Existem poemas que
demonstram grandiosa beleza e a profunda sensibilidade de seus autores. Dentre
eles existe um que diz o seguinte:
Desejo, primeiro, que
você ame, e que, amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E que,
esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo também que
tenha amigos, ainda que maus e inconseqüentes. Que sejam corajosos e fiéis, e
que pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é
assim, desejo ainda que você tenha adversários. Nem muitos, nem poucos, mas na
medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas
próprias certezas.
E que entre eles,
haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo, depois, que
você seja útil, mas não insubstituível. E que nos maus momentos, quando não
restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo, ainda, que
você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com
os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância,
você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você,
sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que, sendo maduro, não insista em
rejuvenescer, e que, sendo velho, não se entregue ao desespero.
Porque cada idade tem
o seu prazer e a sua dor, e é preciso deixar que aconteçam no tempo certo.
Desejo, por sinal,
que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia. E que nesse dia
descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante
é insano.
Desejo que você
descubra, com a máxima urgência, acima e a respeito de tudo, que existem
oprimidos e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo, ainda, que
você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-barro erguer triunfante
o seu canto matinal porque, assim, você se sentirá bem por pouca coisa.
Desejo também que
você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu
crescimento, para que saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim,
que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez
por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga Isso é meu, só para que
fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que
nenhum de seus afetos morra, por ele e por você, mas que, se morrer, você possa
chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo, por fim, que
você, sendo homem, tenha uma boa mulher, e que sendo mulher, tenha um bom homem
e que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes, e quando estiverem exaustos e
sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.
* * *
Muitas vezes,
desejamos que a vida seja feita apenas de coisas que nos parecem agradáveis,
esquecidos de que são os obstáculos que nos fortalecem e nos fazem evoluir.
São as responsabilidades
que nos pesam aos ombros que nos mantêm com os pés no chão, e as forças
contrárias servem de testes para nossa resistência.
Assim sendo, só
podemos avaliar o valor das circunstâncias pelas lições que nos deixam depois
que passam.
Pensemos nisso!
Redação
do Momento Espírita, com base em poema do jornalista Sérgio Jockymann. (http://www.momento.com.br).
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