Imagine um dédalo em sombras, imensurável,
hórrido, onde se demoram emanações morbíficas provenientes de células em
disjunção; charco miasmático carregado de lodo instável, tendo por céu nimbos borrascosos
sacudidos por descargas elétricas; paul sombrio que agasalha batráquios e
ofídios, répteis e toda a fauna asquerosa; região varrida por ventos ululantes,
longe da esperança onde uma tênue e célere perspectiva de paz não tremelha...
Considere-se
relegado a esse labirinto nefasto, longe de qualquer amparo, a mergulhar a
mente em febre nos abismos do remorso que, fantasma incansável, assume proporçôes
inimagináveis; sob o estrugir de recordações vigorosas das quais não se
consegue furtar, ressumando erros propositais e casuais com que se distanciou da
paz; malgrado necessite de esperança ou refazimento, silêncio para meditar ou
uma aragem fresca para renovação, escute, inerme, outros companheiros de desdita
em imprecaçôes e lamentos, dominados pela própria sandice; onde a razão se fez
sicário impiedoso, sem entranhas, e se encarrega, ela mesma, de justiçar com
azorragues em forma de cilícios que lhe são involuntários; sem equilíbrio para uma
evocação suave, um painel de ternura, amor ou prece...
Avalie o
significado de uma porta libertadora, que subitamente se abrisse, convidativa,
banhada que fosse de fraca mas significativa luz, através da qual, transposta a
mínima distância entre você e ela, poderia ouvir consolo, chorar sem desespero,
lenindo as próprias angústias, e repousar; além da qual, doce canto embalante
ciciasse uma melopeia conhecida ou uma berceuse reconfortante; após vencida,
revisse paisagem esquecida e agradável e, dilatados os ouvidos, escutasse a
pronúncia de um terno nome, em relação a você: irmão! — depois do que, roteiro
e medicamento chegassem salvadores, inaugurando experiência feliz, transpassada
a expiação inominável...
Você bendiria,
certamente, mil vezes, esse portal de acesso.
Tal região, não
muito longe de nós, entre os desencarnados e os encarnados, são os vales
purgatoriais para os que transpõem o umbral da morte narcotizados pela insânia
e pelo crime.
Tal porta
fascinante é a mediunidade socorrista de que você se encontra investido na
tessitura física, ao alcance de um pouco de disciplina e abnegação.
Examinando
quanto você gostaria de receber auxílio se ali estivesse, pense nos que lá
estão e não demore mais em discussões inócuas ou em desculpismo injustificável.
Corra ao socorro
deles, os nossos companheiros na dor, iludidos em si mesmos, e abra-lhes a
porta de luz da oportunidade consoladora.
Mergulhe o
pensamento nos exórdios do amor do Cristo e, mesmo sofrendo, atenda a estes que
sofrem mais.
Não lhe
perguntarão quem você é, donde vem, como se apresenta, pois não lhes importa;
antes, sim, desejarão saber o que você tem em nome de Jesus para lhes dar.
Compreenderão mais tarde a excelência da sua fé, o valor do seu devotamento, a
expressão da sua bondade, a extensão das suas necessidades e também estenderão
braços na direção do seu espírito.
Agora,
necessitam de paz e libertação, e Jesus precisa de você para tal mister. Não
lhes atrase o socorro, nem demore sua doação. Possivelmente você já esteve ali
antes, talvez seja necessário estagiar por lá...
Se você conceber
que o seu esforço é muito, para os ajudar, mentalize Jesus transferindo-se dos
Cimos da Vida para demorar-se no Vale de Sombras por vários anos e prosseguir
até agora conosco...
O Espiritismo
que lhe corrige a mediunidade em nome do Cristo — Espiritismo que lhe consola e
esclarece — ensina-lhe que felicidade é moeda cujo sonido somente produz festa
íntima quando retorna daquele a quem se oferece e vem na direção do doador.
Doando-se, em
silêncio, longe dos que aplaudem faculdades mediúnicas, coloque suas
possibilidades a benefício dos sofredores, nas sessões especializadas, e
granjeará um crédito de bênçãos que lhe ensejará, também, liberdade e
iluminação, à semelhança dAquele que, Médium do Pai, se fez o doce irmão de nós
todos, milênios a fora.
Livro: Nos Bastidores
da Obsessão.
Manoel Philomeno
de Miranda / Divaldo Franco.
Eu por em prática um pouquinho por dia amei
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