Auto- reflexão
ou a atitude de mantermos um constante intercâmbio com a "voz da alma",
nos daria suficiente liberdade, segurança e coragem para nos guiar por nós mesmos.
É bom lembrar que nos podem forçar a
"ser escravos", mas não nos podem obrigar a "ser livres".
Coragem é uma
importante capacidade da alma, porque dá consistência às demais, enaltecendo-as.
Ela faz surgir a autoconfiança e concretiza efetivamente nossas aspirações e
anseios. Muitos dons e talentos, no entanto, são comprometidos por falta de
coragem.
A
Espiritualidade Superior não nos quer submissos à vontade de outrem, nem inabilitados
para tomar decisões, mas quer que nos apropriemos de nossos valores inatos,
demonstrando determinação e firmeza diante da vida, porque isso teria como resultado
natural o conforto físico, psíquico e espiritual.
O Mundo Maior
nos incentiva a utilizar as próprias potencialidades a fim de que possamos
descobrir a força e a coragem que existem em nossa intimidade. Ele nos convoca,
principalmente, para trazer à tona a luz existente dentro de nós, e não para nos
entregarmos a refúgios externos.
Nenhum fato ou
acontecimento está além de nossa aptidão ou capacidade de lidar com eles. A
vida nunca nos apresenta um problema sem que tenhamos a possibilidade de
resolvê-lo.
A autoconfiança
deve ser ensinada no berço, e a necessidade de aprovação não deveria ser
confundida com a busca de afeto ou amor. Para estimular a autoconfiança e a coragem
de tomar decisões num adulto, seria necessário que, desde cedo, as crianças não
fossem educadas com grande dose de controle ou aprovação. Contudo, se uma criança
cresce sentindo que não pode, em nenhuma circunstância, decidir e que, em nome
dos "bons modos", ela precisa a todo momento pedir autorização dos
pais para agir, são plantadas nela as "sementes neuróticas" de
insegurança, medo e falta de confiança.
A busca de
aprovação aqui mencionada não tem nada a ver com a atitude saudável dos pais de
orientar e educar os filhos, e sim com a postura destrutiva de impor aos menores
a necessidade de submeterem tudo à opinião e consentimento dos adultos.
Precisar da
permissão de uma pessoa já causa frustração e infortúnio, mas o problema se
agrava quando a necessidade do consentimento se torna genérica. Quem se comporta
dessa maneira está condenado a encontrar uma grande dose de abatimento e desânimo
diante da vida. Além disso, o indivíduo incorpora uma auto-imagem dissimulada
ou irreal, erradicando de sua existência a possibilidade de realização pessoal.
A necessidade de
autorização tem como gênese a seguinte estratégia psicológica: "de imediato
nunca confie em si próprio; antes de qualquer coisa, confira suas idéias e pensamentos
com os outros".
O conjunto de
conhecimentos e valores da nossa cultura tradicional é do tipo que reforça nos
indivíduos uma postura interna de busca de aprovação como um padrão de comportamento
normal. A autonomia e a independência não são estimuladas; ao contrário, é
consolidado o convencional.
A auto-reflexão
ou a atitude de mantermos um constante intercâmbio com a "voz da alma",
nos daria suficiente liberdade, segurança e coragem para nos guiar por nós mesmos.
É bom lembrar que nos podem forçar a "ser escravos", mas não nos
podem obrigar a "ser livres".
A mensagem do
Poder Universal é sempre aquela que impulsiona o desenvolvimento de nossas
potencialidades ou dons naturais Despertar é saber que o único modo pelo qual
podemos conhecer genuinamente qualquer coisa é examinando-a ou percebendo-a pessoalmente, isto é, usando
as leis divinas que estão em nossa intimidade. "Não se poderá dizer: Ei-lo
aqui! Ei-lo ali!, pois eis que o Reino de Deus está no meio de vós." (Jesus
/ Lucas, 17:21).
Por isso, os Benfeitores
Espirituais afirmam que: "A sociedade poderia ser regida somente pelas
leis naturais, sem o concurso das leis humanas (...) se os homens as
compreendessem bem, e seriam suficientes se houvesse vontade de as praticar
(...)." (LE – Allan Kardec, questão 794).
As instituições
que estruturam a nossa sociedade estabelecem na maioria dos indivíduos um modo
de pensar em que impera como norma a concordância ou uniformidade de opiniões,
sentimentos, idéias, crenças e pensamentos, sendo que essa postura psicológica
age de forma implícita e silenciosa e, quase inconsciente, no cerne das
coletividades.
Quanto mais
elogio, aplauso e bajulação nos são necessários, mais estaremos nas mãos alheias.
Se porventura, um dia, dermos qualquer passo na direção da independência, da
auto-aprovação ou da coragem de decidir, esse caminhar não será bem visto por aqueles
que nos controlam. Essas novas e saudáveis atitudes serão tachadas de egoístas,
frias, desprezíveis, ingratas, num esforço para manter-nos na dependência de todos
aqueles que, durante anos, nos conservaram sob o seu domínio e poder.
Quando deixamos
os outros conduzirem nosso jeito de sentir, pensar e agir, damos-lhes o
consentimento de nos usar ou manipular como e quando quiserem.
Nosso valor
reside neles, e se eles se recusarem a nos dar sua apreciação positiva, nos sentiremos
um "nada", ou seja, emocional ou moralmente sem valor.
Estas palavras
de Paulo constituem a síntese perfeita de um ser humano extraordinário que agia
corajosamente perante a sociedade de sua época: "(...) falamos não para agradar
aos homens, mas, sim, a Deus, que perscruta o nosso coração." (Paulo – I Tessalonicenses,
2:4.)
Livro: Os Prazeres da Alma.
Hammed /
Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec
794. Poderia a
sociedade reger-se unicamente pelas leis naturais, sem o concurso das leis
humanas?
Poderia, se
todos as compreendessem bem. Se os homens as quisessem praticar, elas
bastariam. A sociedade, porém, tem suas exigências. São-lhe necessárias leis
especiais.
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