sábado, 11 de outubro de 2014

CORAGEM II - Hammed

Auto- reflexão ou a atitude de mantermos um constante intercâmbio com a "voz da alma", nos daria suficiente liberdade, segurança e coragem para nos guiar por nós mesmos.  É bom lembrar que nos podem forçar a "ser escravos", mas não nos podem obrigar a "ser livres".
Coragem é uma importante capacidade da alma, porque dá consistência às demais, enaltecendo-as. Ela faz surgir a autoconfiança e concretiza efetivamente nossas aspirações e anseios. Muitos dons e talentos, no entanto, são comprometidos por falta de coragem.
A Espiritualidade Superior não nos quer submissos à vontade de outrem, nem inabilitados para tomar decisões, mas quer que nos apropriemos de nossos valores inatos, demonstrando determinação e firmeza diante da vida, porque isso teria como resultado natural o conforto físico, psíquico e espiritual.
O Mundo Maior nos incentiva a utilizar as próprias potencialidades a fim de que possamos descobrir a força e a coragem que existem em nossa intimidade. Ele nos convoca, principalmente, para trazer à tona a luz existente dentro de nós, e não para nos entregarmos a refúgios externos.
Nenhum fato ou acontecimento está além de nossa aptidão ou capacidade de lidar com eles. A vida nunca nos apresenta um problema sem que tenhamos a possibilidade de resolvê-lo.
A autoconfiança deve ser ensinada no berço, e a necessidade de aprovação não deveria ser confundida com a busca de afeto ou amor. Para estimular a autoconfiança e a coragem de tomar decisões num adulto, seria necessário que, desde cedo, as crianças não fossem educadas com grande dose de controle ou aprovação. Contudo, se uma criança cresce sentindo que não pode, em nenhuma circunstância, decidir e que, em nome dos "bons modos", ela precisa a todo momento pedir autorização dos pais para agir, são plantadas nela as "sementes neuróticas" de insegurança, medo e falta de confiança.
A busca de aprovação aqui mencionada não tem nada a ver com a atitude saudável dos pais de orientar e educar os filhos, e sim com a postura destrutiva de impor aos menores a necessidade de submeterem tudo à opinião e consentimento dos adultos.
Precisar da permissão de uma pessoa já causa frustração e infortúnio, mas o problema se agrava quando a necessidade do consentimento se torna genérica. Quem se comporta dessa maneira está condenado a encontrar uma grande dose de abatimento e desânimo diante da vida. Além disso, o indivíduo incorpora uma auto-imagem dissimulada ou irreal, erradicando de sua existência a possibilidade de realização pessoal.
A necessidade de autorização tem como gênese a seguinte estratégia psicológica: "de imediato nunca confie em si próprio; antes de qualquer coisa, confira suas idéias e pensamentos com os outros".
O conjunto de conhecimentos e valores da nossa cultura tradicional é do tipo que reforça nos indivíduos uma postura interna de busca de aprovação como um padrão de comportamento normal. A autonomia e a independência não são estimuladas; ao contrário, é consolidado o convencional.
A auto-reflexão ou a atitude de mantermos um constante intercâmbio com a "voz da alma", nos daria suficiente liberdade, segurança e coragem para nos guiar por nós mesmos. É bom lembrar que nos podem forçar a "ser escravos", mas não nos podem obrigar a "ser livres".
A mensagem do Poder Universal é sempre aquela que impulsiona o desenvolvimento de nossas potencialidades ou dons naturais Despertar é saber que o único modo pelo qual podemos conhecer genuinamente qualquer coisa é examinando-a  ou percebendo-a pessoalmente, isto é, usando as leis divinas que estão em nossa intimidade. "Não se poderá dizer: Ei-lo aqui! Ei-lo ali!, pois eis que o Reino de Deus está no meio de vós." (Jesus / Lucas, 17:21).
Por isso, os Benfeitores Espirituais afirmam que: "A sociedade poderia ser regida somente pelas leis naturais, sem o concurso das leis humanas (...) se os homens as compreendessem bem, e seriam suficientes se houvesse vontade de as praticar (...)." (LE – Allan Kardec, questão 794).
As instituições que estruturam a nossa sociedade estabelecem na maioria dos indivíduos um modo de pensar em que impera como norma a concordância ou uniformidade de opiniões, sentimentos, idéias, crenças e pensamentos, sendo que essa postura psicológica age de forma implícita e silenciosa e, quase inconsciente, no cerne das coletividades.
Quanto mais elogio, aplauso e bajulação nos são necessários, mais estaremos nas mãos alheias. Se porventura, um dia, dermos qualquer passo na direção da independência, da auto-aprovação ou da coragem de decidir, esse caminhar não será bem visto por aqueles que nos controlam. Essas novas e saudáveis atitudes serão tachadas de egoístas, frias, desprezíveis, ingratas, num esforço para manter-nos na dependência de todos aqueles que, durante anos, nos conservaram sob o seu domínio e poder.
Quando deixamos os outros conduzirem nosso jeito de sentir, pensar e agir, damos-lhes o consentimento de nos usar ou manipular como e quando quiserem.
Nosso valor reside neles, e se eles se recusarem a nos dar sua apreciação positiva, nos sentiremos um "nada", ou seja, emocional ou moralmente sem valor.
Estas palavras de Paulo constituem a síntese perfeita de um ser humano extraordinário que agia corajosamente perante a sociedade de sua época: "(...) falamos não para agradar aos homens, mas, sim, a Deus, que perscruta o nosso coração." (Paulo – I Tessalonicenses, 2:4.)
Livro: Os Prazeres da Alma.
Hammed / Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
794. Poderia a sociedade reger-se unicamente pelas leis naturais, sem o concurso das leis humanas?
Poderia, se todos as compreendessem bem. Se os homens as quisessem praticar, elas bastariam. A sociedade, porém, tem suas exigências. São-lhe necessárias leis especiais.

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