O ser querido
desertou do lar, vencido pela fragilidade das fôrças ainda impregnadas de alta
dose de animalidade; todavia, acusa-te, fazendo-te responsável pela sua fuga.
Sê tolerante e conserva-te fraterno em relação ao evadido.
O antigo
dedicado de ontem não deseja mais a tua lealdade e sai, arremetendo diatribes
que te maceram. Sustenta a tolerância e mantém a fraternidade pensando nêle.
O beneficiário
da tua bondade, navegando em situação de bonança, esquece as tuas dádivas e
faz-se soberbo, malsinando o teu nome. Acautela-te na tolerância e reserva-lhe
a fraternidade.
As tuas
palavras de advertência, tocadas no mais nobre desejo de acertar, são agora
transformadas por antigos comparsas que se fizeram teus adversários, em açoites
que te alcançam. Continua tolerante e dissemina a fraternidade.
Os convidados
pela tua lição de sacrifício a participarem do banquete de luz e vida do
Evangelho, apontam-te mil débitos, e sofres. Porfia na tolerância e trabalha
pela fraternidade.
Divulgas o bem
por amor do bem, tentando viver o bem, mas, apesar disso, não faltam as
agressões ao bem que fazes e desafios por parte daqueles que supões beneficiar.
Confia na tolerância e aciona a fraternidade...
Tolerância e
fraternidade sempre.
Em tôda e
qualquer circunstância essas duas armas cristãs, da “não violência”, podem
operar milagres. Talvez aquêles a quem as ofertas, recusemnas momentaneamente,
todavia, ser-te-ão benéficas utilizá-las, já que elas restaurarão tua paz, se a
perdeste, ou manterão tua tranqüilidade, se a conservas.
* * *
“Bem-aventurado
aquele que sofre a tentação porque quando fôr provado receberá a coroa da vida
à qual o Senhor tem prometido aos que o amam” — conforme ensinou o apóstolo
Tiago, na sua Epístola universal, Capítulo um, versículo doze.
A tentação,
por isso mesmo, possui as suas raizes no cerne daquele que é tentado, e como é
natural, reponta freqüentemente, ensejando-lhe a nobre batalha da própria
redenção.
Viajores de
muitas experiências malogradas, somos a soma das nossas dívidas em operação de
resgate.
Cada ensejo
depurador é bênção impostergável. Ora, se alguém nos fere ou magoa, nos acusa
ou abandona, com fundamentos injustos, tentando nossa fraqueza ao revide ou à
deserção do combate, mantenhamos tolerância para com êle — o instrumento
inconsciente da Lei — e sejamos fraternos facultando-lhe retornar com a certeza
de se recebido pelo nosso coração.
A sombra é
geratriz de equívocos como o êrro é matriz de tormentos íntimos naquele que o
pratica. A punição mais severa, portanto, para o transviado é o despertar da
consciência, hoje ou amanhã.
Jesus
convocou-nos ao amor incondicional e ao perdão das ofensas, e Allan Kardec, o
discípulo fiel, na tríade que formulou, situou a Tolerância como uma das bases
da felicidade humana, sendo a fraternidade, dessa forma, o espelho onde se pode
refletir a alma do amor, em tôdas as circunstâncias e lugares.
Tolerância e
fraternidade, como roteiros para a harmonia que buscamos, são lições vivas de
entendimento humano, nos deveres que esposamos à luz do Cristianismo Redivivo.
*
“Pois o filho
do homem (de Deus) também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate de muitos”.
Jesus / Marcos:
capítulo 10º, versículo 45.
*
“O homem de
bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de
crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.” Evangelho Segundo o
Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 17º — Item 3, parágrafo 7.
Livro:
Florações Evangélicas - 50
Joanna de Angelis
/ Divaldo Franco.
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