Por que será que
habitualmente analisamos a conduta ética dos homens só pelo aspecto teológico e
descartamos a fundamentação científica apoiada na natureza?
Heráclito de
Éfeso, um sábio filósofo grego, nos deixou uma máxima plena designificação:
"Em rio não se pode entrar duas vezes no mesmo lugar". Assim considerando,
diríamos que realmente não tocaremos duas vezes no mesmo rio não só por causa
da dinâmica do curso das águas, mas também porque o veremos de forma diferente.
Não somos hoje o que fomos ontem e nem seremos amanhã o que somos agora;
transformamo-nos dinamicamente ao longo de etapas ou fases de aprimoramento
espiritual.
A Natureza não
faz nada em série. Toda pessoa possui uma tendência inata de ser ela mesma. O
progresso da alma pode, em termos, ser comparado com o crescimento físico.
Quando observamos
o corpo de uma criança, sabemos que tudo quanto ela precisa é do tempo certo
para atingir seu completo desenvolvimento físico-emocional. Igualmente, quando
encontramos outro ser humano numa fase qualquer de seu ciclo evolutivo,
precisamos respeitar a sua naturalidade, uma vez que cada criatura está estagiando
num determinado grau de aperfeiçoamento interior. Reportando-se à marcha do
progresso, assim se manifestaram as Entidades Benevolentes: "O homem se desenvolve,
ele mesmo, naturalmente. Mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma forma;
é então que os mais avançados ajudam o progresso dos outros, pelo contato
social." (Questão 779 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec).
Confundimos
constantemente dois conceitos fundamentais da biologia - o natural e o normal.
A definição de não natural, de natural, de normal, de anormal, de paranormal sofre
significativas alterações através do tempo em cada povo ou nação. Se tomarmos por
normal o indivíduo que esteja completamente isento de traumas, desajustamento emocional
ou dificuldades íntimas, certamente não encontraremos criaturas normais.
Na verdade, o
"normal" não existe, e quanto antes percebermos isso mais desfrutaremos
e participaremos do mundo da naturalidade. Aliás, é importante lembrarmos que a
mentalidade humana, ao longo do tempo, utiliza sua capacidade de reflexão:
reestuda condutas, reelabora valores e altera conceitos, antes tidos como absolutos,
para relativos. Lembremo-nos do que os Semeadores da Boa Nova responderam a
Kardec: "O homem se desenvolve, ele mesmo, naturalmente'. Não é necessário
forçar a capacidade evolutiva do ser humano.
Durante séculos,
o homem despende um imenso esforço na busca de alguma solução definitiva para
entender a diferença comportamental das criaturas humanas, seja numa cadeia de
cromossomos, numa pesquisa psicológica, numa análise de hipotálamo, seja num
versículo da Bíblia.
Por que será que
habitualmente analisamos a conduta ética dos homens só pelo aspecto teológico e
descartamos a fundamentação científica apoiada na Natureza?
Nota-se que
quase sempre os argumentos teológicos se tornam difíceis à compreensão quando
nos colocamos em países ou continentes cujos habitantes têm culturas e tradições
diferentes das nossas e seguem outros sistemas filosóficos e religiosos.
Se examinássemos
as populações do planeta com uma visão empática através dos princípios da
Natureza - vê-las do ponto de vista delas mesmas -, com certeza entenderíamos
melhor a diversidade das tendências, dos costumes sociais, dos atos e atitudes
humanas. Não só nas religiões, mas igualmente na Natureza - a criação divina em
ação -, deveríamos procurar as respostas para entender a desigualdade comportamental
dos indivíduos.
Toda "noção
de mundo" é provisória. Quando congelamos a concepção de algo ou de alguém,
distorcemos a realidade. Nada é estático. A evolução é dinâmica.
O mundo atual
busca uniformizar as pessoas sem perceber que a própria Natureza é contra a
padronização, pois ela mesma procura preservar a harmonia da criação, mantendo
as diversidades entre os seres vivos.
Somos também
Natureza; todos temos características particulares. Embora existam em nós
inúmeras habilidades comuns, a peculiaridade é um selo divino impresso na alma imortal.
Querer ser igual a todos é uma forma muito estranha e contraditória de viver. Não
podemos traduzir o interno pelo que vemos no externo.
Trazemos na intimidade
uma singularidade só nossa. Todos somos diferentes, e o sucesso de uma vida
plena é nos expressarmos diante do mundo usando nossa originalidade.
A Inteligência
Cósmica nos dotou, desde a criação, de dons e talentos necessários para darmos
ao Universo a nossa cota de participação.
A maior tarefa
que nos cabe na Terra é aceitarmos naturalmente a atual condição evolutiva e
nos realizarmos manifestando a nossa verdadeira individualidade de filhos de
Deus em processo de crescimento, designados a cumprir os planos divinos que Ele
arquitetou para cada um de nós.
Estudando
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Questão 779 - O homem
possui em si a força de progredir ou o progresso não é senão o produto de um ensinamento?
Resposta: O
homem se desenvolve, ele mesmo, naturalmente. Mas nem todos progridem ao mesmo
tempo e da mesma forma; é então que os mais avançados ajudam o progresso dos
outros, pelo contato social.
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