sábado, 4 de maio de 2013

O adolescente e a sua sexualidade

A ignorância responde por males incontáveis que afligem a criatura humana e confundem a sociedade. Igualmente perversa é a informação equivocada, destituída de fundamentos éticos e carente de estrutura de lógica.
Na adolescência, o despertar da sexualidade é como o romper de um dique, no qual  se encontram represadas forças incomensuráveis,  que se atiram,  desordenadas,  produzindo danos e prejuízos em relação a tudo quanto encontram pela frente. 
No  passado,  o  tema era  tabu,  que a ignorância e a hipocrisia preferiam esconder, numa acomodação  na qual  a aparência deveria ser  preservada,  embora a conduta moral muitas vezes se encontrasse distante do que era apresentado. 
Estabelecerase,  subrepticiamente, que o  imoral  era  a sociedade tomar  conhecimento do fato servil e não o praticálo às ocultas. À medida que os conceitos se atualizaram, libertandose dos preconceitos perniciosos,  ocorreu  o  desastre da libertinagem,  sem que houvesse mediado  um período  de amadurecimento  emocional  entre o  proibido  e o  liberado,  o  que era considerado  vergonhoso  e sujo  e o  que é biológico e normal.
Evidentemente, após um largo período de proibição, imposta pela hegemoniado pensamento religioso arbitrário, ao ser ultrapassado pelo imperativo do progresso,  surgiriam a busca pelo desenfreado  gozo a qualquer  preço  e a entrega aos apetites sexuais, como se a existência terrena se resumisse unicamente nos jogos e nas  conquistas da sensualidade,  terminando pelo tombo  nas excentricidades, nos comportamentos patológicos e promíscuos do abuso.
A sociedade contemporânea encontrase em grave momento de conduta em relação  ao  sexo,  particularmente na  adolescência.  Superada a ignorância do  passado,  contempla, assustada,  os desastres morais  do  presente,  sofrendo terríveis incertezas  acerca do futuro.
A orientação sexual sadia é a única alternativa para o equilíbrio  na adolescência, como base de segurança para toda a reencarnação.
A questão, façase justiça, tem sido muito  debatida, porém  as soluções ainda não  se fizeram satisfatórias.  A visão  materialista da vida,  estimulando uma filosofia hedonista,  responde pelos problemas que se constatam, em razão  do  conceito reducionista a que se encontra relegada a criatura humana. 
Sem dúvida,  o  sexo  faz  parte da vida física,  entretanto,  tem implicações profundas nos refolhos da alma, já que o  ser humano é mais do que o amontoado de células que lhe constituem o corpo. Por essa razão, os conflitos se estabelecem tendose em vista a sua realidade espiritual,  com anterioridade à forma atual,  e complexas experiências vividas antes, que não foram felizes.
Talvez,  em razão  de ignorarem ou  negarem a origem do  ser,  como Espírito imortal  que é,  inúmeros  psicólogos,  sexólogos e educadores limitamse,  com honestidade, a preparar a criança de forma que apenas conheça o corpo, identifique suas funções, entre em contato  com a sua realidade física. A proposta é saudável,  inegavelmente;  todavia,  o  corpo reflete os hábitos ancestrais,  que provêm das experiências anteriores,  vivenciadas em outras existências corporais, que imprimiram necessidades,  anseios,  conflitos ou  harmonias que ora  se apresentam com predominância no comportamento.
O  conhecimento  do  corpo,  a fim de assumirlhe os impulsos,  propele  o  adolescente para a promiscuidade,  a perversão,  os choques que decorrem  das frustrações,  caso  não  esteja necessariamente orientado  para entender  o  complexo  mecanismo da função sexual, particularmente nas suas expressões psicológicas.
Inseguranças e medos, muito  comuns na adolescência, procedem das atividades mal vividas nas jornadas anteriores, que imprimiram matrizes emocionais ou  limitações orgânicas, deficiências ou exaltação da libido, preferências perturbadoras que exigem correta orientação, assim como terapia especializada.
Aos pais cabe a tarefa educativa inicial. Todavia,  mal equipados de conhecimentos sobre conduta sexual,  castram os filhos pelo silêncio  constrangedor  a respeito do tema, deixandoos desinformados, a fim de que aprendam com os colegas pervertidos e viciados, ou os liberam, ainda sem estrutura psicológica, para que atendam aos impulsos orgânicos,  sem qualquer ética ou lucidez a respeito  da ocorrência e das suas consequências inevitáveis.
Reunindose em grupos para intercâmbio  de opiniões e experiências de curiosidade,  os adolescentes ficam a mercê de profissionais do  vício,  que os aliciam mediante as imagens da mídia perversa e doentia ou da prostituição, hoje disfarçada de intercâmbio  descompromissado,  para atender  àqueles impulsos orgânicos  ou  de viciação mental, em relacionamentos rápidos quão insatisfatórios.
Quando se pretende transferir para a Escola a responsabilidade da educação  sexual,  correse o  risco, que deverá ser calculado, de o assunto  ser  apresentado com leveza, irresponsabilidade e perturbação do próprio educador, que vive conflitivamente o desafio, sem que o haja solucionado nele próprio de maneira correta.
Anedotário chulo, palavreado impróprio, exibição de aberrações, normalmente são utilizados como temas para as aulas de sexo, a desserviço da orientação salutar, mais aturdindo os adolescentes tímidos e inseguros e tornando  cínicos  aqueles mais audaciosos.
A questão da sexualidade merece tratamento especializado, conforme o exige a própria vida. O ser humano não é somente um animal sexual, mas também racional, que desperta para o comando dos instintos sob o amparo da consciência. Todos os seus atos merecem consideração, face aos efeitos que os sucedem.
No  que diz  respeito ao  sexo,  este requer  o mesmo tratamento  e dignificação  que são dispensados aos demais órgãos, com o agravante de ser o aparelho reprodutor, que possui uma alta e expressiva carga emocional, desse modo requisitando maior soma de responsabilidade, assim como de higiene e respeito moral.
O controle mental, a disciplina moral, os hábitos saudáveis no preenchimento  das horas, o trabalho normal, a oração ungida de amor e de entrega a Deus, constituem metodologia correta para a travessia da adolescência e o despertar da idade da razão  com maturidade e equilíbrio. 
O  sexo  orientado  repousa e se estimula na  aura do  amor, que lhe deve constituir o guia seguro para equacionar todos os problemas que surgem e preserválo dos abusos que alucinam.
Sexo sem amor é agressão brutal na busca do prazer de efêmera duração e de resultado desastroso, por não satisfazer nem acalmar.  Quanto  mais seja usado  em mecanismo de desesperação  ou  fuga, menos tranquilidade proporciona.
Tendose em vista a permuta de hormônios e o fenômeno biológico procriativo,  o  sexo deve receber orientação digna e natural,  sem exagero de qualquer natureza ou limitação absurda, igualmente desastrosa. 
A força,  não  canalizada, deixada em desequilíbrio, danifica e destrói,  seja ela qual for. A de natureza sexual tem conduzido a história da humanidade, e, porque, nem sempre foi orientada corretamente, os desastres bélicos que sucederam as hecatombes morais,  sociais,  espirituais,  têm sido  a colheita dos grandes conquistadores e líderes doentios, reis e ditadores ignóbeis, que dominaram os povos,  arrastandoos em cativeiros hediondos,  porque não conseguiram dominarse,  controlar  essa energia em desvario que os alucinava.
Examinese qualquer déspota, e nele se encontrarão registros de distúrbios na  área do comportamento sexual.
Desse modo,  na  fase da irrupção  da adolescência e dos órgãos secundários, impõese o dever de completarse a orientação do sexo que deve ser iniciada na infância,  de forma que o jovem se dê conta que o mesmo existe em função da vida e não esta como instrumento dele.
Livro: ADOLESCÊNCIA E VIDA.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco.

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