Ao clarão do Natal, que em ti
acorda a música da esperança, escuta a voz de alguém que te busca o ninho da
própria alma!... Alguém que te acende a estrela da generosidade nos olhos e te
adoça o sentimento, qual se trouxesses uma harpa de ternura escondida no peito.
Sim, é Jesus, o amigo fiel, que
volta.
Ainda que não quisesses,
lembrar-lhe-ias hoje os dons inegáveis, ao recordares as canções maternas que
te embalaram o berço, o carinho de teu pai, ao recolher-te nos braços
enternecidos, a paciência dos mestres que te guiaram na escola e o amor puro de
velhas afeições que te parecem distantes.
Contemplas a rua, onde luminárias
e cânticos lhe reverenciam a glória: entretanto, vergas-te ao peso das lágrimas
que te desafogam o coração... É que ele te fala no íntimo, rogando perdão para
os que erram, socorro aos que sofrem, agasalho aos que tremem na vastidão da
noite, consolação aos que gemem desanimados e luz para os que jazem nas trevas.
Não hesites! Ouve-lhe a petição e
faze algo!... Sorri de novo para os que te ofenderam; Abençoá os que te
feriram; divide o pão com os irmãos em necessidade; entrega um minuto de
reconforto ao doente; oferece uma fatia de bolo aos que moram, sozinhos, sob
ruínas e pontes abandonadas; estende um lençol macio aos que esperam a morte,
sem aconchego do lar; cede pequenina parte de tua bolsa no auxílio às mães
fatigadas, que se afligem ao pé dos filhinhos que enlouquece de fome, ou
improvisa a felicidade de uma criança esquecida.
Não importa se diga que cultivas
a bondade somente hoje quando o Natal te deslumbra!... Comecemos a viver com
Jesus, ainda que seja por algumas horas, de quando em quando, e aprenderemos,
pouco a pouco, a estar com ele, em todos os instantes, tanto quanto ele
permanece conosco, tomando diariamente ao nosso convívio e sustentando-nos para
sempre.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Antologia Mediúnica do
Natal. Ditado pelo Espírito Meimei. FEB.
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