0430/LE
Certamente que
há alguns sonâmbulos que erram nas suas previsões e visões; nem tudo que falam
sucede. Já dissemos em mensagem anterior sobre a escala dos sonâmbulos, proporcional
à evolução. Não existem os sábios e os pseudo-sábios? Em quase tudo existe a verdade
e a mentira, dependendo do grau de evolução de quem se encontra mostrando a verdade.
Na mediunidade ocorre a mesma coisa; todos são médiuns, isso nos falam as leis naturais;
todas as criaturas são possuidoras de todos os dons, mas nem todos estão
despertos para o exercício mediúnico. Depende ainda do uso que se faz dos dons
ao seu dispor. Para quem não tem responsabilidade, tanto faz mentir como falar
a verdade, o Espírito, mesmo cativo, sente-se livre dos compromissos, mas
responderá pelo que falar nas linhas dos desajustes espirituais. No fim, é
errando e acertando que chegamos à grande verdade.
O sonâmbulo
apurado, que tem sua consciência limpa de todos os males, ou de quase todos, as
suas previsões são verdadeiras em todos os sentidos da vida. Vejamos o
Apocalipse: João entrava em um sonambulismo perfeito, em êxtase e escreveu o
que via. Nos dias de hoje, se assim acontecesse, seria um médium sonambúlico
que transmitia corretamente o que via no grande livro etérico da criação.
Podemos ainda tomar como exemplo os grandes Espíritos do passado que, em estado
de sonambulismo profundo falaram e escreveram coisas que estão se passando
hoje, e que tudo indica irão se cumprir amanhã.
Aos Espíritos
imperfeitos não são dadas todas as coisas; sua ação, mesmo no sonambulismo, é
limitada, por lhes faltar responsabilidade firme no dever honesto. Assim como é
necessário o cascalho para guardar o diamante, é indispensável o falso, para
reconhecermos o verdadeiro e termos mais cuidado na seleção dos assuntos que
ouvimos e que vemos nos nossos caminhos de evolução.
Ao espírita é
pedido mais, porque lhe está sendo dado muito; não deves alimentar ilusões, trabalhando
dentro de si, eliminando as paixões inferiores que impedem o desabrochamento dos
valores do coração; que não se acomode com a situação, deixando-se ser impelido
somente pelos instintos. Sendo dotado da razão, deve cultivar esse dom para sua
iluminação interna e preparar-se para o amanhã, que promete e trará um dom mais
aperfeiçoado, que se chama intuição. Que não perca a oportunidade do esforço
próprio, da conscientização da vida e dos seus valores espirituais. Deve competir
com os que já estão se libertando das peias inferiores do ódio, da maledicência
e do orgulho e de tantas outras inferioridades que possam entravar o
despertamento dos dons de ouro do seu coração. Se quiser subir, haverá de fazer
força e sacrifícios, de degrau a degrau. Deve saber que não somente os
sonâmbulos se enganam nas revelações. Os próprios cientistas de todo o mundo,
de vez em quando fazem retificações naquilo que falaram, escreveram e
praticaram por muitos anos. As religiões e filosofias não escapam ao tempo e ao
progresso; assim o engano no mundo em que habita é norma do processo de
evolução espiritual. Não obstante, em tudo que fizer, que se lembre primeiro da
sinceridade, para que a verdade possa acompanhá-lo em todos os instantes, e mesmo
que não possa falar toda a verdade, é bom que viva com ela, para que algum dia
possa dizer: “Eu sou a verdade”, como dizia Jesus.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume IX
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
430. Pois que a
sua clarividência é a de sua alma ou de seu Espírito, por que é que o sonâmbulo
não vê tudo e tantas vezes se engana?
Primeiramente,
aos Espíritos imperfeitos não é dado verem tudo e tudo saberem. Não ignoras que
ainda partilham dos vossos erros e prejuízos. Depois, quando unidos à matéria,
não gozam de todas as suas faculdades de Espírito. Deus outorgou ao homem a
faculdade sonambúlica para fim útil e sério, não para que se informe do que não
deva saber. Eis por que os sonâmbulos nem tudo podem dizer.
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