“Porventura sou
eu, Senhor?” Jesus / Mateus, 26:22.
Diante da
palavra do Mestre, reportando-se ao espírito de leviandade e defecção que o cercava,
os discípulos perguntaram afoitos :
– “Porventura
sou eu, Senhor?”
E quase todos
nós, analisando o gesto de Judas, incriminamo-la em pensamento.
Por que teria
tido a coragem de vender o Divino Amigo por trinta moedas?
Entretanto,
bastará um exame mais profundo em nós mesmos, a fim de que vejamos nossa
própria negação à frente do Cristo.
Judas teria
cedido à paixão política dominante, enganado pelas insinuações de grupos famintos
de libertação do jugo romano... Teria imaginado que Jesus, no Sinédrio,
avocaria a posição de emancipador da sua terra e da sua gente, exibindo
incontestável triunfo humano...
E, apenas depois
da desilusão dolorosa e terrível, teria assimilado toda a verdade!...
Mas nós?
Em quantas
existências e situações tê-lo-emos vendido no altar do próprio coração, ao preço mesquinho de nosso desvairamento
individual?
Nos prélios da
vaidade e do orgulho...
Nas exigências
do prazer egoísta...
Na tirania da
opinião...
Na crueldade
confessa...
Na caça da
fortuna material...
Na rebeldia
destruidora...
No olvido de
nossos deveres...
No aviltamento de
nosso próprio trabalho...
Na edificação
íntima do Reino de Deus, meditemos nossos erros conscientes ou não, definindo
nossas responsabilidades e débitos para com a vida, para com a Natureza e para
com os semelhantes e, em todos os assuntos que se refiram à deserção perante o Cristo,
teremos bastante força para desculpar as faltas do próximo, perguntando, com sinceridade,
no âmago do coração:
– “Porventura
existirá alguém mais ingrato para contigo do que eu, Senhor?”
Livro: Palavras
de Vida Eterna.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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