“... E se vós não saudardes senão vossos
irmãos, que fazeis nisso mais que os outros? Os pagãos não o fazem também? Sede
pois, vós outros, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito...” (Evangelho
Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,Capítulo 17, item 1.)
As tendências ao
perfeccionismo têm raízes profundas e escondidas revelando, às vezes, um grande
medo indefinido e oculto. A diferença principal entre um indivíduo saudável e o
perfeccionista é que o primeiro controla sua própria vida, enquanto o segundo é
controlado sistematicamente por sua compulsão pertinaz.
Trazemos como
somatório de múltiplas existências crenças negativas de que nosso valor é
medido por nossos desempenhos bem-sucedidos e que os erros nos rebaixariam o
merecimento como pessoa. Daí as emoções desconexas de medo, de desagrado e de
punição. Como exemplo, pensamos inconscientemente que, se formos imperfeitos e
falhos, as pessoas não vão mais confiar em nós, ou jamais teremos sucesso na
vida, O transtorno dos perfeccionistas é não se aceitarem como espíritos
falíveis, não aceitando também os outros nessa mesma condição, tentando assim
agradar a todos e lhes corresponder às expectativas.
Às vezes os
perfeccionistas podem até pensar, mas não admitem: “se eu fracassar, vão me
criticar”; em outras ocasiões, insistem em dizer que “não pensam assim”,
demonstrando, porém, o contrário, pois ficam profundamente descontrolados
quando cometem algum erro.
Cenas fixações
pelo desempenho perfeito são necessidades de aprovação e carinho que nasceram
durante a infância: “Se você não fizer tudo certinho, a mamãe e o papai não vão
gostar mais de você”. São vozes do passado que ecoam até hoje nas mentes
perfeccionistas.
Esses distúrbios
de comportamento levam, em muitas situações, os indivíduos a uma lentidão superlativa
para fazer as coisas. Querem fazer tudo com tantos detalhes e precisão que
nunca acabam o que estão fazendo. Outros são conhecidos pelo nome de
proteladores, ou seja, adiam sistematicamente a ação, por temer um desempenho
imperfeito. Por exemplo, se começam a apontar um lápis, levam o objeto à
destruição em alguns minutos, pela busca milimétrica da perfeição. Outros
sintomas ou sinais mais comuns: certas pessoas são obcecadas em dispor as
coisas simetricamente, de modo que não fiquem um centímetro fora do lugar.
Quanto mais verificam, mais querem checar e mais têm dúvidas.
Os
perfeccionistas necessitam ser impecáveis, respondem a todas as perguntas, mesmo àquelas que não sabem
corretamente. Por possuírem desordens psíquicas, buscam incessantemente
controlar a ordem exterior, vigiando os comportamentos
alheios como verdadeiros juízes da moral e dos costumes.
Por não
admitirmos o erro e por não percebermos que o único fracasso legítimo é aquele
com o qual nada aprendemos, é que os conceitos de perfeição doentia perturbam
constantemente nossa zona mental. Por isso, o erro não deve ser considerado
como perda definitiva, mas apenas uma experiência de aprendizagem.
‘‘Sede pois, vós
outros, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito’’ - disse-nos Jesus
Cristo. Entretanto, não nos conclama com essa assertiva para que tomemos “ares”
de perfeição presunçosa, e sim que nos esforcemos para um crescimento gradual
no processo da vida, que nos dará oportunamente habilidades cada vez maiores e
melhores.
Somos todos
convocados pelo Mestre ao exercício do aperfeiçoamento, mas contemos com o
tempo e a prática como fatores essenciais, esquecendo a perfeição doentia,
atrelada a uma “determinação martirizante e desgastante‖, que nos faz despender
enorme carga energética para manter uma aparência irrepreensível.
Repensemos o
texto cristão, refletindo se estamos buscando o crescimento rumo à perfeição,
ou se estamos simulando possuir uma santidade que não suporta sequer o toque da
menor contrariedade.
Livro: Renovando
Atitudes.
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
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