0372/LE
O objetivo
visado pelas leis de Deus ao colocarem um Espírito em um corpo de cretino ou um
idiota, é a educação da alma, somente educação. Reparando as faltas do passado,
o Espírito se educa no tempo, compreendendo que não compensa fazer mal a
outrem.
A matéria não
influencia o Espírito para que este possa errar; ela não pensa nem fala. O campo
material é obediente à alma que o comanda em todos os rumos. O idiota, tanto
quanto o cretino, se encontra desarmonizado na sua estrutura mais íntima, e com
isso o complexo físico toma as formas das suas violências. O que o Espírito
faz, ou deseja para os outros, age como que uma prece, pedindo as forças
superiores que seja feito com ele mesmo. É, pois, a lei de justiça em plena
ação no mundo de quem pensa erradamente.
Nada é feito por
acaso, nem os pequenos acontecimentos da vida; tudo tem uma razão de ser, fundamentada
em Deus. O Espírito que habita corpos desmantelados sofre uma punição, instituída
por ele mesmo, por seus malfeitos do passado, corrigenda essa que o levara à meditação,
deixando de usar no futuro seus dons para fazer o mal.
Quando deparamos
com alguém sofrendo no corpo essa corrigenda da lei, não esmoreçamos nem nos entristeçamos,
pois, em se falando de Deus, ninguém sofre sem merecer. Não soframos por ele,
nem nos desmanchemos na piedade que não traz entendimento algum, porém, façamos
alguma coisa para amenizar seu constrangimento, no alívio das suas dores.
Mesmo Jesus, na
subida do Calvário, aceitou a ajuda do Cirineu. È o que devemos fazer quando
encontrarmos um sofredor carregando uma cruz.
Os órgãos têm
certa influência sobre as faculdades do Espírito, no entanto, os dons
espirituais não decrescem com o impedimento da matéria. Esses dons pertencem ao
Espírito, e o Espírito não regride, sempre avança; quando se encontra um
Espírito fora do corpo com idiotia, não foi a matéria que lhe entorpeceu as
faculdades espirituais; é, por vezes, reflexo dos seus erros no corpo
espiritual. É como uma doença psicológica. O comando é da alma, no bem ou no
mal.
Muitos corpos
que servem ao Espírito são danificados com a conduta do mesmo. No entanto, o Espírito
em si é puro, carregando em seu coração espiritual todas as qualidades com as
quais Deus achou conveniente dotá-lo. Para que se processe a limpeza, a pureza
de todos os corpos, necessário se faz que transformemos os nossos sentimentos.
O Cristo é o padrão que todos devemos seguir, para que não erremos os caminhos.
A felicidade nos espera cheia de esperança, ao andarmos com Jesus no coração. O
maior prêmio dos que trabalham dentro de si para melhorar, daqueles que fazem a
caridade em todas as suas diversificações, dos que encontram no amor a sua
própria razão de ser é a tranqüilidade imperturbável da consciência. Para
tanto, devemos sentir e passar a viver os ensinamentos de Jesus Cristo. O
impedimento da matéria, e as próprias leis humanas fogem de julgar um idiota
nos casos de um crime.
Sempre a lei
manda-o para o tratamento necessário. A Doutrina dos Espíritos, como sendo Jesus
renovando e crescendo nos corações, oferece meios para que, no amanhã, venhamos
renascer de novo em corpos que ofereçam meios mais livres para a filtragem de
todas as nossas faculdades espirituais.
Devemos aceitar
desde agora as coisas mais convenientes, colocando, pelo coração, o Mestre ao
nosso lado a nos dizer a verdade, pois essa verdade tem o poder de desabafar os
nossos dons e educá-los para o serviço da luz.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume VIII
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
372. Que
objetivo visa a providência criando seres desgraçados, como os cretinos e os
idiotas?
Os que habitam
corpos de idiotas são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por efeito do
constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se
manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados.
372.a) Não há,
pois, fundamento para dizer-se que os órgãos nada influem sobre as faculdades?
Nunca dissemos
que os órgãos não têm influência. Têm-na muito grande sobre a manifestação das
faculdades, mas não são eles a origem destas. Aqui está a diferença. Um músico
excelente, com um instrumento defeituoso, não dará a ouvir boa música, o que
não fará que deixe de ser bom músico.
A.K.: Importa se
distinga o estado normal do estado patológico. No primeiro, o moral vence os
obstáculos que a matéria lhe opõe. Há, porém, casos em que a matéria oferece
tal resistência que as manifestações anímicas ficam obstadas ou desnaturadas,
como nos de idiotismo e de loucura. São casos patológicos e, não gozando nesse
estado a alma de toda a sua liberdade, a própria lei humana a isenta da
responsabilidade de seus atos.
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