quarta-feira, 1 de maio de 2013

O adolescente e os transtornos sexuais

Na fase do  desenvolvimento  orgânico  do  jovem,  a glândula  hipofisiária desempenha papel preponderante a fim de que ocorra  o  crescimento  na puberdade.  Essa glândula se encontra localizada na base do cérebro, a ele se ligando por intermédio  de fibras nervosas.  Por  ocasião  do  amadurecimento  das células que constituem o  hipotálamo,  que é um centro  nervoso  regulador  do  equilíbrio,  sinais específicos  são  direcionados à glândula hipofisiária para que sejam liberados os hormônios que se encontram inibidos. Essa liberação produz um imediato efeito na maioria das glândulas do sistema endocrínico, tais a tireoide, a epífise, a adrenal, os testículos, os ovários, que se encarregam de produzir  os seus hormônios,  tais os androgênos,  que são  masculinizantes, os estrogénios,  que são  feminilizantes,  as progestinas  “específicas para proporcionar a gravidez” que desempenham papel fundamental no crescimento e no desenvolvimento do sexo. 
Definemse, concomitantemente, os caracteres anexos das expressões sexuais,  completando as formas biológicoanatômicas e contribuindo para a identidade e a psicologia do adolescente.
Cargas genéticas se manifestam e o tumulto  emocional  se estabelece,  nem sempre de forma harmônica,  dando  surgimento  aos conflitos que irão  afetarlhe o  comportamento, gerando, algumas vezes, patologias graves.
Fatores variados interferem nesse momento  e,  graças à presença da progesterona  e de outros hormônios em ambos os sexos,  o jovem masculino  pode revelar  simultaneamente tendências e eleição por atividades femininas, facultandolhe uma conduta andrógina, o mesmo ocorrendo com a moça que se resolve por esportes que exigem força e habilidades comuns ao homem, ou adota profissões de comando, de ação fora do lar na competitividade do mercado de trabalho.
Essa androginia tem enriquecido  muitos adolescentes,  auxiliandoos a desenharem o futuro e conquistálo, desde que não permitam ao tecido moral e social  esgarçarse nos devaneios perturbadores que empurram para o  homossexualismo  na sua feição promíscua.
Por outro lado,  os fatores psicossociais e domésticos  podem levar o  jovem a uma preferência psicológica e afetiva por  outrem do  mesmo  sexo,  sem que se manifestem as tendências para a conduta expressa em relacionamentos profundos de intercurso desequilibrante, que lhe afetem o comportamento orgânico e emocional. 
A frustração  materna,  da genitora que anelava por  um filho  e gerou  uma menina,  ou  viceversa,  passando  a cuidar  do  ser em formação  conforme houvera preferido recebêlo, pode contribuir para que se instale uma distonia entre a forma e a psicologia da criança, mais tarde adolescente, engendrando mecanismo de fuga para a incorporação da personalidade que lhe foi projetada e não  lhe corresponde à forma física. 
Nesse capítulo,  ainda têm destaque a preferência doentia da super-mãe,  as atitudes da mãe castradora,  do  pai arbitrário  ou  negligente,  que interferem  no desenvolvimento do filho, imprimindolhe no inconsciente imagens falsas da realidade,  que ressumam na adolescência em forma de desidentificação  sexual,  dando lugar  aos conflitos,  à insegurança quanto  à sua capacidade de relacionamento  equilibrado e estável,  sem as preferências e opções  homossexuais ou bissexuais,  ou,  ainda,  sadomasoquistas, ou mesmo patológicas em geral...
Aprofundando mais a sonda nas psicogêneses do homo e do bissexualismo, o  Espírito,  em si mesmo,  é sempre o  modelador  da sua organização  através do  corpo  intermediário  —  o perispírito —  que plasmou  uma anatomia corretora  para os desmandos pretéritos na área do  sexo,  preservando a psicologia anterior,  portanto  diferente da anatomia.
O homem tirano e pervertido que explorou mulheres, que as submeteu às suas paixões lúbricas e as infelicitou, por necessidade de evolução recomeça no corpo com a forma feminina e as aptidões psicológicas masculinas. Da mesma maneira, a mulher que viveu da sensualidade e da perversão, havendo contribuído para sofrimentos nos lares equilibrados ou produzido dilacerações nas almas, renasce no corpo masculino com as matrizes psicológicas femininas ou em dificuldade de identificação sexual...
Vemolos,  na infância, desde os primeiros instantes do seu desenvolvimento,  revelando interesse, usando roupas e apresentando ademanes do sexo oposto ao seu, e,  ao crescerem, demonstrando maior soma de caracteres divergentes, inclusive na área da  afetividade.
Nenhuma restrição a essas manifestações, perfeitamente naturais no decorrer  do desenvolvimento e conquista evolutiva, passando pelas várias expressões da forma orgânica no sexo, a fim de somarem os valores e significados de um como os de outro —  anima e anitnus,  yang  e yin —  no processo  de formação  de um ser ideal,  harmônico,  saudável. Na atualidade, também contribui largamente para a opção sexual, em oposição  à própria polaridade, a bem urdida propaganda apresentada pela mídia, que alcança o  adolescente em indecisão  ou  em insegurança,  direcionandoo  para condutas homo  e bissexual,  ou  outras denominadas pervertidas que caracterizam estados psicopatológicos.
Ainda poderíamos recorrer  à iniciação,  quando  adultos perversos e doentes estupram,  ou  desviam a atenção  sexual  do jovem em formação,  empurrandoo  para comportamentos alienados, em flagrante violência à sua liberdade de conduta.
Lamentavelmente,  o  uso  indevido  e alucinante do  sexo  irresponsável,  em qualquer expressão na qual se apresente, responde por sérios distúrbios que assolam o  organismo  social,  desajustando as criaturas que se movimentam estranhas,  caricatas, ridículas  umas,  alienadas outras,  não  se contabilizando  aquelas que fogem para a depressão, o alcoolismo,  as drogas aditivas, em decorrência das distonias sexuais que não conseguem superar.
Urge criarse no adolescente a mentalidade do amor  em relação à vida e especificamente ao  sexo,  face à sua complexidade,  à sua função e finalidade,  fundamentais na existência humana.  Procedente dos instintos agressivos e reprodutores por  onde transitou,  o  psiquismo, em largo período, ao humanizarse, sofre o pesado ônus dos automatismos,  que à razão cumpre administrar e canalizar para os futuros cometimentos da iluminação interior.
Diante de qualquer distúrbio sexual ou mesmo da harmônica polaridade, antes de o adolescente ou mesmo o adulto se permitirem o uso, a ação promíscua ou abusiva,  perguntese ao amor que fazer e como realizálo,  e o amor  responderá: “Não faça a outrem o que não gostaria que ele lhe fizesse, nem tampouco se faça a si mesmo, fruindo  hoje um prazer fugaz, que resulta em um largo despertar entre danos prolongados”.
Livro: ADOLESCÊNCIA E VIDA
Joanna de Angelis / Divaldo Franco.

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