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Certamente que a
Doutrina Espírita exerce muita influência para diminuir o tempo mais ou menos
longo da perturbação espiritual após a morte, no entanto, é preciso que o
estudante do espiritismo coloque em prática os ensinamentos colhidos no
Consolador prometido.
A perturbação
que ocorre no transe da desencarnação, pela passagem de uma vida para outra,
sem que esperemos essa mudança brusca, nos causa um impacto e, por vezes, perdemos
a razão, cuja recuperação demora mais ou menos, de conformidade com a nossa evolução.
Quando estamos dotados de uma pureza de consciência, essa não impede a nossa lucidez.
Vale muito o conhecimento das leis naturais, principalmente quando vivemos essas
leis, do modo que foi ensinado por Jesus no Seu Evangelho.
Depois da
divulgação da Doutrina Espírita na Terra, os espíritas e os Espíritos encontraram
maior facilidade de se libertarem da inconsciência depois da morte. Os que já
se encontravam fora do corpo, vagando por aí, sem o verdadeiro conhecimento da
verdade, foram esclarecidos, e muitos deles hoje trabalham nas fileiras dessa
filosofia maravilhosa e santa, capaz de devolver a vida às criaturas mortas por
ignorância. O Espiritismo, na sua
profundidade, é o mesmo Cristianismo, e
mostra, a todos, os caminhos do amor, que na Terra se transforma em caridade e
passa a despertar os homens para a vida em Cristo.
O homem bom,
paciente nas suas funções, alegre nos seus gestos, honesto na sua vida e que
ama a verdade, ao abeirar-se do túmulo, cruza seu portal com tranqüilidade, por
saber que os que já se foram com os mesmos ideais o estão esperando, como o bom
combatente que venceu a si mesmo.
São duas forças
imprescindíveis na vida da criatura: conhecer e praticar. Conhecer o valor do
perdão, mas perdoar; conhecer as belezas da gratidão e ser grato aos benefícios
recebidos; conhecer os frutos do trabalho com justiça e ser justo em todos os
aspectos; conhecer os valores da fraternidade e ser fraterno; sentir e entender
que o amor é a vida, mas amar sem distinção. Essas diretrizes nos levam à
verdadeira libertação e, se praticarmos todos esses preceitos de Jesus, não
passaremos pela morte, porque estaremos sempre na vida, e essa vida pulsa na vida
de Deus.
É muito bom e
nobre que conheças a Doutrina Espírita; no entanto, certifica se a estás entendendo
como ela é, com profundas ligações com Nosso Senhor Jesus Cristo. Se os teus sentidos
encontraram o Cristo nela, vá em frente, seguro de que nunca errarás o caminho
para Deus por esse prêmio; não obstante, se ela te faltar durante a vida, busca
entender o que a dor quer te transmitir ou, então, que ela quer te ajudar a
permanecer consciente em todos os transes, principalmente na passagem do mundo
físico para o espiritual. Juntemos nossas forças para conhecer e para viver o
que aprendemos de bom, mediante os nossos esforços no dia a dia.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume IV.
Miramez / Joao Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
165. O
conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou
menos longa, da perturbação?
Influência muito
grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação.
Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem.
A.K.: Por
ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma
para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no
estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre
a sua situação. A lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam, à
medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e à
medida que se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.
Muito variável é
o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de algumas horas,
como também de muitos meses e até de muitos anos. Aqueles que, desde quando
ainda viviam na Terra, se identificaram com o estado futuro que os aguardava,
são os em quem menos longa ela é, porque esses compreendem imediatamente a
posição em que se encontram.
Aquela
perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres dos
indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nos casos de morte
violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o
Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto.
Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo,
reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele.
Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o
ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do
perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não
pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente.
Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca
mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de
destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de
não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo
semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve
tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe
chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo. Esse fenômeno
é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem
dormir. É que têm sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como
pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos
revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo
inopinadamente. Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que, embora
doentes, não pensavam em morrer. Observa-se então o singular espetáculo de um
Espírito assistir ao seu próprio enterramento como se fora o de um estranho,
falando desse ato como de coisa que lhe não diz respeito, até ao momento em que
compreende a verdade.
A perturbação
que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se conserva
calmo, semelhante em tudo a quem acompanha as fases de um tranqüilo despertar.
Para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é cheia de ansiedade
e de angústias, que aumentam à proporção que ele da sua situação se compenetra.
Nos casos de
morte coletiva, tem sido observado que todos os que perecem ao mesmo tempo nem
sempre tornam a ver-se logo. Presas da perturbação que se segue à morte, cada
um vai para seu lado, ou só se preocupa com os que lhe interessam.
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