Estamos ante o
capítulo «Anotações em serviço» —. penúltimo de «Nos Domínios da Mediunidade»
e, também, penúltimo deste livro.
Nele encontramos
valiosos e edificantes apontamentos, todos eles indispensáveis ao estudo da
mediunidade, tarefa a que nos propusemos impulsionados pelo desejo de colocar a
nossa insignificante pedrinha na construção do templo que o Espiritismo Cristão
está erguendo, pouco a pouco, na consciência de cada um de nós.
O capítulo em
estudo se desenvolve em forma de brilhante e substancioso diálogo, de que
participam o Assistente Áulus e o querido André Luiz.
Da análise desse
magnífico diálogo, tão rico de lições atinentes à mediunidade, conclui-se que,
em tese, os serviços mediúnicos obedecem a quatro principais motivações, assim
especificadas:
a) — Socorro aos
sofredores e ignorantes, encarnados e desencarnados;
b) — Atividade
limitada aos templos de iniciação, a distância dos necessitados de todos os
matizes;
c) —
Investigações científicas;
d) — Exploração
dos Espíritos.
São esses, de
modo geral, os aspectos fundamentais que assinalam, a nosso ver, o exercício da
mediunidade.
Analisemos os
diversos grupos, por ordem alfabética, para melhor facilidade do estudo, a fim
de verificarmos qual deles apresenta real interesse para os obreiros do
Espiritismo Cristão.
Verifiquemos
qual o tipo de serviço que nos ajudará a identificarmo-nos com os ideais de
fraternidade do Evangelho.
No item «a»
encontramos devotados seareiros consagrados ao serviço de cura e de
esclarecimento, a encarnados e desencarnados, repetindo o que fêz o Mestre e
Senhor Jesus durante o seu divino ministério na Terra.
Jesus,
indiscutivelmente, viveu sempre entre os enfermos e ignorantes.
Os seus
companheiros do colégio apostólico foram, em sua grande maioria, homens
rústicos, humildes, simples.
A maioria era
constituída de pescadores.
A sua obra de
redenção efetivou-se, justamente, no meio de cegos e paralíticos, leprosos e
estropiados, prostitutas e publicanos.
Foi esse o seu
mundo.
Tais almas,
desalentadas e sofredoras, formavam o seu imenso auditório — auditório de
aflitos e sobrecarregados.
O cenário era
também variado: as margens poéticas do Tiberíades, os montes e vales ou as
pequenas aldeias.
Como MÉDIUM DE
DEUS, a sua faculdade esteve a serviço do Pai, curando e ensinando.
O trabalho de
Jesus realizou-se, portanto, com todas as características observadas no item
«a» do nosso gráfico.
Vejamos o item
«b», no qual o intercâmbio espiritual se verifica a portas fechadas, no cume
dos montes, a distância dos necessitados, ou seja, nos templos de iniciação, de
que é o Oriente tão pródigo.
Sem dúvida belos
fenômenos ali se verificam; monges alados, materializações e desmaterializações
e comunicados eruditos... tudo bem longe
dos enfermos e dos ignorantes...
Esse aspecto do
mediunismo é bem o símbolo do comodismo e do orgulho rotulados ou fantasiados
de cultura.
Perguntamos:
Teria Jesus-Cristo permanecido em templos cujo acesso fosse vedado aos
necessitados de todos os matizes?
A resposta
encontra-se nos relatos de Mateus e Marcos, Lucas e João...
A resposta é a
própria vida de Jesus.
Sobre o item
«c», o do campo das investigações científicas, o comentário é do respeitável
Áulus: «O laborioso esforço da Ciência é tão sagrado quanto o heroísmo da fé.
A inteligência,
com a balança e a retorta, também vive para servir ao Senhor. Esmerilhando os
fenômenos mediúnicos e catalogando-os, chegará ao registro das vibrações
psíquicas, garantindo a dignidade da Religião na Era Nova.”
Diante da
palavra autorizada do Assistente, exaltando o esforço da Ciência, nada temos a
acrescentar.
Relativamente ao
item «d», o do exercício mediúnico com objetivos inferiores, reportamo-nos ao
capítulo próprio — «Mediunidade sem Jesus».
Expostos, em
linhas gerais, os fins objetivados pela prática do mediunismo, dentro e fora do
Espiritismo, ocorrem, naturalmente, várias indagações:
Qual o aspecto
do mediunismo que deve ser adotado pelos trabalhadores do Espiritismo Cristão?
“a”, “b”, «c» ou
“d”?
O socorro aos
necessitados, do corpo e do espírito, como fêz Jesus?
O intercâmbio,
egoístico, nos templos de iniciação? A atividade nos laboratórios, pesando e
medindo Espíritos, a fim de comprovar-lhes a sobrevivência?
*
Se desejamos
seja Jesus-Cristo o inspirador do nosso movimento, deve, evidentemente, o
Espiritismo cultivar aquela mesma seara a que o Divino
Redentor, como
MÉDIUM DE DEUS, consagrou toda a sua existência.
Se lhe chamamos
Senhor e Mestre, Divino Amigo e Redentor da Humanidade, Sol de nossas vidas e
Advogado de nossos destinos, por um dever de consciência devemos afeiçoar o
nosso coração e conjugar o nosso esforço no devotamento à vinha que por Ele nos
foi confiada.
Examinando o
trabalho de Jesus, segundo as narrativas do Evangelho, onde o Filho de Maria
aparece identificado com a alegria e a aflição, com a ignorância e o pecado,
curando enfermos, distribuindo pão e peixe aos famintos e discursando
construtivamente, no serviço de libertação das consciências, encontraremos no
exemplo do Divino Mestre a resposta às nossas mais profundas indagações.
E se
procurarmos, na medida de nossas forças, realizar o programa de fraternidade do
Evangelho, estaremos, sem dúvida, colaborando para a restauração da Boa Nova
primitiva e entronizando, no altar do nosso coração, a luminosa figura do
Cristo Redivivo...
Livro: Estudando
a Mediunidade.
Martins Peralva.
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