“A transmissão
do pensamento ocorre também por intermédio do Espírito do Médium, ou melhor, de
sua alma, uma vez que designam sob esse nome o Espírito encarnado. O Espírito
estranho, neste caso, não atua sobre a mão para fazê-lo escrever; neste caso,
não a toma, não a guia, ele age sobre a alma, com a qual se identifica.” (
Livro dos Médiuns – Allan Kardec, 2ª parte – cap. XV, item 180).
A proposta de
Sócrates-“Conhece-te a ti mesmo”-pode ser comparada simbologicamente com a
“pedra filosofal”1 , que ilumina e transforma nosso mundo íntimo para que
tomemos consciência de nossos sentimentos e emoções no exato momento em que
eles ocorrem.
Na França do
século XVII, afirma Blaise Pascal: “À medida que temos mais luz, mais grandeza
e baixeza descobrimos no homem”.
O
autoconhecimento proporciona ao individuo uma consciência auto-reflexiva. A mente consegue supervisionar as reações,
identificando e nomeando as emoções despertadas.
Á primeira
vista, pode parecer que nossas sensações não requeiram esclarecimento, por nos
parecerem demasiadamente claras e evidentes; porém, se fizermos uma reflexão
mais acurada, percebemos o quanto fomos indiferentes ao que realmente sentimos
diante do fato ocorrido.
A
autoconsciência é a capacidade de registrar tudo o que está sendo vivenciado.
Ao discernirmos a emoção manifestada, damos o primeiro passo para o
autocontrole emocional e, em virtude disso, quando entrarmos num estado
negativo, não ficaremos nele demoradamente, remoendo-o, mas sairemos dessa
situação de modo mais rápido. Em síntese, a compreensão nos ajuda a administrar
nossas emoções.
Existe uma
enorme distância entre “estar consciente” das sensações e “querer afastá-las”.
Por exemplo: ao dizermos “não devo sentir isso”, estamos evitando nosso
“sentir”. Quando, de forma sincera, nos perguntamos: “o que realmente estou
sentindo?”, ai, sim, iniciaremos o processo da autoconsciência – a compreensão
de nossas sensações intimas.
“Estar ciente”
de nosso estado de espírito não é possuir uma atenção julgadora e punitiva de
nossos estados mais profundos, querendo nos livrar deles ou tentando mudá-los
de modo impulsivo, mas fazer uma boa observação equânime dos sentimentos
desordenados ou agitados.
No melhor de si,
o entendimento dos sentidos nos leva a um maior grau de liberdade ou de livre
escolha; em suma, uma opção de agir baseada em nossos sentimentos e emoções,
conforme nos convier.
À medida que um
individuo não admite ou não reconhece o que ocorre em seu campo sensório, ele
se torna um “mau intérprete” de si mesmo e, como consequência, não consegue
traduzir com clareza o que sentem as inteligências (encarnadas ou não) que com
ele convivem.
Como “a
transmissão do pensamento ocorre também por intermédio do Espírito do médium,
ou melhor, de sua alma (...)”, se a recepção das ondas mentais foi inadequada,
a mensagem pode perder sua autenticidade.
Se ele não
registra a totalidade de sua vida emocional, isto é, não “incorpora” a si
mesmo, como irá reproduzir um outro pensamento ou ideia sem prejudicar a pureza
das impressões transmitidas? No entanto, se for autoconscientizado, estará em
sintonia com o campo magnético à sua volta, por que compreendeu que essa área
energética exercerá influencia sobre ele próprio e produzirá um fluxo que
facilitará suas comunicações interpessoais e, igualmente, aquelas com as
dimensões invisíveis da Vida.
Nossos
sentimentos e emoções sempre estão nos dizendo sobre nossas necessidades e
relações (físicas ou transcendentais) com os outros. Sensações devem ser
incorporadas ou integradas; aceitá-las não quer dizer que devamos agir e acordo
com elas, mas, simplesmente, que nós as, percebemos como realmente são. As três
etapas: conscientização, aceitação e reflexão fazem parte de um processo que
proporciona saúde mental e/ou espiritual.
As criaturas
denominadas ecos do mundo são aquelas que estão na Terra à mercê de tudo o que
as rodeia. Estão envolvidas inconscientemente, por coisas, pessoas, situações e
fatos, como folhas perdidas ao vento na imensidão de uma planície. Elas
desconhecem as raízes de suas reações emocionais e ignoram as energias que
chegam em seu campo sensório.
O ser
autoconsciente não é apenas aquele que é suscetível às sensações agradáveis e
refrescantes, ou aquelas que o envolvem numa atmosfera de calor e mal-estar
quando alguém dele se aproxima. Tampouco é aquele que registra os efeitos de
energia na pele, ou seja, os toques de sua “aura” com outras “auras”. Arrepios
são subprodutos de uma força energética que atinge os plexos nervosos,
provocando uma irradiação pela superfície cutânea.
Para adquirirmos
uma autoconsciência plenificadora, é preciso, acima de tudo, aprendermos a
interagir em todo o nosso campo sensorial, percebendo o que as emoções querem
nos dizer ou mostrar.
A mente e a alma
estão interligadas. A expressividade de uma pessoa é determinada pelo seu nível
energético, ou melhor, pela quantidade de energia que ela possui e pelo seu
grau de entendimento em relação a essas mesmas energias.
Os indivíduos
que não falam e não se conduzem de acordo com suas próprias sensações
energéticas quase sempre são inexpressivos. Não são “espirituosos”; em outras
palavras, não se utilizam de seu espírito para agir. São considerados reflexos
do mundo ou vozes ao léu. Cada um de nós deve assumir o comando da própria casa
mental.
Nesse caso o
envolvimento fluídico assume vários aspectos. A pessoa se torna “médium” do que
os outros querem que ela diga e faça. Ela diz: “não sei o que se passa comigo;
tenho mudanças radicais e instáveis de comportamento, quase não me reconheço”.
Na verdade, não
é ela quem está vivendo, e sim quem vive e move seus sentimentos e reações – os
inúmeros eus que a dirigem e influenciam espiritualmente.
Nem sempre a
criatura é convertida em objeto pelos outros; freqüentemente, ela mesma se faz
objeto de uso da esfera invisível.
Se nós não conhecermos o
elemento responsável pelos nossos conflitos, como podemos nos livrar deles?
É evidente que
quase sempre não reconhecemos a nós mesmos como os responsáveis pelas nossas
dificuldades, e tratamos sempre de pôr a culpa nos outros.
O conhecimento
do que somos é a nossa mais importante missão na Terra. O autoconhecimento nos
deixa mais sintonizados com os sinais sutis dos mundos interno e externo, além
de nos indicar os melhore caminhos para interagir harmonicamente com os outros,
sem nos deixar à mercê das influências deles.
Nota do autor
espiritual: “Pedra filosofal” - substancia lendária procurada insistentemente
pelos alquimistas medievais, porque se acreditava que ela possuía a capacidade
de transformar em ouro os mais vis dos metais.
Livro: A
Imensidão dos Sentidos.
Espírito:
Hammed.
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
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