“Não te envolvas
na questão deste Justo”. Jesus / Mateus, 27: 19
Quando o
estudante da Boa Nova se adentrou pela senda luminosa do esclarecimento
renovador, sentiu-se dominado por ignota emoção, permitindo-se arrastar por
aspirações superiores, planejando programas abençoados a favor da própria paz e
em volta dos passos que pretendia imprimir pela rota.
Tudo sorriam flores,
ofertando largas dádivas de alegrias: amigos gentis, esclarecedores, de segura
aparência interior, como se se encontrassem realmente forjados nos altos fornos
do sofrimento e da abnegação; tarefas múltiplas favoráveis, em clima de fraternidade
convidativa; oportunidades felizes de exercitar as lições vivas do Mestre no
convívio comunitário...
Entusiasmo
singular dominou-o com as mais agradáveis impressões que se convertiam em
convites à doação total.
Legitimamente
concitado à construção dos postulados formosos no dia-dia das lutas, envidou
esforços e entregou-se ao labor.
A princípio,
incipiente, era dirigido pelos companheiros mais experimentados, desconhecendo
a escolha de serviços e a todos se entregando com alto espírito de abnegação. Passou
a despertar interesse e granjeou simpatias, inspirando respeito
A ociosidade que
estava à espreita, vigilante, bradou por uma boca malsã: “Tudo no começo é
fácil. Vejamos daqui a alguns anos”.
Não obstante a
decepção sofrida, o candidato ao bem afervorou-se mais e insistiu na realização
dos serviços nobres.
A maledicência
que lhe seguia os passos, almejando ensejo, não aguardou mais tempo e blasonou:
“Parece o dono da Casa, e apenas chegou ontem. Presunçoso e fingido, dará o
golpe, quando menos se espere”.
O estudante da
lição evangélica anotou o apontamento soez e, embora sofrendo, superou os
próprios melindres, laborando Infatigável.
A inveja que lhe
não perdoava a ação elevada, surpreendeu-o através dos companheiros de trabalho
e destilou veneno: “Interesseiro e falso que é. Será que pretende tomar todo o
trabalho nas suas mãos? Não pergunta nada a ninguém e crê-se auto-suficiente.
Merece desprezo e expulsão antes que seja tarde demais”.
O servidor da
gleba, coração ralado, asfixiou as lágrimas e, orando pelos ofensores,
prosseguiu confiante.
A viciação
segura das vitórias incessantes a que se acostumara nas continuas investidas à fraqueza humana,
fez cerrado sitio e requisitou a seu serviço a sensualidade, que após os
primeiros cometimentos foi rechaçada.
Ferida no brio,
convocou a vaidade que envolveu o lidador no incenso da palavra vã, esparzindo
os fluídos do egoísmo em forma de ardilosas insinuações que redundaram
Inoperantes. O suborno pelo dinheiro foi, então, estimulado, e como não
conseguisse desligar da órbita dos deveres o discípulo afervorado, este, com os
recursos de que dispunha, passou a engendrar dificuldades, multiplicando óbices
e malquerenças onde medrava o despeito e campeava a disputa das cogitações
inferiores.
Embrulhado,
todavia, nas vibrações da prece, o seareiro da luz insistiu no serviço
edificante, apesar da dor que o trespassava interiormente.
Nesse ínterim,
porém, a calúnia resolveu comparecer ao campo das ações variadas, e, afrontosa,
se impôs o compromisso de cravar as garras nas carnes da alma do operário
incansável, O ácido da acusação indébita, produzindo a impiedade, desvelou os
inimigos que jaziam ocultos e o fel do descrédito cobriu-lhe as pegadas; o
enfado antecipou-lhe o avanço e malquerença, abraçada à ignorância, armou
áspera e alta muralha; todavia, cansado e humilhado, o servo do Cristo se negou
saltá-la, deixando-se abater, então, pelos ardis da calúnia habilmente manejada
pelas mãos da mentira que, confundindo os frívolos e os vãos, estabeleceu
primado, transformando o antes verde campo de esperança em caos de dor e reduto
de animalidade...
* * * .
Entrega-te a
Deus, Nosso Pai, e deixa-te conduzir por Ele docilmente, confiantemente, até o
momento da tua libertação...
Eles, também, os
teus acusadores experimentarão em breve o trânsito para a própria libertação.
Perdoa-os, e insiste no bem, haja o que haja, certo de que Jesus, a Quem amas,
continuará com êles, mas contigo também.
***
“O Senhor apôs o seu selo em todos os que nele
crêem. O Cristo vos disse que com a fé se transportam montanhas e eu vos digo que
aquele que sofre, e tem a fé por amparo, ficará sob a sua égide e não mais
sofrerá.” Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 5º , Item
19 parágrafo 4.
Livro:
Florações Evangélicas.
Joanna
de Ângelis / Divaldo Franco.
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