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Certamente que
não podemos vender a alma, nem nos vender a ninguém. Esse não é o sentido real
do assunto. Como podemos nos vender, se o Espírito que compra está destinado ao
despertamento espiritual como todos os demais? As coisas espirituais não se
compram, nem se vendem. Tudo pertence a Deus, que criou todas as coisas.
Somente o
ignorante troca seus sentimentos por dinheiro. Se queres ter ouro em caixa, é
bom e justo que trabalhes: "O trabalhador", diz o Evangelho, "é
digno do seu salário". Quem vende o que não é seu, será marcado de modo a
responder em outra vida pelas consequências nefandas do seu ato indigno.
Já foi citado em
outra página o ensino de Jesus sobre isso, o qual podemos repetir: Procurai primeiro
o reino de Deus e a sua justiça, que tudo o mais virá por acréscimo de
misericórdia.
Querer tomar
qualquer coisa que não é nossa, constitui infração, e respondemos por isso nas linhas
das nossas vidas. Cumpre a todas as criaturas ascender para a luz com os
próprios esforços. Lutar com meta definida é o nosso dever. Lutar não fora de
nós, é a meta mais acertada na vida. Vejamos o que falou o apóstolo Paulo,
referindo-se a este assunto:
Assim como
também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. (l
Coríntios, 9:26) Paulo, o apóstolo dos gentios, se referia às lutas internas,
como era de seu costume, antes de encontrar o Cristo no caminho de Damasco. É a
guerra que tanto dizemos, a guerra por dentro, as lutas com nós mesmos.
Todas as fábulas
carregam em sua estrutura algo de verdade. A venda da alma deve ser o empenho
que temos com o Pai, de conquistar a nós mesmos em todos os rumos da vida, nos comprar
a nós mesmos pelo trabalho dedicado ao próximo, pela caridade e pelo amor sem distinção,
empenhar a nossa vida no bem coletivo, ajuntar experiências no celeiro
espiritual, onde não falte a força da fraternidade e da compreensão.
Alma alguma fica
condenada à miséria moral. Ela é igual às outras. Ela cresce, despertando os valores
que todas possuem. São atributos divinos colocados no imo de todas elas. O
tempo tem o poder de acordá-los, e Jesus nos ensina como fazê-lo, para o grande
despertamento da vida.
As ilusões do
passado vão ficando para trás, e a verdade do porvir vem chegando aos nossos
corações, valorizando toda a nossa vida, em se ligando à vida de Deus, cada vez
mais presente em nossos sentimentos pelo amor.
As coisas dos
céus não se vendem; elas pertencem ao Criador. Devemos, sim, entregar a nossa
vida a Deus, de maneira que ela seja útil às suas companheiras, nos moldes que
Ele desejar que seja.
Se queres
granjear a assistência dos Espíritos puros, procura a pureza em tua vida, ou
pelo menos esforça-te para tal. Todos os esforços no bem serão assistidos pela
luz de Deus. Seus agentes estão espalhados por toda a criação, fazendo vigorar todas
as Suas leis de Justiça e de Amor.
Deves romper com
o mal, se por acaso te encontras ligado a ele. Abraça a verdade, que esse trabalho
será abençoado pelos benfeitores da eternidade e serás vencedor, ganhando a ti mesmo.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume XI
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
550. Qual o
sentido das lendas fantásticas em que figuram indivíduos que teriam vendido
suas almas a Satanás para obterem certos favores?
Todas as fábulas
encerram um ensinamento e um sentido moral. O vosso erro consiste em tomá-las
ao pé da letra. Isso a que te referes é uma alegoria, que se pode explicar
desta maneira: aquele que chama em seu auxílio os Espíritos, para deles obter
riquezas, ou qualquer outro favor, rebela-se contra a Providência; renuncia à
missão que recebeu e às provas que lhe cumpre suportar neste mundo. Sofrerá na
vida futura as conseqüências desse ato. Não quer isto dizer que sua alma fique
para sempre condenada à desgraça. Mas, desde que, em lugar de se desprender da
matéria, nela cada vez se enterra mais, não terá, no mundo dos Espíritos, a
satisfação de que haja gozado na Terra, até que tenha resgatado a sua falta,
por meio de novas provas, talvez maiores e mais penosas. Coloca-se, por amor
dos gozos materiais, na dependência dos Espíritos impuros.
Estabelece-se
assim, tacitamente, entre estes e o delinqüente, um pacto que o leva à sua
perda, mas que lhe será sempre fácil romper, se o quiser firmemente, granjeando
a assistência dos bons Espíritos.
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