quinta-feira, 21 de março de 2013

ANTE A DOR

Quando a alma mergulhou na carne referta de vibrações, desejou transmitir toda a musicalidade que conduzia virgem, e para que o tumulto do ambiente não lhe perturbasse a evocação, perdeu, paulatinamente, os registros auditivos para somente escutar nas telas da mente os acordes sublimes da natureza e de Deus —  e Beethoven ficou surdo!
Para expressar a melancolia suave e a pungente saudade de algo que não se pode identificar, Chopin experimentou a amargura do coração perdido entre desejos e decepções.
Destinado a ferir as cordas da emoção e tangê­las com habilidade, o espírito retornou ao palco de antigas lutas para defrontar­se com inimigos acirrados e vencê­ los através da auto­doação, enchendo a Terra de musicalidade superior. Inquieto,todavia, fraquejando sem cessar, Schumann  deixou­se arrastar  pela caudal da obsessão, conquanto fizesse incomparável legado, através do Lied  e das nobres melodias para piano.
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Oh!  Dor  bendita, libertadora de escravos, discreta amiga dos orgulhosos, irmã dos santos, mensageira da verdade, tanto necessitamos do teu concurso, que se nos afiguras um anjo caído, a serviço  da misericórdia para sustentar­nos na luta redentora! Ensina­nos a descobrir a rota da humildade para avançarmos com acerto.
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A dor é a mensageira da esperança que após a crucificação do Justo vem ensinando como se pode avançar com segurança. Recebamo­la, pacientes, sejam quais forem as circunstâncias em que a defrontemos, nesta hora de significativas transformações para o nosso espírito em labor de sublimação.
O sofrimento de qualquer natureza, quando aceito com resignação — e toda aflição atual possui as suas nascentes nos atos pretéritos do espírito  rebelde —  propicia renovação interior com amplas possibilidades de progresso, fator  preponderante de felicidade.
A dor faculta o desgaste das imperfeições, propiciando o descobrimento dos valiosos recursos, inexoráveis, aliás do ser.
 Após a lapidação fulgura a gema.
Burilada a aresta ajusta­se a engrenagem.
Trabalhado, o metal converte­se em utilidade. Sublimado pelo sofrimento reparador o espírito liberta­se.
“De tal modo brilhe a vossa luz diante dos homens, par a que eles vejam as  vossas boas obr as e glorifiquem ao vosso Pai que está nos Céus. - Jesus / Mateus, 5:16. 
“Daí se segue que nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre  punido por aquilo em que pecou. Os sofrimentos que decorrem do pecado são­ lhe uma advertência de que procedeu mal”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec,Capítulo 5º — Item 5)
Livro: Florações Evangélicas
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco.

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