0403/LE
A alma, no seu
estado mais livre, durante o sono, nem sempre pode trazer tudo o que vê e ouve
para a matéria. Quando o Espírito volta ao corpo, ocorre uma espécie de
filtragem na lembrança do que ocorreu no mundo espiritual. Esses acontecimentos
não são apagados da memória, visto que, pela lei, nada se perde. Entretanto,
eles ficam gravados no fundo da consciência, vindo à tona quando necessário,
manifestando-se como lições ou testes para o Espírito.
Se nos
lembrássemos de todo o ocorrido no mundo dos sonhos, a mente não iria suportar
essa carga além das suas forças e perturbaria a vida na matéria. A natureza
sabe moderar os acontecimentos: se sonhamos com boas companhias em planos
elevados, e se isso pudesse repetir sempre, certamente que o corpo físico iria
definhando até falecer, porque o instinto de todos nós é buscar o melhor. Se
somente sonhássemos com as trevas, ficaríamos muito apegados às coisas
materiais, no entanto, isso é o que acontece mais freqüentemente. É preciso
contrabalançar, para que possamos entrar no equilíbrio espiritual.
O corpo tem
grandes necessidades de repouso e o Espírito saí em busca de novas forças, que tem
com abundância no mundo espiritual. Assim como acontece com os humanos, que
saem para trabalhar fora, em busca de recursos para a família, o Espírito sai
pelas portas do sono para granjear energias superiores, no comando da sua
mente, trazendo-as para o corpo, de modo que ele se abastece e fortalece para
as lutas diárias.
No futuro,
quando a matéria “esquecer” a sua densidade, o Espírito, sendo mais elevado, poderá
trazer quase toda a impressão do mundo espiritual para a vida física, sem perda
das suas atividades. Como dissemos, não nos lembramos mais dos sonhos para que
esses não atrapalhem a vida na Terra; fica apenas alguma coisa de necessário,
alguma interrogação sobre a vida do Espírito. A verdade não precisa de muito
discurso sobre ela; basta um pingo do alfabeto para que se compreenda os
objetivos da sua missão de despertamento do Espírito.
Não fiquemos
concentrados buscando nos lembrar dos sonhos, não gastemos energias para o que
deve ficar escondido; quando menos esperarmos, ele aparecerá sem que se gaste
tempo em procurá-lo nos escaninhos da alma. Sejamos moderados em nossas buscas;
primeiramente, busquemos entender os preceitos de uma vida reta, para que a
conduta não seja torta, desentulhando as coisas más, guardadas na consciência;
façamos, se possível, uma limpeza, retirando o lixo das coisas imprestáveis e
queimando no fogo do amor, para que possamos nos sentir livres, para o vôo
divino, na sublime área reservada para a felicidade.
Imaginemos se
fôssemos nos lembrar de todos os sonhos que se passaram em nossa mente durante
seis ou mesmo oito horas de descanso do corpo! E as oito horas que devemos trabalhar,
como ficariam? A natureza é comedida em tudo o que existe; ela não se esquece
de filtrar as recordações, deixando somente o que precisamos para a alegria ou
para as lições.
Para
vivenciarmos sonhos melhores, preparemos nossas mentes, limpemos nossos pensamentos
indesejados, vibrando somente no amor e na caridade. Não nos esqueçamos a leitura
sadia ao deitar, que isso ajuda muito na saída para o mundo espiritual.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume VIII
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
403. Por que não
nos lembramos sempre dos sonhos?
Em o que chamas
sono, só há o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente em
atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade e se corresponde
com os que lhe são caros, quer neste mundo, quer em outros. Mas, como é pesada
e grosseira a matéria que compõe, o corpo dificilmente conserva as impressões
que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos
corporais.
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