“Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes
sete vezes”. Jesus / Mateus, 18:22
“A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poder
á ser brando e pacífico. Ela
consiste no esquecimento e no perdão das ofensas”.
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
– Allan Kardec, Capítulo 10º — Item 4)
Sim, deves
perdoar! Perdoar e esquecer a ofensa que te colheu de surpresa, quase
dilacerando a tua paz. Afinal, o teu opositor não desejou ferir-te
realmente, e,se o fez com essa intenção, perdoa ainda, perdão com
maior dose de compaixão e amor. Ele deve estar enfermo, credor,
portanto, da misericórdia do perdão.
Ante a tua
aflição, talvez ele sorria. A insanidade se apresenta em face múltipla e uma
delas é a impiedade, outra o sarcasmo, podendo revestirse de aspectos muito
diversos.
Se ele agiu,
cruciado pela ira, assacando as armas da calúnia e da agressão, foi vitimado
por cilada infeliz da qual poderá sair desequilibrado
ou comprometido organicamente. Possivelmente, não irá
perceber esse problema, senão mais tarde.
Quando te
ofendeu deliberadamente, conduzindo o teu nome e
o teu caráter ao descrédito, em verdade se desacreditou ele
mesmo. Continuas o que és e não o que ele disse a teu respeito.
Conquanto justifique
manter a animosidade contra tua pessoa, evitando a reaproximação, alimenta
miasmas que lhe fazem mal e se abebera da alienação com indisfarçável
presunção.
Perdoa,
portanto, seja o que for e a quem for.
O perdão
beneficia aquele que perdoa, por propiciarlhe paz espiritual, equilíbrio
emocional e lucidez mental.
* * *
Felizes são os
que possuem a fortuna do perdão para a distender largamente, sem
parcimônia.
O perdoado é
alguém em débito; o que perdoou é espírito em lucro.
Se revidas o mal
és igual ao ofensor; se perdoas, estás em melhor condição; mas se perdoas
e amas aquele que te maltratou, avanças em marcha invejável pela rota do bem.
Todo agressor
sofre em si mesmo. É um espírito envenenado, espargindo o tóxico que o
vitima. Não desças a ele senão para o ajudar.
Há tanto tempo
não experimentavas aflição ou problema — graças à fé clara e nobre
que esflora em tua alma — que te desacostumaste ao convívio do sofrimento.
Por isso, estás considerando em demasia o petardo com que te atingiram,
valorizando a ferida que podes de imediato cicatrizar.
Pelo que se
passa contigo, medita e compreenderás o que ocorre com ele, o teu ofensor.
O que te é
inusitado, nele é habitual.
Se não te
permitires a ira ou a rebeldia —perdoarás!
* * *
A mão que, em
afagando a tua, crava nela espinhos e urze que carrega, está ferida ou se
ferirá simultaneamente. Não lhe retribuas a atitude, usando estiletes de violência
para não aprofundares as lacerações.
O regato
singelo, que tem o curso Impedido por calhaus e os não pode afastar,
contornaos ou pára, a fim de ultrapassálos e seguir adiante.
A natureza
violentada pela tormenta responde ao ultraje reverdescendo tudo e logo
multiplicando flores e grãos.
E o pântano
infeliz, na sua desolação, quando se adorna de luar, parece receber o perdão da
paisagem e a benéfica esperança da oportunidade de ser drenado brevemente,
transformandose em jardim.
Que é o
“Consolador”, que hoje nos conforta e esclarece, conduzindo uma plêiade de
Embaixadores dos Céus para a Terra, em missão de misericórdia e amor, senão o
perdão de Deus aos nossos erros, por intercessão de Jesus? Perdoa, sim, e intercede
ao Senhor por aquele que te ofende, olvidando todo o mal que ele supõe terte
feito ou que supões que ele te fez, e, se o conseguires, amao, assim
mesmo como ele é.
Livro: Florações
Esvangélicas.
Joanna de Angelis / Divaldo Franco.
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