Afirma
Daniel Goleman em seu livro “Inteligência Emocional” que os grandes mestres
espirituais como Jesus e Buda “tocaram o coração dos seus discípulos falando na
linguagem da emoção, ensinando por parábolas, fábulas e contos”. Segundo o
escritor estes mestres espirituais falam no “vernáculo do coração”, o que do
ponto de vista racional tem pouco sentido.
Goleman
explica ainda que segundo Freud, em seu “conceito primário” de pensamento, essa
lógica da mente emocional é a “lógica da religião e da poesia, da psicose e das
crianças, do sonho e do mito”. Isto engloba também as metáforas e imagens como
as artes, romances, filmes, novelas, música, teatro, ópera, etc., pois tocam de
forma direta a mente emocional.
Isto nos
leva a entender por que as expressões religiosas e artísticas agradam tanto: é
que a imensa maioria das pessoas é dominada pela emoção. Também explica o
motivo dessa preferência das multidões a essas crenças novas, rotuladas de
evangélicas, que manipulam as emoções como fator de atração e direcionamento de
seus adeptos.
Mas, o que
é a EMOÇÃO? O dicionário registra: qualquer agitação ou perturbação da mente;
sentimento; paixão; qualquer sentimento veemente ou excitado.
Segundo
Goleman: “EMOÇÃO se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos,
estados psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências para agir.”
Não podemos
perder de vista as sutilezas em que as emoções se manifestam, para melhor
entendimento do assunto e encaminhamento do nosso raciocínio.
Os
estudiosos do tema propõem famílias básicas (assim como as cores básicas);
mencionaremos algumas:
IRA: fúria,
revolta, ressentimento, raiva, exasperação, indignação vexame, animosidade,
aborrecimento, irritabilidade, hostilidade e, no extremo, ódio e violência
patológicos.
TRISTEZA:
sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, autopiedade, solidão,
desamparo, desespero e, quando patológica, severa depressão.
MEDO:
ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação, cautela,
escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror e, como psicopatologia, fobia e
pânico.
PRAZER:
felicidade, alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, prazer
sensual, emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor, euforia,
êxtase e, no extremo, mania.
AMOR:
aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão, ágape
(caridade).
E as
virtudes e vícios que vão desde a fé, compaixão, esperança, coragem, altruísmo,
perdão, equanimidade até dúvida, preguiça, tédio, etc. Há um debate científico
sobre como classificar as emoções, já que podem ser igualmente um estado de
espírito, temperamento ou se transformarem em distúrbios emocionais como
depressão, angústia, ansiedade, fobias, etc.
Depreende-se,
portanto, que em várias circunstâncias de nossa vida as emoções prevalecem e
nos dominam. Quantas vezes nos surpreendemos diante de nossas alternâncias de
estado de espírito, pois podemos ser muito racionais num momento e irracionais
no seguinte quando o calor da emoção passa a comandar nossas atitudes.
É
exatamente nos estados extremos das emoções que as pessoas cometem ações das
quais se arrependem amargamente no minuto seguinte, quando a mente racional
começa a reagir. É este o caminho dos crimes passionais, quando se diz que
houve “privação dos sentidos”.
Portanto,
emoções são sentimentos a se expressarem em impulsos e numa vasta gama de
intensidade, gerando idéias, condutas, ações e reações. Quando burilados,
equilibrados e bem conduzidos transformam-se em sentimentos elevados,
sublimados, tomando-se, aí sim — virtudes.
O livro de
Daniel Goleman traz-nos preciosas contribuições que devem ser analisadas à luz
da Doutrina Espirita. Observemos, em princípio, o que consideramos a
contribuição fundamental de sua obra: a distinção entre inteligência emocional
e racional, em que “linguagem” a primeira se manifesta e todas as conseqüências
que daí advêm. Mas, iremos analisar, especificamente, o discurso de Jesus, sob
esta ótica.
Segundo o
autor e conforme mencionamos linhas atrás, Jesus utilizou-se do “vernáculo do
coração”, falava, portanto, a linguagem da emoção, e acrescentamos: do
sentimento sublimado — por isto se diz que Ele trouxe a Lei de Amor.
Todavia,
para a mentalidade racional que impera no Ocidente, nas elites intelectuais,
sobretudo, essa mensagem passou a ser vista como sinônimo de psicose,
infantilidade, poesia e utopia. Por outro lado, os principais fatores que
geraram esse tipo de leitura foram as distorções, as interpolações e mutilações
que o Evangelho sofreu e que o transformaram nesse cristianismo dos tempos
atuais, muito distante da verdadeira Boa-Nova.
É
exatamente no momento crucial em que a Europa, liderada pela França, entroniza
a “deusa Razão”, zombando dos valores espirituais cultivados pela religião
dominante, que a Terceira Revelação chega à Terra. O Espiritismo veio fazer uma
leitura do Evangelho através da razão. Tendo em suas bases a moral cristã em
sua pureza primitiva, interpretada, todavia, na linha do raciocínio a fim de
que o seu aspecto emocional passe agora pela mente racional e possa ser aceita,
assimilada pela mentalidade que prevalece em nossa época.
Cremos que
a resistência na aceitação da Doutrina Espírita por parte dos países europeus
(e mesmo norte-americanos), deve-se ao fato de não terem conseguido ainda
assimilar essa nova mentalidade, pois destacam, de forma predominante, os
valores intelectuais, a linha racional, não admitindo a prevalência da emoção
ou a sua equiparação com a razão.
A Doutrina Espírita
vem colocar o Evangelho do Cristo na linguagem da razão, com explicações
racionais, filosóficas e científicas, mas, vejamos bem, sem abandonar, sem
deixar de lado o aspecto emocional que é colocado na sua expressão mais alta,
tal como o pretendeu Jesus, ou seja o sentimento sublimado, demonstrando assim
que o SENTIMENTO E A RAZÃO podem e devem caminhar pela mesma via, pois
constituem as duas asas de libertação definitiva do ser humano: O AMOR E A
SABEDORIA.
A questão
627 de “O Livro dos Espíritos” traz-nos primorosa síntese das finalidades do
Espiritismo e, a certa altura da resposta transmitida pelos Espíritos
Superiores afirma: “O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos,
para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e
apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus
anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a lei de
Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e
de caridade.”
Autor: Suely Caldas Schubert
http://www.oespiritismo.com.br
Estudando O Livro dos
Espíritos – Allan Kardec
Origem e conhecimento da lei
natural
627. Uma
vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensino
que os Espíritos dão? Terão que nos ensinar mais alguma coisa?
Resposta: Jesus
empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de
conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister agora que a verdade se
torne inteligível para todo mundo. Muito necessário é que aquelas leis sejam
explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos
os que as praticam. A nossa missão consiste em abrir os olhos e os ouvidos a
todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os hipócritas: os que vestem a
capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. O ensino dos
Espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar
ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Estamos
incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de
que a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões,
nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade.
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