Tema –
Necessidade da compaixão em qualquer julgamento
Viste o malfeitor que a opinião pública
apedrejava e anotaste os comentários ferinos de muita gente... Ele terá sido
mostrado nas colunas da imprensa por celerado invulgar de que o mundo abomina a
presença; entretanto, alguém lhe estudou a face esquecida de sofredor e
observou que ninguém, até hoje, lhe ofertou na existência o mínimo ensejo de
ser amado, a fim de acordar para o serviço do bem.
Soubeste que certa mulher caiu em
desequilíbrio, diante de círculos sociais que fizeram pesar sobre ela a própria
condenação... Alguém, todavia, lhe enxergou a face oculta e leu nela, inscrita
a fogo de aflição, a história das lutas terríveis que a acusada sustentou com a
necessidade, sem que ninguém lhe estendesse mãos amigas, nas longas noites de
tentação.
Percebeste a diferença do companheiro
que se afastou do trabalho de burilamento moral em que persistes, censurado por
muitos irmãos inadvertidamente aliados a todos os críticos que o situam entre
os tipos mais baixos de covardia... Alguém, contudo, analisou-lhe a face
ignorada, mil vezes batida pelas pancadas da ingratidão, e verificou que
ninguém apareceu nos dias de angústia para lenir-lhe o coração, ilhado no desespero.
Tiveste notícia do viciado, socorrido
pela polícia, e escutastes os conceitos irônicos daqueles que o abandonaram à
própria sorte... No entanto, alguém lhe examinou a face desconhecida de
criatura a quem se negou a bênção do trabalho ou do afeto e reconheceu que
ninguém o ajudou a libertar-se da revolta e da obsessão.
Quando estiveres identificando as chagas
do próximo, recorda que alguém está marcando as causas que as produziram.
Esse alguém é o Senhor que vê o que não
vemos.
Onde o mal se destaque, faze o bem que
puderes.
Onde o ódio se agite, menciona o amor.
Em toda parte, e acima de tudo, pensemos
sempre na infinita misericórdia de Deus, que reserva apenas um Sol para
garantir a face clara da Terra, durante as horas de luz, em louvor do dia, mas
acende milhares de sóis, em forma de estrelas, para guardar a face obscura do
Planeta, durante as horas de sombra, em auxílio da noite, para que ela jamais se
renda, ao poder das trevas.
Livro:
Encontro Marcado.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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