“Médiuns
suscetíveis: variedade de médiuns orgulhosos; melindram-se com as críticas das
quais suas comunicações podem ser objeto; irritam-se com a maior contrariedade,
e mostram-se o que obtêm é para que sejam admirados, e não para pedir
pareceres. (...)” - (O Livro dos Médiuns – Allan Kardec, 2ª parte – cap. XVI,
item 196).
Ressentimento é
uma mágoa crônica. Na verdade, a palavra ressentir quer dizer: “Deixar-se
sentir novamente” ou “voltar-se ao sentimento passado”.
As criaturas suscetíveis
às ofensas são aquelas que guardam rancor facilmente, remoendo o insulto e
intensificando os efeitos debilitantes do ressentimento e da raiva.
Quando estamos
melindrados, experimentamos sucessivas vezes o mesmo sofrimento. Isso nos
consome energeticamente e debilita nosso corpo físico e/ou o espiritual.
Perdoar é um ato
de amor, em que reina a compreensão e a humildade. É um indício do amor a nós
mesmos e aos outros.
No momento em
que perdoamos, nos identificamos com nosso próximo; admitindo nossa
falibilidade humana, reconhecendo nossas deficiências e com nossa facilidade em
errar.
Perdoamos na
medida em que desfazemos a ilusão de que somos perfeitos. Sabemos que nosso
grau de conhecimento é resultante de nossa participação e interação nos
processos do Universo. Nossas múltiplas existências nos levam gradativamente à
auto-conscientização de que todas as coisas estão interligadas. Não somos
criaturas isoladas, e sim parte de uma complexa rede da Vida. Estamos vivendo
juntos, porém em diferentes níveis de amadurecimento e precisamos, todos, de
muito perdão durante o processo evolutivo – precisamos perdoar a nós mesmos e
aos outros.
Admitir nossas
falhas e não se ressentir é uma fórmula poderosa para remover os obstáculos à
boa convivência. Não seria tempo de nos libertarmos dos “cárceres” do rancor e
da magoa?
Certamente, a
parte de nossa dificuldade em pedir desculpas se deve ao problema que temos com
a realidade interior. Para chegar ao momento de nos desculparmos, devemos antes
ser humildes ou honestos conosco, admitindo as nossas limitações e inadequações
de seres espirituais em regime de crescimento e de permuta constante.
A humildade e o
perdão caminham juntos. Eles nos levam às trilhas da compreensão dos equívocos e
erros existenciais. Aliás, os enganos são oportunidades de aperfeiçoamento e
amadurecimento para todos; são
experiências para aprendermos a viver melhor.
Costumamos confundir,
erroneamente, humildade com servidão, submissão e covardia. Ela é, sobretudo, a
“lucidez que nasce das profundezas do Espírito”.
A humildade não
está relacionada com o nosso aspecto exterior, mas com a maneira como
percebemos as pessoas e as circunstâncias. É a habilidade de ver claramente,
sem defesas ou distorções, pois nos limpa a visão e nos livra dos falsos
valores.
Com “olhos
humildes”, entendemos que perdoar é atitude que requer mudança de nossas
percepções, quantas vezes forem necessárias. Nossa visão atual é prejudicada
pelas percepções do ontem sobre o nosso hoje, visto ficarmos quase presos aos “fatos
do passado”, permitindo que “lembranças amargas” escureçam o presente, mesmo
anos depois de terem ocorrido. “Compreender perdoando” significa que somos
capazes de mudar nossas velhas convicções e perceber novas evidências da
verdade em nossas atitudes e nas alheias. Dessa forma, ficamos mais flexíveis e
menos exigentes para com o comportamento dos outros.
Quem compreende
e perdoa possui uma “visão cósmica” da vida, porque ampliou sua consciência. Ela
representa a faculdade de ver as criaturas e a criação como uma coisa só;
expressa uma visão da existência estruturada sobre uma concepção de unidade.
Os indivíduos que
“melindram-se com as críticas das quais suas comunicações podem ser objeto;
irritam-se com menor contrariedade (...)” São considerados dogmáticos, quer
dizer, pessoas que rejeitam categoricamente qualquer opinião ou parecer,
cultivando um ponto de vista de “certeza absoluta”.
Não temos a
habilidade de entender tudo de início, precisamos constantemente revisar nossa
maneira de ver, a fim de ampliar conceitos. O dogmático não perdoa, porque lhe
falta a clareza de visão que humildade proporciona. Ele não vê o mundo em
termos de relação e integração.
Na mediunidade,
o dogmatismo pode aparecer como sério obstáculo: o sensitivo que alimenta
constantes ressentimentos atrairá indivíduos da sua faixa de simpatia. Assimilamos
os recursos mentais daqueles que pensam como nós.
Guardando melindres
e irritação, desorganizaremos os tecidos sutis de nossa alma e intoxicaremos,
por conta própria, a vestimenta corpórea.
Para termos
sanidade plena, é preciso que nossas energias estejam harmonicamente
compensadas. Somos seres essencialmente energéticos.
Assim como uma
barra de ferro se imanta quando da proximidade de um imã, da mesma forma uma
criança pode atrair energias conforme seu padrão vibratório.
Na vida não
existe fatalidade, apenas sintonia. Não precisamos ser exatamente iguais aos
outros, basta termos afinidade para que ocorra o fenômeno da atração magnética.
Perdoar não
significa que devemos ser coniventes com os comportamentos impróprios, nem
aceitar abusos, desrespeito, agressão ou traição, mas é uma nova forma de ver e
viver – envolve o compromisso de experimentar em cada situação uma nova maneira
de olhar o que está acontecendo, ou como aconteceu, sem interferências das
percepções passadas. O perdão surge a partir de uma “visão Cósmica” do
comportamento humano. “Em verdade vos digo: cada vez que fizestes a um destes
meus irmãos pequeninos, a mim o fizestes.” (Jesus / Mateus, 25:40). Este
pequeno trecho do Evangelho de Mateus desperta excelente reflexão em torno da
interdependência da “coletividade universal” – somos unos com todos, cada um de
nós faz parte do grandioso espetáculo do Plano Divino.
O ato de perdoar
não requer a reabertura de velhas feridas, mas, sim, a sua cura. Transforma-nos
em co-criadores da nossa realidade, pois tem relação com a capacidade de escolhermos
como reagir às situações de nossa vida.
Livro: A
Imensidão dos Sentidos (Aprendendo a lidar com a Mediunidade)
Espírito –
Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
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