quarta-feira, 22 de outubro de 2014

RESPONSABILIDADE – Miramez.

0393/LE
O Espírito, ao reencarnar, esquece o passado por benção de Deus. Traria grande confusão para a alma a lembrança, quando na carne, das suas inúmeras existências de tempos idos. O Espírito esquece para que possa, na nova existência, criar condições de restabelecer suas forças espirituais. No entanto, a consciência profunda lhe vai avisando, por intuição, de tudo que passou nos variados caminhos percorridos. São recordações suaves, mas certas, no sentido de que a alma não perca o posicionamento de sua conduta. Isso acontece, mesmo a quem segue religiões que negam a reencarnação, pois a lei de Deus é universal.
Mesmo que se encontre negando a existência de Deus, Ele, o Magnânimo Senhor, não deixa de amparar Seu filho. Todos temos intuições acerca de todas as leis espirituais. O mundo consciente é pequeno demais para acumular tantas recordações do passado, mas esse se faz presente quando necessário. A vontade de Deus é sempre feita em toda a Sua casa.
As lembranças assomam a nossa mente constantemente, em variadas formas, dando-nos segurança do que passamos. Quantas vezes podemos observar irmãos que se dizem materialistas, estendidos em uma cama, sofrendo grandes provações pacientemente, sem blasfemar, sem reclamar, recebendo as lições da dor com proveito? Isso é prova da consciência, do que está registrado no passado. É a intuição dele escrevendo no seu livro interno as verdades espirituais. Muitos outros, mesmo no leito de dor, começam a reconhecer a continuação da vida e a existência de Deus.
A justiça não nos deixa de responder por aquilo que fizemos. Pela vida que se leva na Terra, tem-se uma vaga lembrança do que se foi no passado; pelos sentimentos do presente, advinha-se o que foi feito das oportunidades a si oferecidas. Nessas meditações, pode-se avaliar os reparos que devem se feitos no presente, os quais não devem retardar, por ser chamado da espiritualidade maior, pelos canais da consciência em Cristo. Esperar mais é permitir o atraso da felicidade em nossa vida.
Todos conhecem o bem e o mal. Antes mesmo de usar o primeiro corpo, na Terra ou em outros mundos, o Espírito é adestrado teoricamente em todas as leis para, depois, como encarnado, passar a viver; por tudo o que passamos, somos os responsáveis, e são processos de evolução o despertamento para a alma. Não há lições sem proveito.
Certamente que não haveria mérito algum se nos lembrássemos de todos os feitos do passado, de todas as causas que nos colocaram no estado em que nos encontramos atualmente, ou, então, se tivéssemos à nossa disposição um guia espiritual que nos dissesse:
“– Faça isso ou aquilo,” e nos impedisse de usar certa liberdade que temos. Os guias espirituais existem e influenciam na nossa vida mais do que pensamos, mas eles não tolhem a liberdade do aprendiz; cercam-no de todos os cuidados possíveis, mas deixando a ele o que ele mesmo deve fazer em seu próprio benefício. Alguém pode até trazer um copo de água até nossa boca, mas nós é que temos que bebê-la; podem nos dar a comida, mas nós é que temos que mastigá-la e engolí-la. Certas decisões seguem a mesma ordem acima referida; é nosso campo de conquista individual.
Somos cercados de toda assistência, em tudo que o Senhor achou conveniente nos amparar, no entanto, a nossa parte, essa nós temos de fazê-la. Não temos quando na carne, lembranças exatas do que fomos do passado, mas, no silêncio vibracional, elas estão presentes a nos dizer o que fizemos. Mesmo que não queiramos ouví-las, essas lembranças nos invadem e nos falam de maneira que todos nós entendemos, reconhecendo a verdade. Todos somos responsáveis, pelo que fizemos, e pelo que devemos fazer de agora em diante. Vejamos o que deve ser feito daí para frente.
Livro: Filosofia Espírita – Volume VIII
Miramez / João Nunes Maia.
Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
393. Como pode o homem ser responsável por atos e resgatar faltas de que se não lembra? Como pode aproveitar da experiência de vidas de que se esqueceu? Concebe-se que as tribulações da existência lhe servissem de lição, se se recordasse do que as tenha podido ocasionar. Desde que, porém, disso não se recorda, cada existência é, para ele, como se fosse a primeira e eis que então está sempre a recomeçar. Como conciliar isto com justiça de Deus?
Em cada nova existência, o homem dispõe de mais inteligência e melhor pode distinguir o bem do mal. Onde o seu mérito se se lembrasse de todo o passado? Quando o Espírito volta à vida anterior (a vida espírita), diante dos olhos se lhe estende toda a sua vida pretérita. Vê as faltas que cometeu e que deram causa ao seu sofrer, assim como de que modo as teria evitado. Reconhece justa a situação em que se acha e busca então uma existência capaz de reparar a que vem de transcorrer. Escolhe provas análogas às de que não soube aproveitar, ou as lutas que considere apropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que lhe são superiores que o ajudem na nova empresa que sobre si toma, ciente de que o Espírito, que lhe for dado por guia nessa outra existência, se esforçará pelo levar a reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das em que incorreu. Tendes essa intuição no pensamento, no desejo criminoso que freqüentemente vos assalta e a que instintivamente resistis, atribuindo, as mais das vezes, essa resistência aos princípios que recebestes de vossos pais, quando é a voz da consciência que vos fala. Essa voz, que é a lembrança do passado, vos adverte para não recairdes nas faltas de que já vos fizestes culpados. Em a nova existência, se sofre com coragem aquelas provas e resiste, o Espírito se eleva e ascende na hierarquia dos Espíritos, ao voltar para o meio deles.
A.K.: Não temos, é certo, durante a vida corpórea, lembrança exata do que fomos e do que fizemos em anteriores existências; mas temos de tudo isso a intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. E a nossa consciência, que é o desejo que experimentamos de não reincidir nas faltas já cometidas, nos concita à resistência àqueles pendores.

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