"Com
efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes." O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO – Allan Kardec, Capítulo 5º - Item 11.
Generaliza-se
entre os cultores menos avisados do Reencarnacionismo a falsa crença de que, em
vidas pretéritas, envergaram roupagens com que se destacavam em primeira plana,
no mentiroso mundo do poder e da fama.
Muitos dizem
recordar os atavios de velhas Cortes onde eram amados e requestados, e procuram
manter gestos e hábitos, que seriam remanescentes de tais existências...
Reis e rainhas,
príncipes e princesas, nobres e membros de velhas linhagens, podem, facilmente,
ser encontrados entre eles...
Comandantes de
exércitos e conquistadores de povos, artistas e gênios são apontados por
espíritos insensatos ou obsidiados como sendo eles mesmos, constrangidos ao
obscurantismo da atualidade...
Foram informados
- dizem -, tiveram revelações.
Vivem de puerilidades,
acalentando sonhos mentirosos, que lhes agradem sobremaneira.
Dão a impressão
de que aos espíritos que vestiram os trajos da opulência, nos quais
invariavelmente fracassaram, os Instrutores do Mundo Maior conferem de pronto o
renascimento...
Rara ou
excepcionalmente são encontrados antigos servos domésticos, modestos áulicos e
pagens ou palafreneiros humildes, recomeçando as experiências na carne...
Homens e
mulheres de vida obscura e ignorada não repontam entre os que cultivam tais
aberrações, como fazendo crer, que depois das amargas provações experimentadas
não mais lhes foi exigido o retorno ao carro celular.
Mui diversa, no
entanto, é a realidade.
Aqueles que
dominavam, soberanos, sob o peso de responsabilidades que não souberam ou não
quiseram honrar, chegaram todos ao Mundo Maior em lamentáveis estados
conscienciais.
Amargurados e
deprimidos, calcinados pelo horror, sofreram de perto a decepção humilhante e
foram obrigados a considerar a extensão do desequilíbrio e da rebeldia a que se
entregaram, inertes.
Vítimas
desconhecidas, que o crime transformou em verdugos impenitentes, crivaram-nos
de motejos e deles escarneceram violentamente, experimentando desespero difícil
de qualificar, rogando, então, o presídio hospitalar da carne para esquecerem,
recomeçarem, fugindo de si mesmos...
Renasceram e
renascem, ainda, em enxergas de miséria física e moral, disfarçados para
escaparem à sanha dos perseguidores.
Soberanos
vaidosos e cruéis acordam no corpo carnal estigmatizados pela micro, macro ou
hidrocefalia, recordando as velhas e pesadas coroas...
Triunfadores e
generais despertam nas trincheiras da loucura ou nas cidadelas da idiotia...
Viajantes das
altas linhagens recomeçam cobertos de pústulas, vencidos pelas diversas
manifestações de sífilis, da lepra, do câncer.
Negociantes
regalados e administradores eminentes ressurgem, após os funestos fracassos,
nas amarras da paralisia.
Artistas e
religiosos de relevo, intelectuais e estudiosos prevaricadores reaparecem
consumidos pela insânia, com desordens psíquicas irreversíveis.
Campeões da
beleza física ocultam-se em deformidades orgânicas e mentais quais
esconderijos-fortaleza onde buscam o esquecimento, torturados, quase sempre,
pelo sexo, em invencível descontrole...
... E muitos dos
seus antigos escravos e servidores humílimos, profissionais e batedores,
ofereceram maternidade e braços em forma de socorro e lar para os recambiarem,
trazendo-os de novo ao palco da matéria densa.
Filhos e filhas
do povo, rogaram, apiedados deles, tomá-los na viagem evolutiva para que
pudessem reencetar a experiência espiritual.
Quando os vires
nas ruas ou nos Frenocômios, em Abrigos ou às expensas da dor, sob acúleos ou cercados
de novos tecidos finos, para eles sem valor, lembra-te dos a quem esmagaram,
zombaram, destruíram no passado, desfilando em carros dourados, pisoteando com
seus fogosos corcéis os que tombavam à frente aclamados e invejados, quase
sempre, porém, temidos e odiados...
Ora por eles e
apieda-te. São lições vivas, falando a Linguagem poderosa da Lei.
Reiniciam em
pranto o caminho que perderam com orgias.
Retemperam, na
forja da soledade e do abandono aparente, o espírito, para aprenderem a
valorização do tempo e da oportunidade.
Fixa, da lição
deles, a experiência do equilíbrio e da sensatez, aprendendo a servir e a
sofrer.
Não te preocupes
em teres estado na História...
Se desejas
informações, indaga ao presente, e o hoje responderá para onde deves seguir e
como deves seguir.
Jesus, o Filho
do Altíssimo, apagou-se numa mansarda, procurando os infelizes e sofredores, o
povaréu para elevar o homem aos Cimos Intransponíveis; e o Espiritismo, que nos
ensina elevação e liberdade, com vistas ao Excelso Reino, ao cuidar do
"esquecimento do passado" elucida que"... havendo Deus entendido
de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito a lembrança
traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos
singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso
livre arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação
nas relações sociais."
Livro: Espírito
e Vida.
Joanna de
Ângelis / Divaldo Franco.
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