A amizade
coletiva é de amplitude infinita, e disso depende a alma em crescimento na
vida. Compreender o valor dos outros e o intercâmbio entre as criaturas é
despertar o amor permanente no coração. A coletividade é uma família maior, e
para que essa comunidade seja feliz, necessário se faz que reine paz em todos
os corações.
A sociologia
moderna induz o homem ao preparo em todos os níveis do entendimento. Que a
oportunidade de aprender se estenda aos companheiros do campo, das favelas, às
domésticas e aos menos favorecidos pela sorte, consoante a velha máxima
bíblica: "Ganhareis o pão com o suor do vosso rosto", ou ainda, segundo
um provérbio que diz: "A verdadeira caridade consiste não em dar peixe ao
homem, mas em ensiná-lo a pescar".
Esse trabalho
sociológico dos tempos atuais prepara as almas para a amizade coletiva. É o
socialismo cristão na mais pura cordialidade, que deseja repartir o que existe
de bom entre todos os que trabalham. Caso a humanidade consiga realizar esse
programa, haverá um fenômeno transcendental que fará o povo moderno reviver o
cristianismo primitivo. Nesse instante, o Mestre, com os braços abertos sobre a
Terra, dirá: "Eu voltei. A paz seja convosco".
Esforçar-se para
viver bem com os semelhantes é introjetar paz no coração; é criar tranquilidade
na consciência; é esquecer a discórdia e capacitar os instintos a se tornarem
virtudes. A caridade ensinada por Cristo e difundida largamente pelos espíritos,
como a âncora de salvação em todos os mundos é uma amizade maior, e o cristão
deve senti-la, mesmo que os beneficiados não retribuam esse afeto.
O Evangelho
ainda não realizou, por completo, seu programa de amor. Ele está sendo
estendido, como mensagem divina, aos quatro cantos do mundo. Ainda constitui
matéria filosófica, e reina, por enquanto, na teoria, como semente deitada ao
solo, em repouso, esperando que o tempo a fecunde e a faça crescer. Talvez, no
fim do terceiro milênio ou início do quarto, floresça a doutrina do Cristo, na
mais pura vivência. Eis que os Céus se confundirão com a Terra.
Ser-nos-á de
grande proficuidade agricultar as nobres emoções, no terreno do coração, para
que, amanhã, possamos sentir emoções maiores, pela multiplicidade da Lei. E
esse trabalho somente se realiza aos fazermos amigos, ao granjearmos
companheiros para o rebanho, do qual o Senhor Jesus é o pastor. A amizade com o
Divino Amigo é transmutada em alicerce irremovível da alegria e da esperança. O
verdadeiro amor começa em simples traços de cordialidade, multiplica-se, e torna-se
a virtude maior, por excelência. Se vós quiserdes atingir a coletividade com
bons atos e sentimentos, não queirais abarcar, de uma só vez, todos os homens. Começai
pela auto-disciplina, ampliai essa disposição na vossa casa, estendei esse
esforço no trabalho, e avançai, com o tempo, ante a sociedade.
A afeição mútua,
os primeiros sintomas de afeto para com o povo e o entendimento coletivo são os
princípios do amor a expandir-se em todos os rumos, somos nós em Deus e Deus em
nós; nós no próximo e o próximo em nós. A amizade coletiva nos torna mais
afáveis, pois ficamos ricos do dom grandioso de sermos úteis, de compreendermos
os semelhantes e de fazer com que eles sejam admirados e amados.
Devemos tudo
isso ao incomparável Mestre da Galiléia, que aportou à Terra, sem exigências;
que amou os homens, sem recompensa; que doou tudo de bom à humanidade, sem
esperar oferta. O único objetivo, plasmado em Seu coração, era o de que a massa
humana amasse a Deus sobre todas as coisas e ao próximo, como a si mesmo.
Livro: Horizontes da Mente.
Miramez / João
Nunes Maia.
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