Enquanto na
Terra, muito raramente, pensamos na dor na condição de recurso educativo.
Em nosso
egoísmo, interpretamos qualquer sofrimento por equação da lei de causa e efeito,
como se não tivéssemos necessidade de experiências e lições.
Entretanto, sem
disciplina, que muitos aprendizes consideram sacrifício ou flagelação, que
seria da escola?
Sem o progresso
da cirurgia para cortar o tecido enfermo, como prolongar a vida no corpo
doente, quando a possibilidade da sobrevivência aparece? Se não atravessássemos
essa ou aquela moléstia de trato difícil, provavelmente não entenderíamos a
linguagem atormentada de irmãos doentes outros, quando nos reclamam paciência e
carinho.
Não sofrêssemos
no mundo a perda de um ente amado, ante as exigências da morte física, e talvez
ignorássemos a maneira de reconfortar os amigos que se reconhecem esmagados de
pranto, quando a morte lhes visita os recessos do lar.
Embora
reconheçamos que ninguém necessita cair, a fim de aprender a estar de pé, muitos
irmãos nossos se manteriam de coração frio e orgulhoso, diante dos companheiros
tombados em erro ou delinqüência, se também eles não resvalassem no chão de
quedas desastrosas, com o que adoçam a própria alma, entendendo quanto doem as
feridas do remorso e os aguaceiros de lágrimas, no espírito dos irmãos
necessitados de reequilíbrio, a pedirem tolerância e respeito.
Se até agora não
carregaste feridas de decepção que te marcaram a alma; se não suportaste ainda
injúrias e agravos; se desconheces quanto nos amargam as conseqüências de uma
falta cometida; se não passaste ainda pela necessidade de pedir o perdão de
alguém por algum erro pelo qual te observas responsável; e não sabes até agora
quanto custa a passagem por estradas de pedregulho e fel, trabalhando e
servindo sempre, sem levar em conta os teus próprios sofrimentos; se, em suma,
tiveres vivido, até hoje, sem contato com tribulações e dificuldades, que se
fazem valiosas lições humanas, talvez que a tua elevação, por mais rica de
palavras e por mais lindamente decorada de gestos felizes, nos dias de exame
que chegam inevitavelmente para cada um de nós, através das provas necessárias,
não passe de simples ingenuidade.
Livro:
Inspiração.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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