Fatores
limitantes: Ensinaram-me que servir deveria ser o meu lema. Outros, porém,
disseram-me que, para poder ajudar as pessoas, eu preciso antes aprender a
ajudar a mim mesmo. Ajudar a si próprio não é um interesse pessoal e egoístico,
reprovável e inferior? Não devo esquecer de mim mesmo e voltar toda a minha
atenção só ao amor pelos outros? Estou confuso! Como devo proceder para
progredir espiritualmente?
Expandindo
nossos horizontes:
A solidariedade
virá como conseqüência do conhecimento de si mesmo.
À medida que for
investigando quem você é, poderá saber quais as verdadeiras razões que o levam
a ajudar os outros.
Geralmente, as
pessoas vivem adormecidas, sem ter uma consciência lúcida do sentido real da
vida. São induzidas pelos outros, não sabem o que querem, o que estão fazendo e
por que estão fazendo; e, quando sentem algo incomum, normalmente não procuram
conhecer as razões desse sentimento.
Algumas
criaturas buscam na ajuda ao próximo a salvação das almas; por isso,
utilizam-se do seu eu-crença. Outras lançam mão de uma dedicação desenfreada,
valendo-se do seu eu-criança, para suprir as carências de amor na infância e
equilibrar sua existência enraizada em sentimentos de autodesvalorização.
Diversos companheiros cooperam generosamente porque desejam ter um comitê
eleitoral, ocupando-se do seu eu-político; enquanto muitos outros abraçam
causas filantrópicas servindo-se do seu eu-social, para participar das
condecorações e homenagens da vida comunitária. Você precisa saber quem é que o
dirige: seus eus aparentes ou o legítimo eu que existe em seu ser profundo.
Quando se sente
alegria mesclada com a satisfação de ajudar aos semelhantes, é porque se fez
uma perfeita conexão com a alma. Tudo é espontâneo e natural. Assemelha-se à
serena brisa que nos acaricia nos passeios por campos floridos.
Quando a
solidariedade, entretanto, não passar de uma linda teoria intelectual, como
vivenciam alguns, a entrega aos outros permanecerá difusa e restrita, porque a
hipotética ajuda é prestada ao próprio ego, centralizado na realização de
interesses imediatos.
São inúmeras as
pessoas que, escravas da imagem que desejam ter de si mesmas, intensificam
todos os esforços para alimentá-la. Muitas, presas às idéias medievais de céus
e infernos, preocupam-se em ser boas aos outros para receber recompensas e
evitar as penas eternas.
Ser caridoso com
o intuito de conseguir uma bênção não é bondade.
Cumprir os
preceitos da benevolência por temor ao castigo não é a concreta prática do bem.
Os que são
bondosos por causa da gratificação ou da punição divina são órfãos da plenitude
do amor.
Se você ignora
quem é, faz de suas ações uma demonstração aparente de generosidade, porque lhe
falta consciência do reino de Deus que está em seu interior.
Se soubesse
prestar atenção em seus mais íntimos sentidos “bússola divina” a guiá-lo talvez
aprenderia muito mais sobre a beneficência.
Solidariedade é
o sentimento que leva os homens ao auxílio mútuo; já o auto-conhecimento,
aliado a esse altruísmo, leva-os ao reconhecimento de que o templo de Deus está
em toda parte, e não somente em lugares predeterminados. Percebem igualmente a
presença divina nas pétalas de uma rosa, na sombra majestosa de uma vetusta
árvore, no silêncio de uma prece, no borbulhar das fontes de águas cristalinas,
na transcendência de um amanhecer, enfim nas obras da criação universal.
A ajuda a si
mesmo durante muito tempo foi vista como egoística ou narcisista.
No entanto, no
auto-amor encontramos o elixir da vida, base de onde se origina todo o
aprendizado do amor integral.
Quem aprendeu a
amar a si mesmo vive em harmonia, em profunda compreensão das emoções humanas e
distanciado das atitudes possessivas.
Portanto,
conheça a si mesmo; assim, sua vida será um constante compartilhar, um
compartilhar solidário sem exigir ou pedir qualquer recompensa neste ou no
plano espiritual.
Quando você for
convidado a fazer alguma coisa pelo mundo ou por seus companheiros de
humanidade, precisa saber quem é que realmente o está motivando para esses
eventos. Se tiver desenvolvido a autoconsciência, estará em contato com as
verdadeiras razões e, dessa maneira, modificará de forma significativa o valor e
a importância de seu bem-querer.
Livro: CONVIVER
E MELHORAR
FRANCISCO DO
ESPÍRITO SANTO NETO
LOURDES
CATHERINE E BATUÍRA.
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