"Não cuideis que vim trazer a paz à terra..."
- JESUS. / Mateus,10:34.
"Não vim trazer a paz, mas a espada"
- disse-nos o Senhor.
E muitos aprendizes prevalecem-se da feição
literal de Sua palavra, para entender a sombra e a perturbação.
Valendo-se-lhe do conceito, companheiros
inúmeros consagram-se ao azedume no lar, conturbando os próprios familiares, em
razão de lhes imporem modos de crer e pontos de vista, vergastando-lhes o
entendimento, ao invés de ajudá-los na plantação da fé viva quando não se
desmandam em discussões e conflitos, polemizando sem proveito ou acusando
indebitamente a todos aqueles que lhes não comunguem a cartilha de violência e de
crueldade.
O mundo, até a época do Cristo, legalizara a
prepotência do ódio e da ignorância, mantendo-lhe a terrível dominação, através
da espada mortífera da guerra e do cativeiro, em sanguinolentas devastações.
A realeza do homem era a tirania revestida de
ouro, arruinando e oprimindo onde estendesse as garras destruidoras.
Com Jesus, no entanto, a espada é diferente.
Voltada para o seio da terra, representa a
cruz em que Ele mesmo prestou o testemunho supremo do sacrifício e da morte
pelo bem de todos.
É por isso que seu exemplo não justifica os
instintos desenfreados de quantos pretendem ferir ou guerrear em Seu nome.
A disciplina e a humildade, o amor e a
renúncia marcam-lhe as atitudes em todos os passos da senda.
Flagelado e esquecido, entre o escárnio e a
calúnia, o perdão espontâneo flui-lhe, incessante, da alma, para somente
retribuir benção por maldição, luz por treva, bem por mal.
Assim, se recebeste a espada simbólica que o Mestre
nos trouxe à vida, lembra-te de que a batalha instituída pela lição do Senhor
permanece viva e rija, dentro de nós, a fim de que, ensarilhando sobre o
pretérito a espada de nossa antiga insensatez, venhamos a convertê-la na cruz
redentora, em que combateremos os inimigos de nossa paz, ocultos em nosso próprio
"eu", em forma de orgulho e intemperança, egoísmo e animalidade,
consumindo-se ao preço de nossa própria consagração à felicidade dos outros,
única estrada suscetível de conduzir-nos ao império definitivo da Grande Luz.
Livro: Ceifa de
Luz.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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