0380/LE
O raciocínio nos
diz que o Espírito envolvido em um corpo de criança não pode pensar qual o adulto.
Os órgãos não oferecem campo de ação para sua manifestação mais livre. As suas faculdades
são tolhidas pelos órgãos em desenvolvimento e somente com o tempo eles vão se afirmando,
de modo que os canais de comunicações estejam sem impedimentos para as mensagens
que o Espírito veio trazer ao mundo. É qual a massa em fermentação.
O cérebro da
criança não oferece mais do que as próprias criancinhas, no entanto, como em todos
os casos, existe exceção, e de vez em quando aparecem crianças-prodígios que,
com pouca idade, já operam como adultos e até como sábios. Existem crianças
médiuns, que transmitem para os homens as idéias dos benfeitores que controlam
suas faculdades em serviço do fenômeno, de modo que a ciência possa estudar os
fatos.
É a mesma coisa
que perguntar porque uma árvore, antes do seu crescimento adequado à profusão
de frutos, não dá antes esses frutos, ou porque um animal de poucos meses não
faz o trabalho de um animal adulto. Tudo há de se esperar certo tempo para que
surja a maturidade. Antes que asse o pão, é preciso que fermente a massa,
descansando os ingredientes. A lei é a mesma em toda a criação. A criança,
enquanto na formação do seu corpo, descansa por um grande período, para depois
manifestar seus pendores, cumprindo a sua missão na Terra.
Como já foi
dito, essa criança pode, em muitos casos, ser muito mais elevada de que muitos adultos,
porém, o seu instrumento de manifestação da inteligência ainda se encontra em preparo
pelas mãos do tempo e com as bênçãos de Deus. A responsabilidade dos pais, dos professores
e governo é muita, porque os canais de comunicação que levam a criança à verdade,
como estímulos, pode gravar nas telas da sua consciência o que se fala, o que
se escreve e o que se vive, com responsabilidade do que fala, escreve e vive. O
Espírito no estado infantil não pensa qual adulto, mas tem o poder de registrar
tal qual esse, ou, ainda melhor, de acordo com as suas sensibilidades
espirituais.
Nossa
responsabilidade diante das crianças que cruzam os nossos caminho é imensa e
não podemos desdenhar os compromissos mediante as necessidades dos pequeninos
em corpos, que, às vezes, são grandes em Espírito.
Quando o tempo
está nublado, isso impede que a luz do sol chegue à Terra na sua pureza; entretanto,
tão logo desaparecem as brumas, o sol volta a brilhar.
A criança pode
não raciocinar igual aos adultos, não falar qual esses, porem ela tem poderes, de
forma a plasmar tudo com mais nitidez que os próprios homens amadurecidos. A
criança não é libertada da confusão de uma vez; isso acontece gradativamente,
pois a lei nos ensina que a natureza não é violenta. A sua marcha se move na
ponderação, para dar mais segurança aos dons espirituais.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume VIII
Miramez – Joõ Nunes
Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
A infância
380. Abstraindo
do obstáculo que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, o
Espírito, numa criancinha, pensa como criança ou como adulto?
Desde que se
trate de uma criança, é claro que, não estando ainda nela desenvolvidos, não
podem os órgãos da inteligência dar toda a intuição própria de um adulto ao
Espírito que a anima. Este, pois, tem, efetivamente, limitada a inteligência,
enquanto a idade lhe não amadurece a razão. A perturbação que o ato da
encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento.
Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos.
A.K.: Há um fato
de observação, que apóia esta resposta. Os sonhos, numa criança, não apresentam
o caráter dos de um adulto. Quase sempre pueril é o objeto dos sonhos infantis,
o que indica de que natureza são as preocupações do respectivo Espírito.
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