sábado, 15 de fevereiro de 2014

AMIZADE COLETIVA - Miramez

A amizade coletiva é de amplitude infinita, e disso depende a alma em crescimento na vida. Compreender o valor dos outros e o intercâmbio entre as criaturas é despertar o amor permanente no coração. A coletividade é uma família maior, e para que essa comunidade seja feliz, necessário se faz que reine paz em todos os corações.
A sociologia moderna induz o homem ao preparo em todos os níveis do entendimento. Que a oportunidade de aprender se estenda aos companheiros do campo, das favelas, às domésticas e aos menos favorecidos pela sorte, consoante a velha máxima bíblica: "Ganhareis o pão com o suor do vosso rosto", ou ainda, segundo um provérbio que diz: "A verdadeira caridade consiste não em dar peixe ao homem, mas em ensiná-lo a pescar".
Esse trabalho sociológico dos tempos atuais prepara as almas para a amizade coletiva. É o socialismo cristão na mais pura cordialidade, que deseja repartir o que existe de bom entre todos os que trabalham. Caso a humanidade consiga realizar esse programa, haverá um fenômeno transcendental que fará o povo moderno reviver o cristianismo primitivo. Nesse instante, o Mestre, com os braços abertos sobre a Terra, dirá: "Eu voltei. A paz seja convosco".
Esforçar-se para viver bem com os semelhantes é introjetar paz no coração; é criar tranquilidade na consciência; é esquecer a discórdia e capacitar os instintos a se tornarem virtudes. A caridade ensinada por Cristo e difundida largamente pelos espíritos, como a âncora de salvação em todos os mundos é uma amizade maior, e o cristão deve senti-la, mesmo que os beneficiados não retribuam esse afeto.
O Evangelho ainda não realizou, por completo, seu programa de amor. Ele está sendo estendido, como mensagem divina, aos quatro cantos do mundo. Ainda constitui matéria filosófica, e reina, por enquanto, na teoria, como semente deitada ao solo, em repouso, esperando que o tempo a fecunde e a faça crescer. Talvez, no fim do terceiro milênio ou início do quarto, floresça a doutrina do Cristo, na mais pura vivência. Eis que os Céus se confundirão com a Terra.
Ser-nos-á de grande proficuidade agricultar as nobres emoções, no terreno do coração, para que, amanhã, possamos sentir emoções maiores, pela multiplicidade da Lei. E esse trabalho somente se realiza aos fazermos amigos, ao granjearmos companheiros para o rebanho, do qual o Senhor Jesus é o pastor. A amizade com o Divino Amigo é transmutada em alicerce irremovível da alegria e da esperança. O verdadeiro amor começa em simples traços de cordialidade, multiplica-se, e torna-se a virtude maior, por excelência. Se vós quiserdes atingir a coletividade com bons atos e sentimentos, não queirais abarcar, de uma só vez, todos os homens. Começai pela auto-disciplina, ampliai essa disposição na vossa casa, estendei esse esforço no trabalho, e avançai, com o tempo, ante a sociedade.
A afeição mútua, os primeiros sintomas de afeto para com o povo e o entendimento coletivo são os princípios do amor a expandir-se em todos os rumos, somos nós em Deus e Deus em nós; nós no próximo e o próximo em nós. A amizade coletiva nos torna mais afáveis, pois ficamos ricos do dom grandioso de sermos úteis, de compreendermos os semelhantes e de fazer com que eles sejam admirados e amados.
Devemos tudo isso ao incomparável Mestre da Galiléia, que aportou à Terra, sem exigências; que amou os homens, sem recompensa; que doou tudo de bom à humanidade, sem esperar oferta. O único objetivo, plasmado em Seu coração, era o de que a massa humana amasse a Deus sobre todas as coisas e ao próximo, como a si mesmo.
  Livro: Horizontes da Mente.
  Miramez / João Nunes Maia.

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