sábado, 1 de fevereiro de 2014

PAIXÃO DESENFREADA - Miramez

A paixão desenfreada anula os bons princípios que, porventura, queiram desabrochar no coração e entrava os voos da inteligência. Somente as bênçãos da verdade, agrupadas na disposição de acertar, poderão remover os entulhos provocados pela ignorância. Cada alma tem sua atmosfera particular e representativa daquilo que verdadeiramente é. As luzes que se apresentam aos olhos do vidente, como fruto de irradiações espirituais e biológicas, fazem medir o clima interior de cada ser.
A paixão decadente turva a mente em uma nuvem mais ou menos escura, com estrias de vermelho fogo ou escarlate sujo, variando, de acordo com o grau dos sentimentos que imprimimos a esse estado de alma, como variáveis são as cores da natureza. As nossas criações mentais são acompanhadas de musicalidade e de cheiro, que o sensitivo percebe, deduzindo, assim, a posição que ocupamos na escala da vida. Na paixão desenfreada, nosso assunto desta página, faz-se ouvir uma música acelerada, de arrancos estouvados, como um ser ansioso para atingir algo de impossível, estridente, e sem determinado ritmo. Ela parece caminhar como quem está fraco, reunindo energias, em grande batalha. E o cheiro é de um queimado sufocante, como se fosse um iodo que se exala, variando para um aroma de chamusco de carro de boi queimado pêlos atritos e deslizes do eixo.
Não é muito fácil descrever os aromas e sons que nos circundam. Mas, pelo que tentamos, o leitor participa da verdade, pelo poder de raciocínio e das suas sensibilidades, mesmo inconscientes. As paixões são os detritos da alma, em perene êxtase nos instintos inferiores, em busca da realidade que está além das suas forças. No entanto, na época certa, haverá de surgir como sol do seu novo dia.
O sexo, notoriamente, é um instrumento de vida, e nele é depositada a bênção da continuidade da expansão humana. É o "crescei e multiplicai-vos" do Livro Sagrado. Todavia, seu abuso faz com que a visão espiritual se confunda com a realidade física, e o espírito tenda a esquecer as esperanças imortais da alma.
Começa o desinteresse pêlos serões evangélicos, querendo se iludir, conscientemente, com certos valores da carne, sem colocar limites nas sensações humanas passageiras, nem tampouco discipliná-las. Eis a maior luta do homem nesse estágio evolutivo: educar seus impulsos sexuais, porque ele é o mesmo amor em forma física, é atração irresistível de alma para alma e troca permanente de elementos magnéticos pêlos fios dos sentimentos. É o despertar do entusiasmo de viver.
O abuso do sexo é como o ser humano nas linhas da gulodice, enfraquece o organismo espiritual e psíquico, depaupera a sensibilidade e desajusta a mente na frequência de vida mais elevada. O bom senso, em todas as hostes dos prazeres, é o mais acertado caminho dos que já despertaram para a verdade.
A paixão desenfreada nos traz consequências desagradáveis para o futuro, comprometendo-nos em outras reencarnações. O Cristo Educador aparece nos nossos roteiros a nos oferecer meios compatíveis com a lei do amor, para que possamos nos libertar do rigor drástico da lei de causa e efeito. Aqueles que tiverem ouvidos para ouvir, ouçam: é chegada a hora de construirmos novo santuário no coração, onde o Cristo reina e Deus é a lei.
Aquele que quiser olhar para trás, não podemos impedir que se torne estátua de sal. No entanto, o de boa vontade, que aproveita sua visão para o alto e para a frente, terá toda a ajuda, desvencilhando-se da ignorância, atingindo a luz da verdade, que o libertará.
Livro: Horizontes da Mente.
Miramez / João Nunes Maia.

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