0844/LE
O Espírito,
quando volta ao corpo pelo processo da reencarnação, a princípio é tolhido na
sua liberdade, por estar inseguro no seu instrumento de carne, mas, o tempo
leva-lo-á, pelo crescimento do corpo, a certa liberdade, desde quando não lhe
sejam impostas certas provações ou expiação, quando seu carma lhe cobra dos
seus atos do passado.
É preciso adquirir
as condições para que ele possa chegar a uma liberdade mais acentuada, porém, quando
a tem, essa liberdade vai chegando com o crescimento e ao se tornar adulto, é
livre para pensar e fazer o que achar mais conveniente dentro da vida.
Os atos e
pensamentos estão sempre no nível que a idade do Espírito reclama, e quando chega
ao máximo, ao estado de adulto, passa a responder diretamente pelos seus atos,
de modo a ter liberdade plena de pensar o que por vezes condicionou nesta vida
e em outras, em épocas diferentes. Eis a liberdade de agir, onde quer que se
deseje, mas com uma condição imposta por Deus: a de responder pelo que se faz
da própria vida.
Já falamos, mas
tornamos a dizer, que somente não temos livre escolha ante o nosso Pai que está
nos céus, porque também mora Ele na nossa consciência.
Por exemplo,
estamos aqui escrevendo pelos canais mediúnicos; se quisermos, poderemos deixar
de escrever, mas outro tomará o nosso lugar.
O trabalho não
deixará de ser feito, porque Deus o quer, entretanto, podemos escolher outro
serviço, na grande vinha de Deus. Não podemos parar, não temos livre vontade se
essa é a vontade do Criador. Mudamos de posições, mas nunca da direção que Deus
estabeleceu para todas as criaturas. Todos somos chamados para alguma coisa na
vida, entrementes, os escolhidos são poucos, por ser pela maturidade da alma.
Essa é a razão por que alguns não compreendem a linguagem de Jesus e são
incapazes de ouvir a Sua palavra. Vamos ouvir João, quando ele se refere ao que
ouviu do Mestre, conforme anotado no capítulo oito, versículo quarenta e três: Qual a razão por
que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a
minha palavra.
A vontade de
agir no bem, compreender a linguagem do Evangelho e ouvir o Cristo é caso de maturidade
espiritual. A liberdade é para todos, mas nem todos estão despertados para usá-la
nos caminhos do amor. É verdade que todos somos chamados por Deus para o
aprendizado, mas nem todos escolhidos para se iniciarem na escola da verdade
como deseja a palavra do Mestre.
Mas, temos o
tempo como força divina, que prepara a todos pelos processos variados, até nos
deixar nos braços de Jesus, capacitados para ouvi-Lo e, mais ainda,
compreendê-Lo na plenitude do Seu amor.
Há, na verdade,
liberdade de agir, porque agir é plantar, mas somos forçados a colher o que lançamos
na leira do mundo, e na lavoura da mente humana. Essa é a lei de justiça. Pela vontade,
a escolha é nossa, que é obedecida pela nossa maturidade espiritual. Nas
primeiras fases da vida certamente que escolhemos mal e mal usamos as nossas
possibilidades, no dizer dos que não
compreendem o trabalho de Deus, porque tudo dá certo nas linhas da programação
da Luz.
O tesouro que
Deus colocou na engrenagem da alma vai despertando como que por encanto e
transformando-se em faculdades enobrecidas. De posse delas, vamos entender
quais os caminhos que deveremos tomar pela força da caridade e do amor que começamos
a perceber. Conscientizemo-nos, porém, de que é nosso dever, amar a Deus em
todas as direções.
Aí estão todas
as leis reunidas e as religiões concentradas.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume XVII
Miramez / João
Nunes Maia. Miramez
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
844. Do
livre-arbítrio goza o homem desde o seu nascimento?
Há liberdade de
agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Nas primeiras fases da vida, quase
nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento
das faculdades. Estando seus pensamentos em concordância com o que a sua idade
reclama, a criança aplica o seu livre-arbítrio àquilo que lhe é necessário.
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