sábado, 1 de dezembro de 2012

NATURALIDADE II - Hammed

Por que será que habitualmente analisamos a conduta ética dos homens só pelo aspecto teológico e descartamos a fundamentação científica apoiada na natureza?
Heráclito de Éfeso, um sábio filósofo grego, nos deixou uma máxima plena designificação: "Em rio não se pode entrar duas vezes no mesmo lugar". Assim considerando, diríamos que realmente não tocaremos duas vezes no mesmo rio não só por causa da dinâmica do curso das águas, mas também porque o veremos de forma diferente. Não somos hoje o que fomos ontem e nem seremos amanhã o que somos agora; transformamo-nos dinamicamente ao longo de etapas ou fases de aprimoramento espiritual.
A Natureza não faz nada em série. Toda pessoa possui uma tendência inata de ser ela mesma. O progresso da alma pode, em termos, ser comparado com o crescimento físico.
Quando observamos o corpo de uma criança, sabemos que tudo quanto ela precisa é do tempo certo para atingir seu completo desenvolvimento físico-emocional. Igualmente, quando encontramos outro ser humano numa fase qualquer de seu ciclo evolutivo, precisamos respeitar a sua naturalidade, uma vez que cada criatura está estagiando num determinado grau de aperfeiçoamento interior. Reportando-se à marcha do progresso, assim se manifestaram as Entidades Benevolentes: "O homem se desenvolve, ele mesmo, naturalmente. Mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma forma; é então que os mais avançados ajudam o progresso dos outros, pelo contato social." (Questão 779 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec).
Confundimos constantemente dois conceitos fundamentais da biologia - o natural e o normal. A definição de não natural, de natural, de normal, de anormal, de paranormal sofre significativas alterações através do tempo em cada povo ou nação. Se tomarmos por normal o indivíduo que esteja completamente isento de traumas, desajustamento emocional ou dificuldades íntimas, certamente não encontraremos criaturas normais.
Na verdade, o "normal" não existe, e quanto antes percebermos isso mais desfrutaremos e participaremos do mundo da naturalidade. Aliás, é importante lembrarmos que a mentalidade humana, ao longo do tempo, utiliza sua capacidade de reflexão: reestuda condutas, reelabora valores e altera conceitos, antes tidos como absolutos, para relativos. Lembremo-nos do que os Semeadores da Boa Nova responderam a Kardec: "O homem se desenvolve, ele mesmo, naturalmente'. Não é necessário forçar a capacidade evolutiva do ser humano.
Durante séculos, o homem despende um imenso esforço na busca de alguma solução definitiva para entender a diferença comportamental das criaturas humanas, seja numa cadeia de cromossomos, numa pesquisa psicológica, numa análise de hipotálamo, seja num versículo da Bíblia.
Por que será que habitualmente analisamos a conduta ética dos homens só pelo aspecto teológico e descartamos a fundamentação científica apoiada na Natureza?
Nota-se que quase sempre os argumentos teológicos se tornam difíceis à compreensão quando nos colocamos em países ou continentes cujos habitantes têm culturas e tradições diferentes das nossas e seguem outros sistemas filosóficos e religiosos.
Se examinássemos as populações do planeta com uma visão empática através dos princípios da Natureza - vê-las do ponto de vista delas mesmas -, com certeza entenderíamos melhor a diversidade das tendências, dos costumes sociais, dos atos e atitudes humanas. Não só nas religiões, mas igualmente na Natureza - a criação divina em ação -, deveríamos procurar as respostas para entender a desigualdade comportamental dos indivíduos.
Toda "noção de mundo" é provisória. Quando congelamos a concepção de algo ou de alguém, distorcemos a realidade. Nada é estático. A evolução é dinâmica.
O mundo atual busca uniformizar as pessoas sem perceber que a própria Natureza é contra a padronização, pois ela mesma procura preservar a harmonia da criação, mantendo as diversidades entre os seres vivos.
Somos também Natureza; todos temos características particulares. Embora existam em nós inúmeras habilidades comuns, a peculiaridade é um selo divino impresso na alma imortal. Querer ser igual a todos é uma forma muito estranha e contraditória de viver. Não podemos traduzir o interno pelo que vemos no externo.
Trazemos na intimidade uma singularidade só nossa. Todos somos diferentes, e o sucesso de uma vida plena é nos expressarmos diante do mundo usando nossa originalidade.
A Inteligência Cósmica nos dotou, desde a criação, de dons e talentos necessários para darmos ao Universo a nossa cota de participação.
A maior tarefa que nos cabe na Terra é aceitarmos naturalmente a atual condição evolutiva e nos realizarmos manifestando a nossa verdadeira individualidade de filhos de Deus em processo de crescimento, designados a cumprir os planos divinos que Ele arquitetou para cada um de nós.

        Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Questão 779 - O homem possui em si a força de progredir ou o progresso não é senão o produto de um ensinamento?
Resposta: O homem se desenvolve, ele mesmo, naturalmente. Mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma forma; é então que os mais avançados ajudam o progresso dos outros, pelo contato social.

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