Se
devassássemos os labirintos
Dos
eternos princípios embrionários,
A
cadeia de impulsos e de instintos,
Rudimentos
dos seres planetários;
Tudo
o que a poeira cósmica elabora
Em
sua atividade interminável,
O
anseio da vida, a onda sonora,
Que
percorrem o espaço imensurável;
Veríamos
o evolver dos elementos,
Das
origens às súbitas asceses,
Transformando-se
em luz, em sentimentos,
No
assombroso prodígio das esteses;
No
profundo silêncio dos inermes,
Inferiores
e rudimentares,
Nos
rochedos, nas plantas e nos vermes,
A
mesma luz dos corpos estelares!
É
que, dos invisíveis microcosmos,
Ao
monólito enorme das idades,
Tudo
é clarão da evolução do cosmos,
Imensidade
nas imensidades!
Nós
já fomos os germes doutras eras,
Enjaulados
no cárcere das lutas;
Viemos
do principio das moneras,
Buscando
as perfeições absolutas.
Francisco
Cândido Xavier – Augusto dos Anjos
Livro:
Parnaso de Além-Túmulo
Augusto de
Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz do Espírito Santo, 20 de abril de 1884 —
Leopoldina, 12 de novembro de 1914) foi um poeta brasileiro, identificado
muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos, como o
poeta Ferreira Gullar, preferem identificá-lo como pré-modernista, pois
encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas.É
conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra é
admirada tanto por leigos como por críticos literários.
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