“Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens, e mesmo a língua
dos anjos, se não tivesse caridade não seria senão como um bronze sonante...” “... A caridade é paciente; é doce e
benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária e precipitada; não se
enche de orgulho; não é desdenhosa; não procura seus próprios interesses; não
se melindra e não se irrita com nada...” (Evangelho Segundo O Espiritismo –
Allan Kardec, Capítulo 15, item 6.)
Quando Paulo de
Tarso definiu a verdadeira caridade, deixando implícito ser a “reunião de todas
as qualidades do coração”, isto é, o “amor”, diferenciou-a completamente da
prestação de serviços aos outros, da distribuição de esmolas, da assistência
social, da ajuda patológica aos dependentes afetivos, de compensações de baixa
estima, ou de tudo que se referia a atitudes exteriores, sem qualquer envolvimento
do amor verdadeiro.
Reforçou seu
conceito acrescentando que: “E quando tivesse distribuído meus bens para
alimentar os pobres, e tivesse entregue meu corpo para ser queimado, se não
tivesse caridade, tudo isso não me serviria de nada”.
Muitas vezes, “doamos
coisas” ou “favorecemos pessoas”, a fim de proporcionar a nós mesmos,
temporariamente, uma sensação de bem-estar, de poder íntimo ou de vaidade
pessoal, como que compensamos nossos desajustes emocionais e complexos de
inferioridade.
São sentimentos
transitórios e artificiais que persistem entre as criaturas, que, por não se
encontrarem satisfeitas consigo mesmas, trazem profunda desconsideração e
desgosto, e super valorizou-se fazendo “algo para o próximo”, para provar aos
outros que são boas, importantes e merecedoras de atenção.
Na realidade,
caridade é amor, e amor é a divina presença de Deus em nós. Raio com que Ele
modela tudo, o amor é considerado a real estrutura da vida e a base de toda a
Lei Universal.
É imprescindível
esclarecermos que há inúmeras formas de focalizar a caridade, e nós nos
reportaremos a ela como o “amor-essência”
energias que emergem de nossa natureza mais profunda: a Onipresença
Divina que habita em tudo.
Minerais,
vegetais, animais e seres humanos, ao mesmo tempo que vibram também recebem
essa “vitalidade amorosa”, num fenômeno de trocas incessantes. Um mineral de
rocha permanecera como tal, enquanto a “atração” e a “tendência” de seus átomos
e moléculas se mantiverem atraídos e integrados uns aos outros. Tais “atrações”
constituem os primeiros estágios dessa energia do amor nos seres primitivos. Semelhante
“poder atrativo” prospera e se movimenta em cada fase da vida, de conformidade
com o grau evolutivo em que se encontram os elementos e
as criaturas em ascensão.
Observemos a
Natureza: propensões, gostos e identificações com as quais se particularizam
cada ser do Universo, inclusive a própria criatura humana, são movimentações
dessa “força de predileção”, nomeada comumente por “aspiração amorosa”.
Segundo o apóstolo João, “Deus é Amor:
aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele”. (1º João
4:16). Conseqüentemente, nós, herdeiros e
filhos Dele, somos Amor, criados por esse plasma divino; portanto, somos
oriundos do “Amor Incomensurável”, que sustenta e dirige suas criaturas e
criações universais.
Todos nós
estamos nos descobrindo no processo dinâmico da evolução, que se assemelha a um
gradativo despetalar de camadas e mais camadas; inicia-se pelas mais
densificadas até atingir “o cerne” - nosso âmago amoroso.
“Deus fez os
homens à sua imagem e semelhança” (Gênesis 1:26) e, dessa forma, somente. conheceremos
o verdadeiro sentido da caridade como amor criativo, integrador e generoso,
quando tivermos uma clara consciência de nós mesmos.
No momento em
que passamos a identificar nos outros a mesma essência de amor da qual eles e
nós somos feitos, seremos capazes de discernir o que é o sentimento de
caridade. Seja jovens, velhos, crianças, sadios ou doentes, seja homens ou
mulheres, se passarmos a amá-los incondicionalmente, como nos exemplificou
Jesus, Nosso Mestre e Senhor, aí estaremos completamente integrados na
caridade.
Caridade não
consiste em assumir e comandar sentimentos, decisões, bem-estar, problemas,
evolução e destino das pessoas, aquilo, enfim, que elas podem e devem fazer por
si mesmas, porque quando tentamos reduzir as dificuldades delas, responsabilizando-nos
por seus atos, estamos também impedindo seu real crescimento e amadurecimento,
somente alcançados através das experiências que precisam enfrentar. Assim,
distorcemos a genuína mensagem da caridade, do amor ou da doação verdadeira.
Encontramos
ainda na 1ª Epístola de João: “Não escrevo um novo mandamento, mas sim aquele que tivemos
desde o princípio: que amemos uns aos outros”. (1º João 3:11).
Quanto mais
limitada e particularizada for a maneira de viver o amor, menor será nossa
consciência de que todos os seres humanos têm uma capacidade ilimitada de amar
ao mesmo tempo muitas pessoas. Quanto mais o amor for compartilhado com os
outros, mais nos desenvolveremos e nos plenificaremos na vida. Olhar os outros com os olhos do amor é a
grande proposta da caridade. O verdadeiro sentido da palavra caridade, como a
entendia Jesus, era: “Benevolência para com todos, indulgência para com as
imperfeições alheias, perdão das ofensas”. (Questão 886, O Livro dos Espíritos –
Allan Kardec).
Caridade é amor,
e não há amor onde não houver “profundo respeito” aos seres humanos. Se
substituirmos na conceituação de perdão por Jesus as palavras “benevolência”, “indulgência”
e “amor-respeito”, compreenderemos realmente esse sentimento incondicional do
Mestre por todas as criaturas.
“Amor-respeito para
com todos”, “Amor-respeito para com as imperfeições Alheias”, “Amor-respeito
aos ofensores”: aqui estão as regras básicas da conduta do Cristo.
Não olvidemos,
porém, que respeitar os outros não quer dizer “ser conivente” ou “manter cumplicidade”.
Concluímos
ajustando o texto de Paulo ao nosso melhor entendimento: “Ainda que eu falasse
a língua dos homens e também a dos anjos; ainda que eu tivesse o dom da
profecia e penetrasse todos os mistérios; ainda que eu dominasse a ciência e
tivesse uma fé tão grande que removesse montanhas, tudo isso não me serviria de
nada se não tivesse amor-respeito aos seres humanos”.
Livro: Renovando
Atitudes
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec
Caridade e amor
do próximo
886. Qual o
verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
Resposta: Benevolência
para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das
ofensas.
A.K.: O amor e a
caridade são o complemento da lei de justiça. pois amar o próximo é fazer-lhe
todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o
sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos. A
caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações
em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores,
nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque da
indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os
desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer.
Apresente-se uma
pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe são dispensadas. Se for
pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No
entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos
pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação. O homem
verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é
inferior, diminuindo a distância que os separa.
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