quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Cristo Redivivo – Martins Peralva.

Estamos ante o capítulo «Anotações em serviço» —. penúltimo de «Nos Domínios da Mediunidade» e, também, penúltimo deste livro.
Nele encontramos valiosos e edificantes apontamentos, todos eles indispensáveis ao estudo da mediunidade, tarefa a que nos propusemos impulsionados pelo desejo de colocar a nossa insignificante pedrinha na construção do templo que o Espiritismo Cristão está erguendo, pouco a pouco, na consciência de cada um de nós.
O capítulo em estudo se desenvolve em forma de brilhante e substancioso diálogo, de que participam o Assistente Áulus e o querido André Luiz.
Da análise desse magnífico diálogo, tão rico de lições atinentes à mediunidade, conclui-se que, em tese, os serviços mediúnicos obedecem a quatro principais motivações, assim especificadas:
a) — Socorro aos sofredores e ignorantes, encarnados e desencarnados;
b) — Atividade limitada aos templos de iniciação, a distância dos necessitados de todos os matizes;
c) — Investigações científicas;
d) — Exploração dos Espíritos.
São esses, de modo geral, os aspectos fundamentais que assinalam, a nosso ver, o exercício da mediunidade.
Analisemos os diversos grupos, por ordem alfabética, para melhor facilidade do estudo, a fim de verificarmos qual deles apresenta real interesse para os obreiros do Espiritismo Cristão.
Verifiquemos qual o tipo de serviço que nos ajudará a identificarmo-nos com os ideais de fraternidade do Evangelho.
No item «a» encontramos devotados seareiros consagrados ao serviço de cura e de esclarecimento, a encarnados e desencarnados, repetindo o que fêz o Mestre e Senhor Jesus durante o seu divino ministério na Terra.
Jesus, indiscutivelmente, viveu sempre entre os enfermos e ignorantes.
Os seus companheiros do colégio apostólico foram, em sua grande maioria, homens rústicos, humildes, simples.
A maioria era constituída de pescadores.
A sua obra de redenção efetivou-se, justamente, no meio de cegos e paralíticos, leprosos e estropiados, prostitutas e publicanos.
Foi esse o seu mundo.
Tais almas, desalentadas e sofredoras, formavam o seu imenso auditório — auditório de aflitos e sobrecarregados.
O cenário era também variado: as margens poéticas do Tiberíades, os montes e vales ou as pequenas aldeias.
Como MÉDIUM DE DEUS, a sua faculdade esteve a serviço do Pai, curando e ensinando.
O trabalho de Jesus realizou-se, portanto, com todas as características observadas no item «a» do nosso gráfico.
Vejamos o item «b», no qual o intercâmbio espiritual se verifica a portas fechadas, no cume dos montes, a distância dos necessitados, ou seja, nos templos de iniciação, de que é o Oriente tão pródigo.
Sem dúvida belos fenômenos ali se verificam; monges alados, materializações e desmaterializações e comunicados eruditos... tudo bem  longe dos enfermos e dos ignorantes...
Esse aspecto do mediunismo é bem o símbolo do comodismo e do orgulho rotulados ou fantasiados de cultura.
Perguntamos: Teria Jesus-Cristo permanecido em templos cujo acesso fosse vedado aos necessitados de todos os matizes?
A resposta encontra-se nos relatos de Mateus e Marcos, Lucas e João...
A resposta é a própria vida de Jesus.
Sobre o item «c», o do campo das investigações científicas, o comentário é do respeitável Áulus: «O laborioso esforço da Ciência é tão sagrado quanto o heroísmo da fé.
A inteligência, com a balança e a retorta, também vive para servir ao Senhor. Esmerilhando os fenômenos mediúnicos e catalogando-os, chegará ao registro das vibrações psíquicas, garantindo a dignidade da Religião na Era Nova.”
Diante da palavra autorizada do Assistente, exaltando o esforço da Ciência, nada temos a acrescentar.
Relativamente ao item «d», o do exercício mediúnico com objetivos inferiores, reportamo-nos ao capítulo próprio — «Mediunidade sem Jesus».
Expostos, em linhas gerais, os fins objetivados pela prática do mediunismo, dentro e fora do Espiritismo, ocorrem, naturalmente, várias indagações:
Qual o aspecto do mediunismo que deve ser adotado pelos trabalhadores do Espiritismo Cristão?
“a”, “b”, «c» ou “d”?
O socorro aos necessitados, do corpo e do espírito, como fêz Jesus?
O intercâmbio, egoístico, nos templos de iniciação? A atividade nos laboratórios, pesando e medindo Espíritos, a fim de comprovar-lhes a sobrevivência?
*
Se desejamos seja Jesus-Cristo o inspirador do nosso movimento, deve, evidentemente, o Espiritismo cultivar aquela mesma seara a que o Divino
Redentor, como MÉDIUM DE DEUS, consagrou toda a sua existência.
Se lhe chamamos Senhor e Mestre, Divino Amigo e Redentor da Humanidade, Sol de nossas vidas e Advogado de nossos destinos, por um dever de consciência devemos afeiçoar o nosso coração e conjugar o nosso esforço no devotamento à vinha que por Ele nos foi confiada.
Examinando o trabalho de Jesus, segundo as narrativas do Evangelho, onde o Filho de Maria aparece identificado com a alegria e a aflição, com a ignorância e o pecado, curando enfermos, distribuindo pão e peixe aos famintos e discursando construtivamente, no serviço de libertação das consciências, encontraremos no exemplo do Divino Mestre a resposta às nossas mais profundas indagações.
E se procurarmos, na medida de nossas forças, realizar o programa de fraternidade do Evangelho, estaremos, sem dúvida, colaborando para a restauração da Boa Nova primitiva e entronizando, no altar do nosso coração, a luminosa figura do Cristo Redivivo...
Livro: Estudando a Mediunidade.
Martins Peralva.

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