No atual estágio
da Psicologia profunda, um estudo da personalidade de Jesus não se torna
conclusivo, por ausência de agudeza, recursos técnicos e profundidade de
entendimento da Sua respeitável Doutrina, que vem abrindo expressivos espaços
em torno da compreensão da criatura humana integral.
O Homem de
Nazaré transcende as dimensões da análise convencional, pelo menos nos termos
do pensamento que se deriva das belas, mas não concluídas, por enquanto, contribuições
freudianas.
Examinada a
criatura apenas do ponto de vista da libido, as raízes da observação encontram-se
fixadas nas heranças animais, nos impulsos reprodutores, perdendo-se no primitivismo...
Por outro lado,
as propostas que se derivam dos arquétipos junguianos vão apenas até as origens
do inconsciente coletivo nos primórdios da evolução animal...
Ambos os
conceitos, portanto, são insuficientes para penetrar na essência da causalidade
do ser, na sua realidade espiritual, precedente às manifestações no plano
físico terrestre.
Jesus
transcende, desse modo, os estágios do processo de evolução na Terra, porquanto
Ele já era o Construtor do Planeta, quando sequer a vida nele se apresentara.
Limitá-lO nas
estreitas linhas psicológicas do ânima como do ânimus, ou simultaneamente, seria
cingi-lO a limites do entendimento analítico em forma definitiva,
aprisionadora.
Numa visão de
Psicanálise perfunctória, poder-se-ia situá-lO como sendo uma síntese de ambas
as polaridades em harmonia emocional, resultando em equilíbrio fisiológico, retratado
no homem que se superou, tornando-se Modelo e Guia para toda a Humanidade.
As fontes
disponíveis para a coleta de dados e análise profunda são as narrações evangélicas,
insuficientes, pelo referir-se aos Seus ditos e ações mediante linguagem especial,
às vezes vitimada por interpolações, deturpações, enxertos perniciosos, que
lhes descaracterizam a exatidão.
Não se encontram
relatos históricos, dados precisos, porém informações, algumas delas
fragmentárias.
De todo o
acervo, no entanto, se depreende haver sido Ele incomum.
Sua energia
expressava-se com brandura.
Sua bondade
manifestava-se sem pieguismo.
Sua coragem
exteriorizava-se como valor moral que nada temia.
Seu amor
abrangia todos os seres, sem deixar-se arrastar pelos sentimentalismos banais e
desequilibrados.
Sua sabedoria
irradiava-se, sem constranger os ignorantes.
Sua gentileza
cativava, sem deixar distúrbios na emoção do próximo.
Era severo, não brutal; afável, não
conivente; nobre, não orgulhoso; humilde, não verbal.
NEle coexistem
as naturezas psicológicas ânima e ânimus em perfeita sintonia.
Desperte e Seja
feliz
No Sermão da
Montanha, Sua natureza ânima consolou e espraiou esperança; no Gólgota, Sua
expressão ânimus alcançou o máximo, após as rudes e profundas experiências daquelas
horas, que se iniciaram na solidão do Horto e se prolongaram até o momento da
morte.
Faltam,
portanto, parâmetros, paradigmas para penetrar o pensamento de Jesus e
entender-Lhe a vida, rica e enriquecedora, complexa e desafiadora.
De uma forma
geral, talvez mais simples, quiçá profunda, a Psicologia poderá mergulhar no
Seu pensamento para entendê-lO através das Suas próprias palavras, caso logre compreendê-las:
— Eu sou o pão
da vida...
— Eu sou a
porta...
— Eu sou o
caminho...
— Eu sou o bom
pastor...
Somente indo até
Ele e deixando-se penetrar pela Sua Realidade, poderá a Psicologia profunda
entendê-lO sem O definir, estudá-lO sem O limitar.
Por instinto a
criatura é agressiva, e quando não consegue exteriorizar essa violência, tomba
em mecanismos de fuga, de depressão, de amargura. Herança dos estágios
inferiores da evolução, deve ser canalizada para a aquisição dos valores
morais, intelectuais, artísticos, profissionais.
A conquista da
razão proporciona a transmutação da agressividade, fazendo que haja
predominância da natureza espiritual em detrimento da animal, no ser humano.
Quando o
individuo não consegue ou não deseja modificar-se, alterando o comportamento
para o equilíbrio e o progresso, elege o litígio como forma de autossatisfação,
de exaltação do ego. Torna-se contundente, invejoso, ciumento, trabalhando contra
o processo natural da evolução.
Há momentos para
aclaramentos e dissensões, em níveis elevados de discordância. Não a qualquer
hora e por qualquer motivo.
Tem cuidado
contigo! Deixa que perpasse em ti e te encharque a Energia Divina, a fim de que
superes a tentação de contender ou de te abateres ante os perseguidores
contumazes, os litigantes da inutilidade.
Livro: Desperte
e Seja Feliz.
Joanna de
Ângelis / Divaldo Franco.
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