0443/LE
Tratando dessa
faculdade extraordinária que é o êxtase, podemos dizer que nem tudo o que o extático
vê é real; no entanto, quase tudo se mostra dentro da realidade que ocupa a sua
mente, mais ou menos ligada à Terra. Entretanto, essas diferenças ou falhas se
assim podemos chamá-las, existem em todas as funções mediúnicas, de todos os
médiuns sem exceção. Todas as modalidades de paranormalidade sensorial
pertencem a uma escala de elevação, de pureza medianímica.
O único médium
sem mácula que pisou na Terra foi Nosso Senhor Jesus Cristo; todos os outros
pertencem à escala, onde podem existir falhas humanas, ou mesmo Espíritos que
ainda não dominam a verdade, no padrão que lhes é necessário. Todos estamos na
escola, procurando o aperfeiçoamento espiritual.
A filtragem
mediúnica pode também apresentar deficiências. Os médiuns precisam do amparo dos
leitores, na compreensão e em suas preces endereçadas a todos os sensitivos em
funções mediúnicas. Ocorre o mesmo com o médium psicógrafo: o medianeiro se
encontra em operação de despertar, tem suas provas e se esforça para melhorar.
É uma criatura igual às outras, com as mesmas necessidades.
O uso de
variados dons, principalmente para o médium psicógrafo, pode facilitar certas interferências,
de modo a misturar verdades que poderiam, se não fosse isso, sair dos seus canais
mediúnicos como as claridades do sol. Antes de criticar certas falhas
mediúnicas, devemos cooperar com os médiuns em função, para que a verdade possa
surgir com mais nitidez nos caminhos da Doutrina Espírita. Os médiuns e os
espíritas, em geral, precisam estudar, trabalhar e servir com grande empenho,
para que surja o amor nos seus caminhos, porque somente quem ama dentro do amor
universal é que compreende com mais propriedade a lição valiosa do Cristo de
Deus.
Em se falando do
extático, ele pode confundir as coisas que vê com as do mundo que habita, e com
as quais está envolvido. O condicionamento é uma verdade, que pode interferir
na filtragem que ele recebe do mundo espiritual. Somente um mundo de pureza
espiritual não tem ambiente para as dúvidas e as comunicações traduzem a
realidade.
Para ficar
envolvido pela verdade, é necessário que se procure a verdade, que ela
aparecerá.
Quando o aluno
está pronto, é da justiça que o mestre surja em sua intimidade a lhe dizer a verdade,
no sentido de libertá-lo das amarras da ignorância. Para se encontrar com a realidade,
é preciso perseverar nas linhas de Jesus. Se aparecerem os obstáculos, é sinal
de que se está caminhando certo.
Se a dor surgir
a nos visitar, entendamo-la como estímulo para prosseguir. Os infortúnios, já o
dissemos alhures, não erram o endereço do devedor. Pagando as dívidas,
ficaremos livres do credor.
É de noção comum
que devemos falar da realidade, dizer a verdade para os ouvidos alheios, mas,
quando alguém fala para os nossos ouvidos, vêm à tona os melindres. Eis aí a
marca da nossa inferioridade. Analisemos o que ouvimos, que encontraremos algo
educativo nos sons recolhidos pela audição. A natureza não perde tempo, e as
lições ministradas por ela são luzes que clareiam os nossos caminhos para a
eternidade. A vida para a frente e para o alto consiste em cair e levantar,
errar e acertar, e é nesta seqüência que os dons espirituais despertam em nossos
corações, de modo a mostrar ao mundo e à humanidade que encontramos o Cristo,
luz de Deus libertando-nos para sempre.
Estamos em busca
do real, mas, antes passamos pelas ilusões. Elas é que nos mostram a grandeza
da verdade. O homem de imaginação fértil pelo desenvolvimento intelectual é
mais fácil de ser enganado pela força da sua criação.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume IX
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
443. Pretendendo
que lhe é dado ver coisas que evidentemente são produto de uma imaginação que
as crenças e prejuízos terrestres impressionaram, não será justo concluir-se
que nem tudo o que o extático vê é real?
O que o extático
vê é real para ele. Mas, como seu Espírito se conserva sempre debaixo da
influência das idéias terrenas, pode acontecer que veja a seu modo, ou melhor,
que exprima o que vê numa linguagem moldada pelos preconceitos e idéias de que
se acha imbuído, ou, então, pelos vossos preconceitos e idéias, a fim de ser
mais compreendido. Neste sentido, principalmente, é que lhe sucede errar.
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