Fatores
limitantes: Tenho três filhos e descobri há dois meses que meu marido está
perdidamente apaixonado por outra. Entreguei-lhe os melhores anos de minha
vida. Dei-lhe filhos lindos e sempre mantive nossa casa maravilhosa. Estava
constantemente pronta para ir aonde ele quisesse e atender a tudo o que ele desejasse.
Possuo uma natureza dócil, por isso acho que fui facilmente explorada e
ultrajada. Esta situação me desespera! Tudo acabou para mim! Como devo
proceder, pois me disseram que temos fortes laços do passado e muitos compromissos
espirituais?
Expandindo
nossos horizontes:
Acredita-se que
é possível contar nos dedos das mãos as pessoas a quem se ama de forma
verdadeira. Causa compaixão quem aceita essa hipótese, pois estará confinado sentimentalmente.
O amor
incondicional é sempre lúcido e abrangente. Jamais exclusivo ou limitado a
apenas uma pessoa. Quando o amor induz os seres ao isolamento já se pode ouvir
o vento entoar uma triste canção, prenunciando dias longos e noites melancólicas.
Quando, numa
relação de amor, não se auxilia o outro a caminhar por si mesmo, conduzindo-o a
encontrar seu próprio curso existencial, esse amor, mesmo que pareça tranqüilo,
não está de fato estabilizado.
O amor
verdadeiro é direcionado para a capacidade de guiar o outro ao crescimento
pessoal; em outras palavras, para um processo de transformação incessante rumo
a um entendimento maior.
Quem delimita
sua aptidão para amar assemelha-se à fumaça, que a tudo sufoca em seu derredor.
Somente depois, quando é dissipada pelo ar, é que se avalia o mal que a asfixia
causou.
Há almas que
vivem relacionamentos fictícios - baseados em uma imagem que retrata o que
gostaria que o outro fosse - sem perceberem que estão dando os primeiros passos
em direção à ruína afetiva.
A separação
inicia-se no momento em que um dos parceiros se relaciona com a imagem criada
da pessoa idealizada, e não propriamente com a pessoa. De modo geral, essas
irrealidades são notadas depois de ter ocorrido o infortúnio amoroso.
O que acontece,
todavia, quando nos dedicamos a alguém que é infiel conosco?
Será que quando
amamos incondicionalmente temos que suportar incontáveis deslealdades e
permanecer impassíveis?
Naturalmente, o
amor não conduz à tolice ou à ingenuidade, nem induz a uma alegria artificial e
a uma credulidade excessiva. Na dependência só se vêem qualidades, nunca se
enxergam os defeitos. Isso a humanidade classifica como “amor cego” ou
“paixão”.
Jamais você
sentiria tão grande solidão e abandono se não vivesse, imprudentemente,
dependendo tanto dos outros.
O mundo é cheio
de pesares e, na área do afeto, a traição é uma das maiores desventuras. Não há
nada pior que recordar momentos felizes em tempos de dor.
Quando tudo é
desventura, aparece a verdade. Ela pode machucar, mas, em qualquer tempo, será
bem-vinda. Assemelha-se a um remédio amargo, porém salutar.
Vale lembrar:
para que exista um relacionamento de fato, é necessário que ambos o desejem.
Apesar da
desonestidade, é possível perdoar a quem traiu, pois o amor real não coloca
limites à indulgência.
No entanto, você
precisa perguntar-se: o que devo fazer para harmonizar o amor por meu marido
sem perder meu auto-respeito?
Por certo a vida
a dois não é nenhum mar de rosas, e seria bom levar como lembrete que, em se
tratando de relacionamentos afetivos, nunca há respostas genéricas ou
semelhantes para um amor não correspondido.
Será que posso
continuar confiando nele de forma plena, depois do ocorrido?
Afinal, o que
está me movendo internamente? Amor real, apatia ou fraqueza?
O amor não
contabiliza as fragilidades do outro, mas, com toda a certeza, não é abusivo.
Por princípio íntimo, não se deve viver de autopiedade.
Diante dessa circunstância,
o que de melhor se poderia dizer a esse alguém é que decida: “ou continua junto
de você, sinceramente; ou longe, se quer permanecer na infidelidade”.
Os vínculos
entre as pessoas podem ser estabelecidos por amor ou por obrigação. No amor, há
ternura, imensa confiança e devoção, e isso por si só basta. Na obrigação,
nascem as desavenças e recriminações, que dilaceram a alma. Quem se obriga nas
questões do amor vive em constante busca de razões ideológicas ou de
justificativas filosóficas.
O que é o carma
senão respostas da vida a seus atos e atitudes. Não existe fatalidade, uma vez
que Deus dá o livre-arbítrio a todas as suas criaturas. Você é livre para
escolher - não apenas antes do nascimento corporal, mas igualmente aqui e agora
- o que fará de sua existência.
Rosas amarelas
significam infidelidade. A procedência dessa lenda remonta à época do profeta
Maomé. Ele desconfiou que sua esposa Aisha lhe era infiel. Foi orientado,
entretanto, por um arcanjo para que, quando ela o recebesse com rosas
vermelhas, ele ordenasse que fossem jogadas no rio. Se as flores mudassem de
cor, suas suspeitas teriam fundamento. E estas se confirmaram: as rosas
transformaram-se em amarelas.
Vale esperar os
terremotos do coração se acalmarem para você refletir melhor e, logo após,
abrir as vidraças da alma e deixar o aroma do bom senso entrar.
O diálogo será
sempre oportuno entre o casal, desde que não se converta em cobranças e insanas
suscetibilidades; antes se alicerce na lealdade e honestidade e concorra para que
os dois permaneçam unidos e equilibrados.
Para cada pessoa
sempre existe um momento de decisão, e ela o saberá quando ele chegar. Quando
você já tiver feito tudo o que estava a seu alcance, então deverá ficar ou
partir. Não se deve esperar dos outros aquilo que unicamente você mesmo pode se
dar.
Livro: CONVIVER
E MELHORAR
Lourdes
Catherine e Batuíra / Francisco do Espírito Santo Neto.
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