Certo rei, muito poderoso, sendo obrigado a se ausentar do
reino por muito tempo e desejando por a prova a capacidade do príncipe, seu
filho, tomou de grande fortuna e entregou-lhe dizendo:
-”Quero que empregue toda esta fortuna na construção de uma
casa, tão rica, luxuosa, confortável e bela quanto for possível!”
Aconteceu, porém, que o jovem, muito egoísta, arquitetou o
plano de enganar ao próprio pai de modo a gozar todos os prazeres imediatos da
vida e passou a comprar materiais inferiores. Onde lhe cabia empregar metais
raros, utilizava latão; nos lugares em que devia colocar mármore precioso,
punha madeira barata e nos setores de serviço em que a obra reclamava pedra
sólida, aplicava terra batida.
Com isso, obteve largas somas, que consumiu,
desordenadamente, em companhia de outros jovens tão desmiolados e
irresponsáveis como ele mesmo.
Quando o rei regressou, encontrou o príncipe abatido e
cansado a apresentar-lhe uma cabana tosca e esburacada, ao invés de uma casa
nobre. Surpreso e triste, porém sem perder a calma, o rei entregou a chave da
cabana e disse:
-”Meu filho, a casa que mandei edificar é para você mesmo...
não me parece a residência sonhada por seu pai, mas devo estar satisfeito com a
que você próprio escolheu...”
&&&
O Conto nos leva a fazer judiciosas apreciações quanto ao
cumprimento exato de nossos deveres. Comparemos o soberano a Deus, nosso Pai.
O Príncipe da historia poderia ter sido qualquer um de nós.
A fortuna, para construirmos a casa de moradia da nossa alma é a vida que Deus
nos empresta. Quase sempre, contudo, gastamos o tesouro da existência em
caprichosa ilusão, para acabarmos relegados por nossa própria culpa, aos
pardieiros apodrecidos do sofrimento.
Mas aqueles que se consagram à benção do dever, o mais
áspero que seja, adquirem a tranqüilidade e a alegria que o Supremo Senhor lhes
reserva, por executarem fiéis, a sua divina vontade, que planeja sempre o
melhor, a nosso favor.
ANTOLOGIA da CRIANÇA
Francisco C. Xavier
http://grupodejovensaprendizesdaluz.blogspot.com
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