante tutan socian ordon skuata kaj falruiniĝanta
ĉe sia bazo, pro manko de puna sankcio. Arde kaj vive kredantaj homoj, antaŭgvardio
de l’ tago de lumo, al la afero, do! ne por daŭrigadi kadukajn kaj de nun
nekredindajn fabelojn, sed por reflamigi, revivigi la veran punan sankcion, sub
formoj konformaj al viaj moroj, viaj sentoj kaj la lumoj de via epoko.
Kio estas,
efektive, kulpulo? Tiu, kiu, per ia dekliniĝo, per falsa movo de sia animo, sin
deturnas de la celo de la Kreado, nome, de la harmonia kulturado de belo, de bono,
idealigitaj de l’ homa pratipo, de l’ Dio-Homo, de Jesuo-Kristo.
Kio estas puno? Ĝi
estas la natura sekvo de tiu falsa movo; iomo da doloroj necesaj al tio, ke la
homo abomenu sian kriplecon, per la provo de sufero. Puno estas sprono,
instiganta la animon, per aflikto, sin refaldi sur sin mem kaj reveni al la
savbordo. La celo de puno estas neniu alia ol rehonorindiĝo, liberiĝo. Voli, ke
puno estus eterna, pro kulpo ne eterna, estas nei la tutan pravon de ekzisto de
la puno.
Ho! mi vere
diras al vi, ĉesu, ĉesu loki flanko ĉe flanko, koncerne eternecon, Bonon,
esencon de l’ Kreinto, kaj Malbonon, esencon de l’ kreito; tio estus starigi nepravigeblan
punon. Asertu, kontraŭe, la gradan estingiĝon de punoj kaj suferoj per
transmigroj: vi tiel plifirmigos, per la prudento ligita al la sento, la dian unuecon.”
- Paŭlo, apostolo.
Libro: La Libro
de la Spiritoj – Allan Kardec.
“Gravitar para a
unidade divina, esse é o objetivo da Humanidade. Para atingi-lo, três coisas
lhe são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe são opostas
e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça.(2) Pois bem: em verdade vos
digo que mentis a esses princípios fundamentais ao comprometer a idéia de Deus
com o exagero de sua severidade, e duplamente a comprometeis, deixando penetrar
no Espírito da criatura o pensamento de que ela possui mais clemência,
mansuetude, amor e verdadeira justiça do que costumais atribuir ao Ser
Infinito. Destruís mesmo a idéia de inferno, tornando-a ridícula e inacessível
às vossas crenças, como o é para os vossos corações o horrendo espetáculo das
execuções, das fogueiras e das torturas da Idade Média. Mas como? É quando a
era das represálias cegas já foi superada pelas legislações humanas que
esperais mantê-la numa forma ideal? Oh! Crede-me, irmãos em Deus e em Jesus
Cristo, crede-me ou resignai-vos a deixar perecer nas vossas mãos todos os
vossos dogmas, para permitir a sua alteração, ou então vivificai-os, abrindo-os
aos benéficos eflúvios que os bons Espíritos derramam neste momento sobre eles.
A idéia do inferno com suas fornalhas ardentes, com suas caldeiras ferventes
pode ser tolerada ou admissível num século mitológico; mas no século dezenove
não passa de vão fantasma que só serve para amedrontar as criancinhas, e no
qual essas mesmas já não acreditam quando se tornam um pouco maiores.
Persistindo nessa mitologia apavorante engendrais a incredulidade, origem de
toda a desorganização social: eis porque tremo ao ver toda uma ordem social
abalada e a ruir sobre as próprias bases por falta de sanção penal. Homens de
fé ardente e viva, vanguardeiros do dia da luz, ao trabalho, pois! Não para
manter velhas fábulas atualmente desacreditadas, mas para reavivar e
revitalizar a verdadeira sanção penal sob forma que correspondam aos vossos
costumes, aos vossos sentimentos e às luzes da vossa época.
Quem é, com
efeito, o culpado? Aquele que por um extravio, por um falso impulso da alma se
distancia do objetivo da Criação, que consiste no culto harmonioso do belo e do
bem idealizado pelo arquétipo humano, pelo homem-deus, por Jesus Cristo.
Qual é o castigo?
A conseqüência natural decorrente desse falso impulso; uma quantidade de dores
necessárias para fazê-lo aborrecer-se da sua deformação, pela prova do
sofrimento. O castigo é o aguilhão que excita a alma pela amargura a voltar-se
sobre si mesma, a retornar ao caminho da salvação. O objetivo do castigo não é
outro senão a reabilitação, a redenção. Querer que o castigo seja eterno, por
uma falta que não é eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.
Oh! Em verdade
vos digo, cessai, cessai de pôr em paralelo, na eternidade, o Bem, essência do
Criador, com o Mal, essência da criatura: isso seria criar uma penalidade
injustificável. Afirmai, ao contrário, o abrandamento gradual dos castigos e das
penas pelas transmigrações e consagrareis, pela razão ligada ao sentimento, a
unidade divina.” - Paulo, o Apóstolo.
Livro: O Livro
dos Espíritos – Allan Kardec.
(2) Este trecho
da comunicação de Paulo lembra as tríades druídicas sobre as quais há
interessante estudo de Kardec na "Revue Spirite", publicado em
separata no folheto "Espiritismo: antigüidade, evolução e
propagação", do Clube dos Jornalistas Espíritas de S. Paulo. Veja-se ainda
o livro de Leon Denis: "Le Genie Celtique et le Monde Invisible",
edição Jean Meyer, Paris, 1927. (N. do T.).
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