909. O Homem poderia sempre vencer as suas más tendências
pelos seus próprios esforços? (O Livro dos Espíritos - Allan Kardec)
- Sim, e às
vezes com pouco esforço; o que lhe falta é a Vontade. Ah! Como são poucos os
que se esforçam.
Cremos
tranquilamente que todos admitem ser a Vontade a chave das nossas conquistas em
todas as áreas de nossa vida. Cada um de nós já teve provas evidentes de que,
quando nos dispomos firmemente a conseguir algum propósito, assim o obtemos.
A vontade é,
assim, a expressão do nosso livre-arbítrio. Por ela damos os nossos testemunhos
e demonstramos os nossos ideais no bem. Podemos para facilitar a nossa análise,
considerar que a vontade é constituída dos seguintes fatores: impulso,
autodomínio, deliberação, determinação e ação. Todos eles interligados e
decorrentes entre si.
Impulso – A Vontade,
como já vimos surge, primeiro como um impulso, uma aspiração, um desejo, que
pode ser de variada intensidade. Essa intensidade indica a profundidade, a
carga emocional, o conteúdo, o grau de interesse que se relaciona com a permanência
dentro de nós, ou seja, diz respeito ao afinco, a firmeza, a duração e à
persistência.
Do impulso que
surge no campo sentimental, a nível emocional, deveríamos começar a fazer a elaboração
mental, articulando pensamentos, plasmando idéias, ponderando possibilidades,
prevendo obstáculos, balanceando impedimentos, avaliando nossa própria
capacidade de realização. Essa elaboração, trazendo os bons impulsos aos níveis
de consciência, deve ser intensificada, pois constitui grandemente para fundamentarmos
com base aquelas importantes aspirações.
A grande maioria
dos iniciantes não passa das promessas, debanda e perde a oportunidade, que pode
não se repetir. Não estão eles suficientes convencidos da importância daqueles
impulsos, vividos pela inspiração misericordiosa dos Amigos espirituais que nos
ajudam a caminhar. Acontece isto, porque ainda, estamos muito preso aos
interesses humanos e às ilusões do mundo físico. Não valorizando as
oportunidades de redenção que aqueles impulsos renovadores nos oferecem,
deixamos de seguir o trem do progresso.
Autodominio –
Conseguindo, porém, contornar as dificuldades íntimas, combatendo os momentos
de desânimo, exercemos domínio progressivo sobre nossas paixões e apegos,
vencemos os obstáculos criados pelas nossas próprias fraquezas, limitações psicológicas,
receios e incertezas. Exercendo assim, o domínio de si próprio.
Deliberação –
esse domínio vai refletir-se nas nossas deliberações. Para deliberamos em nossa
própria causa, devemos ter conhecimento amplo das circunstâncias favoráveis e desfavoráveis,
o que implica em dinamizar em nós o hábito de analisar, de observar, de avaliar
os acontecimentos da vida diária. Daí escolhermos os rumos, deliberamos o que
fazer.
Determinação –
do conhecimento obtido, passamos para a execução, ou seja, determinamos o que
fazer, as ações a serem executadas, a disposição a empreender, de cumprir as
deliberações. A determinação é o primeiro passo para a ação. Nessa fase programamos
no tempo as ações a serem tomadas, relacionamos os passos a seguir e nos
empenhamos em cumpri-los um por um, com Rigor e Firmeza, com Energia e Coragem.
Ação – finalmente
a ação vem concluir toda a sequência encadeada, é a prova das nossas intenções,
é a manifestação viva, palpável, a concretização daqueles impulsos que foram
articulados na esfera dos nossos pensamentos. É a própria idéia condensada, materializada
numa realização.
A Vontade, como
vimos, não estaciona no impulso, prossegue no autodomínio, se firma na
deliberação, começa a forma na determinação e se concretiza na ação. É um
complexo dinâmico de fatores ativos que gera energia transformadora a partir
dos impulsos, emitindo ondas indutoras, que se fortalecem pela intensidade na
concentração dos pensamentos, constituindo nos campos mentais as conquistas,
vencendo e bombardeando os princípios mentais cristalizados que se contrapõem
àqueles impulsos renovadores.
O trabalho de
desenvolvimento da vontade aplicada à nossa reforma íntima, começa por avaliar o
nosso interesse nesse sentido, e é com o devido afinco, a vitória sobre as
nossas más tendências.
Livro: Manual
Prático do Espírita.
Ney Prieto Peres
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