0218/LE
Certamente que o
Espírito quando encarnado tem vaga lembrança daquilo que ele foi em reencarnação
passada. A consciência registra tudo o que pensamos e fazemos, como sendo um
livro divino. Quando na Terra, movendo-se em um corpo de carne, aparecem, de vez
em quando, na mente, as idéias chamadas inatas; são pensamentos guardados na
sensibilidade espiritual, de modo a irradiar-se, quando preciso, para a mente
ativa, e essa, sendo educada nos conceitos de luz de Nosso Senhor Jesus Cristo,
dá-lhes guarida ou expulsa-os de seu mundo mental, quando indesejado. Eis aí a
limpeza que devemos fazer dentro de nós mesmos para estabelecer-se a harmonia
consciencial.
Alimentamos, por
vezes, muitos erros, inspirando-nos em velhas idéias que emergem do passado
para o nosso presente. Em casos diversos sendo o encarnado um espírita, ele
aponta logo como culpados, os irmãozinhos das sombras, atribuindo a
responsabilidade aos obsessores. Na verdade, as idéias são filhas do próprio
"obsediado". Algumas religiões põem culpa no satanás e procuram
expulsá-lo com gritarias e orações. Cada religioso procura uma desculpa, se
esquecendo de que somente atraímos para nós segundo o que somos.
As nossas idéias
têm vida, muitos sabem desta verdade. Quem as cria, torna-se seu pai, e mesmo
se elas saem de nós, ficam sempre vinculadas à casa paterna. Procuremos, pois, mudar
a nossa vida, baseando compará-la com a vida de Cristo. Todo esforço neste
sentido é válido, e sempre temos companhias que nos ajudam nas transformações
das trevas para a luz.
Quando o
Espírito reencarna, traz consigo seu mundo mental, e quando parte deste para o além,
também leva o que construiu pelos pensamentos, palavras e obras. Os nossos testemunhos
são nossos agentes, que nos libertam ou nos escravizam. A Doutrina dos Espíritos,
pode-se dizer, é a misericórdia dos céus para a Terra, porque ela nos avisa, antecipadamente,
a verdade, de modo a começarmos, mesmo na Terra, a sentir e a viver a luz da
espiritualidade superior.
Impossível
descrever todos os acontecimentos como sendo iguais na pauta das reencarnações dos
Espíritos. Há muitos deles que em uma existência não tem conexão alguma com a anterior,
dada à incrustação da sua ignorância; outros, às vezes, por piedade dos guias espirituais,
não conseguem fixar essas idéias inatas, para não complicar mais a vida
presente.
Quando
necessário, os benfeitores estimulam as idéias do passado a flutuar na mente presente,
como meio de educação e limpeza do magnetismo inferior que por vezes, se esconde
nas dobras da consciência, por séculos. Não podemos dizer aqui que os Espíritos
das sombras não inspiram as criaturas na Terra; isso se processa
freqüentemente, mas, sempre sob vigilância da Luz. Ninguém carrega fardo que
não suporte. Na verdade, a Luz se encontra na Terra com muito mais fulgor do
que se pensa. Onde quer que estejamos, a nossa visão vê e nossos ouvidos
escutam a mensagem de entendimento espiritual. Basta observarmos, desde o nascimento
até a entrada nas fronteiras do que chamamos "desconhecido".
O Espiritismo
veio completar o que Jesus não podia dizer naquela época, nos dando a segurança,
de modo a compreendermos o valor da Sua ressurreição e da comunicação dos Espíritos,
os mesmos homens que viveram na Terra.
Procuremos
vigiar, analisando todas as idéias que surgirem em nossa mente. Quer sejam idéias
inatas, ou provindas de irmãos das sombras, não importa; importa que devemos
destruí-las, quando inconvenientes.
Procuremos
pensar no bem e vivê-lo; pensemos no amor, amando, que neste esforço permanente,
as mãos invisíveis ajudar-nos-ão a concretizar o nosso ideal de iluminação interior.
Livro: Filosofia
Espírita – Vol. V
Miramez /João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
218. - O
Espírito encarnado conserva algum traço das percepções que teve e dos
conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores ?
Resta-lhe uma
vaga lembrança, que lhe dá o que chamamos idéias inatas.
218-a. - A
teoria das idéias inatas não é então quimérica?
Não, pois os
conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem; o Espírito, liberto
da matéria, sempre se recorda. Durante a encarnação pode esquecê-los em parte,
momentaneamente, mas a intuição que lhe fica ajuda o seu adiantamento. Sem
isso, ele sempre teria de recomeçar. A cada nova existência, o Espírito toma
como ponto de partida aquele em que se achava na precedente.
218-b. - Grande
conexão deve então haver entre duas existências consecutivas?
Nem sempre tão
grande quanto talvez o suponhas, dado que bem diferentes são, muitas vezes, as
posições do Espírito nas duas e que, no intervalo de uma a outra, pode ele ter progredido.
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