Nada mais comum,
neste mundo, que o encontrarem-se , no sio de cada família, pessoas de gostos e
tendências completamente diferente, antagônicas até.
A primeira vista
isso pode parecer estranho e inexplicável, porquanto a consangüinidade, o mesmo
tipo de educação e os interesses comuns deveriam determinar exatamente o
oposto.
Acontece, porém,
que cada individuo é, espiritualmente, filho de si mesmo, traz ao nascer, uma
bagagem de boas ou más aquisições feitas em outras existências, que lhe
constituem o caráter, o modo de ser todo pessoal, e não basta a convivência de
alguns anos sob o mesmo teto para tais diferenciações sejam anuladas.
Não raro,
manifestam-se também, entre irmãos ou entre pais e filhos, antipatias tão
profundas, que só mesmo a preexistência das almas é capaz de explicar.
Talvez nos
digam: não seria razoável, então, que os renascimentos obedecessem ao princípio
da afinidade, para que houvesse mais compreensão, mas paz e mais alegria nos
lares?
Sem dúvida. E é
assim que se formam e se sustentam os grupos familiares nos mundos mais
adiantados que o nosso. A humanidade terrena, entretanto, tem que se despojar
primeiro de suas inúmeras fraquezas e imperfeições para fazer jus a essa
felicidade
No estado atual
de nossa evolução, somos colocados em contato com aqueles que possam contribuir
para o desenvolvimento das virtudes que nos faltam, quais a benevolência, a
resignação, a humildade, a perseverança, a mansidão, a obediência, a
tolerância, o perdão, a renuncia, a caridade, etc., e é precisamente no
instituto da família que se nos apresentam as melhores condições para isso.
Outrossim, em
nossas vidas anteriores, todos havemos cometido deslizes, praticado injustiças,
perpetrado traições, usurpado direitos, ilaqueado a boa fé alheia, agravando,
ferindo ou prejudicando seriamente nossos semelhantes, ligando-nos a eles pelos
laços do ódio.
Ora, a
Providência Divina exige a harmonização daqueles que se hajam tornado inimigos
e, pela Lei de Conseqüência, são eles reaproximados tantas vezes quantas sejam
necessárias, a fim de que, em nossas relações, possam transformar a aversão em
amizade, pois o propósito de Deus é que todos nos amemos mutuamente, formando
uma só e grande família: a fraternidade universal.
Destarte, se
dentro de nossa própria casa há alguém que se erige qual nosso desafeto, o que
nos cumpre fazer é conquistá-lo com o nosso carinho, ou, quando tal esteja
acima de nossas forças, suportá-lo pacientemente. O acaso não existe. E se o
Destino nos colocou lado a lado é quase certo tratar-se de um credor do
pretérito, com o qual temos contas a ajustar.
Procedendo desta
maneira, estaremos fazendo nossa parte, adquirindo méritos para uniões mais
ditosas no porvir. Caso, porém, mantenhamos acesso o fogo da discórdia,
revidando-lhe os ultrajes e as demonstrações de malquerença, estaremos
simplesmente acumulando dívidas, cujo resgate, depois, será ainda mais penoso
que sacrifício que nos seria preciso realizar agora.
Livro: Páginas
de Espiritismo Cristão.
Rodolfo
Calligaris.
Nenhum comentário:
Postar um comentário