“O homem pode abrandar ou aumentar a amargura
das suas provas pela maneira que encara a vida terrestre...”
“...
contentar-se com sua posição sem invejar a dos Outros, de atenuar a impressão
moral dos reveses e das decepções que experimenta; ele haure nisso uma calma e
uma resignação...” (Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 5,
item 13.)
Aceitar nossa
realidade tal qual é representa um ato benéfico em nossa vida.
Aceitação traz
paz e lucidez mental, o que nos permite visualizar o ponto principal da partida
e realizar satisfatoriamente nossa transformação interior.
Só conseguimos
modificar aquilo que admitimos e que vemos claramente em nós mesmos, isto é, se
nos imaginarmos outra pessoa, vivendo em outro ambiente, não teremos um bom
contato com o presente e, conseqüentemente, não depararemos com a realidade.
A propósito,
muitos de nós fantasiamos o que poderíamos ser, não convivendo, porém, com nossa pessoa
real. Desgastamos dessa forma uma enorme energia, por carregarmos
constantemente uma série de máscaras como se fossem utilitários permanentes.
A atitude de
aceitação é quase sempre característica dos adultos serenos, firmes e
equilibrados, à qual se soma o estímulo que possuem de senso de justiça, pois enxergam
a vida através do prisma da eternidade. Esses indivíduos retêm um considerável “coeficiente
evolutivo”, do qual se deduz que já possuem um potencial de aceitação,
porquanto aprenderam a respeitar os mecanismos da vida, acumulando
pacificamente as experiências necessárias a seu amadurecimento e
desenvolvimento espiritual.
Quando não
enfrentamos os fatos existenciais com plena aceitação, criamos quase sempre uma
estrutura mental de defesa. Somos levados a reagir com “atitudes de negação”,
que são em verdade molas que abrandam os golpes contra nossa alma. São
consideradas fenômeno psicológico de “reação natural e instintiva” às dores,
conflitos, mudanças, perdas e deserções e que, por algum tempo, nos alivia dos
abalos da vida, até que possamos reunir mais forças, para enfrentá-los e aceitá-los
verdadeiramente no futuro.
Não negamos por
ser turrões ou teimosos, como pensam alguns; não estamos nem mesmo mentindo a nós
próprios. Aliás, “negar não é mentir”, mas não se permitir “tomar consciência”
da realidade.
Talvez esse
mecanismo de defesa nos sirva durante algum tempo; depois passa a nos impedir o
crescimento e a nos danificar profundamente os anseios de elevação e progresso.
Auto-aceitação é
aceitar o que somos e como somos. Não a confundamos como uma “rendição
conformada”, e que nada mais importa. De fato, acontece que, ao aceitar-nos,
inicia-se o fim da nossa rivalidade com nós mesmos. A partir disso, ficamos do
lado da nossa realidade em vez de combatê-la.
Diz o texto: “O
homem pode abrandar ou aumentar a amargura das suas provas pela maneira que
encara a vida terrestre”. Aceitação é bem uma maneira nova de “encarar” as
circunstâncias da vida, para que a “força do progresso” encontre espaços e não
mais limites na alma até então restrita, pois a “vida terrestre” nada mais é do
que o relacionar-se consigo mesmo e com os outros no contexto social em que se
vive.
Aceitar-se é
ouvir calmamente as sugestões do mundo, prestando atenção nos “donos da verdade”
e admitindo o modo de ser dos outros, mas permanecer respeitando a nós mesmos,
sendo o que realmente somos e fazendo o que achamos adequado para nós próprios.
Em vista disso,
concluímos que aceitação não é adaptar-se a um modo conformista e triste de
como tudo vem acontecendo, nem suportar e permitir qualquer tipo de desrespeito
ou abuso à nossa pessoa; antes, é ter a habilidade necessária para admitir
realidades, avaliar acontecimentos e promover mudanças, solucionando assim os
conflitos existenciais. E sempre caminhar com autonomia para poder atingir os
objetivos pretendidos.
Livro: Renovando
Atitudes.
Espírito:
Hammed.
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
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