domingo, 19 de maio de 2013

Perfeição versus perfeccionismo - Hammed


 “... E se vós não saudardes senão vossos irmãos, que fazeis nisso mais que os outros? Os pagãos não o fazem também? Sede pois, vós outros, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito...” (Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,Capítulo 17, item 1.)
As tendências ao perfeccionismo têm raízes profundas e escondidas revelando, às vezes, um grande medo indefinido e oculto. A diferença principal entre um indivíduo saudável e o perfeccionista é que o primeiro controla sua própria vida, enquanto o segundo é controlado sistematicamente por sua compulsão pertinaz.
Trazemos como somatório de múltiplas existências crenças negativas de que nosso valor é medido por nossos desempenhos bem-sucedidos e que os erros nos rebaixariam o merecimento como pessoa. Daí as emoções desconexas de medo, de desagrado e de punição. Como exemplo, pensamos inconscientemente que, se formos imperfeitos e falhos, as pessoas não vão mais confiar em nós, ou jamais teremos sucesso na vida, O transtorno dos perfeccionistas é não se aceitarem como espíritos falíveis, não aceitando também os outros nessa mesma condição, tentando assim agradar a todos e lhes corresponder às expectativas.
Às vezes os perfeccionistas podem até pensar, mas não admitem: “se eu fracassar, vão me criticar”; em outras ocasiões, insistem em dizer que “não pensam assim”, demonstrando, porém, o contrário, pois ficam profundamente descontrolados quando cometem algum erro.
Cenas fixações pelo desempenho perfeito são necessidades de aprovação e carinho que nasceram durante a infância: “Se você não fizer tudo certinho, a mamãe e o papai não vão gostar mais de você”. São vozes do passado que ecoam até hoje nas mentes perfeccionistas.
Esses distúrbios de comportamento levam, em muitas situações, os indivíduos a uma lentidão superlativa para fazer as coisas. Querem fazer tudo com tantos detalhes e precisão que nunca acabam o que estão fazendo. Outros são conhecidos pelo nome de proteladores, ou seja, adiam sistematicamente a ação, por temer um desempenho imperfeito. Por exemplo, se começam a apontar um lápis, levam o objeto à destruição em alguns minutos, pela busca milimétrica da perfeição. Outros sintomas ou sinais mais comuns: certas pessoas são obcecadas em dispor as coisas simetricamente, de modo que não fiquem um centímetro fora do lugar. Quanto mais verificam, mais querem checar e mais têm dúvidas.
Os perfeccionistas necessitam ser impecáveis, respondem a todas as perguntas, mesmo àquelas que não sabem corretamente. Por possuírem desordens psíquicas, buscam incessantemente controlar a ordem exterior, vigiando os comportamentos alheios como verdadeiros juízes da moral e dos costumes.
Por não admitirmos o erro e por não percebermos que o único fracasso legítimo é aquele com o qual nada aprendemos, é que os conceitos de perfeição doentia perturbam constantemente nossa zona mental. Por isso, o erro não deve ser considerado como perda definitiva, mas apenas uma experiência de aprendizagem.
‘‘Sede pois, vós outros, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito’’ - disse-nos Jesus Cristo. Entretanto, não nos conclama com essa assertiva para que tomemos “ares” de perfeição presunçosa, e sim que nos esforcemos para um crescimento gradual no processo da vida, que nos dará oportunamente habilidades cada vez maiores e melhores.
Somos todos convocados pelo Mestre ao exercício do aperfeiçoamento, mas contemos com o tempo e a prática como fatores essenciais, esquecendo a perfeição doentia, atrelada a uma “determinação martirizante e desgastante‖, que nos faz despender enorme carga energética para manter uma aparência irrepreensível.
Repensemos o texto cristão, refletindo se estamos buscando o crescimento rumo à perfeição, ou se estamos simulando possuir uma santidade que não suporta sequer o toque da menor contrariedade.
Livro: Renovando Atitudes.
Espírito: Hammed
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto.

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