sábado, 25 de maio de 2013

PENAS E GOZOS FUTUROS - I

Parte A – O NADA - A VIDA FUTURA
A Doutrina Espírita nos ensina que o materialismo “é uma chaga da sociedade” (LE 799), por abolir a esperança e apresentar que o destino de todo ser humano é o aniquilamento.
Não há idéia mais desesperadora do que o da própria destruição e/ou daqueles que amamos. Põem-se em cheque tudo aquilo que o ser humano construiu dentro de si mesmo durante sua existência, todas as suas transformações, os sacrifícios, suas afeições, suas conquistas.
Diante desse fim, ou seja, o Nada, Allan Kardec pergunta: “Por que o homem repele instintivamente o nada?
Porque o nada não existe” (LE 958) Por ser o futuro uma incógnita para o Homem, no Livro O Céu e o Inferno, Cap. 1, item 1, ele retoma o assunto: “Que necessidade teríamos de esforçar-nos para ser melhores, de nos constrangermos na repressão das paixões, de nos fatigarmos no aprimoramento do Espírito, se de tudo isso não iremos colher nenhum fruto?.”
O codificador vai além, expressando que a “idéia do Nada tem alguma coisa que repugna à razão”. Ela vai de encontro às aspirações humanas de justiça e de felicidade.
Além do mais, o Espírito ao reencarnar por diversas vezes, dentro de sua marcha do progresso, traz em si uma vaga lembrança que se transforma num pressentimento, mais ou menos forte, dependendo do estado evolutivo do Espírito, da vida espiritual.
E esse pressentimento geralmente se manifesta quando da aproximação da morte, onde a criatura, por mais reticente que seja diante da expectativa do futuro, “pergunta a si mesmo o que Vai ser dele e, sem o querer, espera”.
A Vida Futura implica a conservação da nossa individualidade da nossa morte.
A Vida Futura, que é a Vida Espiritual “é, com efeito, a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito, sendo-lhe transitória e passageira a existência terrestre, espécie de morte, se comparada ao esplendor e a atividade da outra...”.
O Mestre Jesus enaltece a importância da Vida Futura ao dizer a Pilatos: “Meu reino não é deste mundo” (Jo18:33, 36 e 37).
Como cada ensinamento Vem há seu tempo e assim como Moisés não podia revelar as coisas espirituais a um povo pastoril, arraigado as coisas materiais, Jesus só pode conformar o “seu ensinamento ao estado dos homens da sua época”, a fim de não lhes ofuscar a compreensão.
Coube ao Espiritismo a tarefa de completar os ensinamentos do Cristo. Surgido numa época em que a razão despertava na humanidade, pode demonstrar que “a Vida futura não é mais um simples artigo de fé, uma hipótese”. Através das manifestações dos Espíritos comparava-se a realidade da Vida espiritual por aqueles que aqui estiveram e lá estão. Trazendo descrições particularizadas dos seus estados, sejam eles felizes ou infelizes, nos proporcionando relacionar os atos praticados e suas conseqüências.
“A idéia clara e precisa que se faz da vida futura da uma fé inabalável no futuro, e essa fé tem conseqüências imensas sobre a moralização dos homens, quando muda completamente o ponto de vista sob o qual eles examinam a vida terrestre”.
Dessa forma a vida do encarnado, no seu lado material, deixa de ser o objetivo maior da existência. A dedicação de todo tempo na aquisição dos bens materiais e ao bem estar somente, perde o sentido. Surge a necessidade e a importância dos bens espirituais, da busca pelas virtudes, da mudança de hábitos, da eliminação de vícios edefeitos. As relações humanas tomam-se valorizadas.
E nessa mudança de ponto de vista por parte da humanidade, que é o somatório do trabalho de cada um, que faremos com que o este planeta tome-se, também, o Reino de Jesus.
INTUIÇÃO DAS PENAS E DOS GOZOS FUTUROS
Assim como a justiça é um sentimento inato ao ser humano, o pressentimento de haver penas e recompensas futuras esta presente em todos os povos e em todos os tempos.
A idéia de um Criador justo e bom, como bem nos ensinou o Mestre Jesus, nos faz vislumbrar a necessidade de reparação por parte daqueles que ainda praticam o mal e dos gozos aos que estão no caminho do bem: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”.
Nada mais lógico e justo de ser o Espírito a própria causa de seus sofrimentos ou de sua felicidade.
Deus nos da o direito do usufruto do livre-arbítrio e o dever de sermos responsáveis pelos nossos atos.
“O homem suporta sempre a conseqüência das suas faltas; não há uma só infração a Lei de Deus que não tenha punição.”
Mas é imperioso lembrar que o Pai é sempre misericordioso e as penas, pelas faltas cometidas, sempre são temporárias e subordinadas ao arrependimento e a reparação do mal praticado.
Assim sendo, a intuição dos sofrimentos e dos gozos futuros se origina das próprias experiências vivenciadas pelo Espírito, de encarnação em encarnação.
Aqueles que buscam ofuscar tais sentimentos inatos, se mostrando céticos endurecidos, demonstram que o orgulho ainda lhes domina, ao ponto de impedir a manifestação da voz da consciência, que é a bússola que nos direciona a Lei Divina.
INTERVENCAO DE DEUS NAS PENAS E RECOMPENSAS
Deus, criador de tudo e de todos, instituiu Suas leis que são eternas e imutáveis.
Essas leis chamadas de Lei Divina ou Natural regem todo o Universo.
E seguindo a Lei Divina que o Espírito se aproxima de seu objetivo que é a perfeição relativa, pois é o caminho de sua felicidade, lhe indicando o que deve e o que não deve fazer.
A Lei Divina esta escrita na nossa Consciência, e quanto menos a ouvimos mais nos afastamos dela, e conseqüentemente nos tomarmos mais infelizes.
Não há folha alguma que caia de uma árvore que não seja do conhecimento do Pai. Sendo assim, “quando um homem comete um excesso, Deus não pronuncia um julgamento contra ele para lhe dizer, por exemplo: tu fostes guloso e eu vou te punir. Mas ele traçou limites; as doenças e, frequentemente, a morte, são a consequência dos excessos: eis a punição. Ela resulta da infração à lei. Assim se passa com tudo.” (LE 964)
NATUREZA DAS PENAS E DOS GOZOS FUTUROS - (LE 965-982)
Sendo o Espírito um ser não material, as penas e os gozos futuros, ou seja, as conseqüências na vida espiritual dos atos praticados por esse Espírito enquanto esteve encarnado não são materiais, o que não quer dizer que tais conseqüências sejam menos sensíveis do que se estivesse na matéria. Muito pelo contrário, tais sensações são muito mais impressionáveis no plano espiritual.
Todas as imagens fantasiosas do céu e do inferno que encontram-se nas culturas são apenas fruto do estado de imperfeição da humanidade, que não teve ainda a capacidade de interpretação dos acontecimentos que se dão na vida espiritual, tendo utilizado imagens, figuras e linguagens, muitas vezes distorcidas, para tal compreensão.
Com o advento da Doutrina Espírita, com sua filosofia espiritualista esclarecedora, inclusive proporcionando a analise criteriosa das manifestações mediúnicas, temos condições de reformarmos as rebuscadas idéias passadas.
O Espiritismo nos ensina o verdadeiro “céu” que é o estado de felicidade dos Espíritos. Esse estado é proporcional a sua elevação e consiste em “conhecer todas as coisas, não ter ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem nenhuma das paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é para eles a fonte de uma suprema felicidade. Eles não experimentam nem as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angustias da vida material. São felizes do bem que fazem”. A união dos Espíritos que se simpatizam no bem, que formam as famílias espirituais é uma fonte de felicidade.
Entre os Imperfeitos e os Perfeitos há uma infinidade de degraus. Esses últimos, ou seja, os Espíritos Puros gozam da felicidade suprema e os demais encontram-se a caminho.
Com relação aos sofrimentos de além túmulo, as tais penas, “são tão variáveis quanto às causas que os produziram, e proporcionais ao grau de inferioridade, como os gozos o são para os graus de superioridade”.
Estão relacionados à inveja, ao desgosto, ao ciúme, a raiva, ao desespero de não terem atingido a felicidade, de não terem consigo satisfazer os seus prazeres. Ao remorso, que provoca uma indefinível ansiedade moral.
Tais torturas morais são mil vezes mais vivas do que aquelas suportadas na carne.
O estado de inferioridade do Espírito não lhe impede de divisar a felicidade do justo, e isso para ele também é um motivo de suplicio, mas também de estimulo para sair daquela situação e fazer por onde ser agraciado por essa felicidade.
Assim, como ha influências dos Espíritos aos encarnados, há também influências aos desencarnados, que podem ser boas ou ruins, dependendo do grau de evolução do Espírito.
Os maus tentam desviar os ainda vacilantes do caminho do bem. Os bons procuram fortalecer, incentivar, sanear as mas tendências, seja inspirando ao arrependimento, a busca de uma nova encarnação que lhes proporcione reparações e desenvolvimentos, etc.
Para nos preservarmos dos acontecimentos futuros é importante ter em mente que o “Espírito sofre por todo o mal que faz, ou do qual foi à causa voluntaria, por todo bem que poderia fazer e que não fez, e por todo o mal que resulta do bem que ele não fez”. E que é o bem que assegura a felicidade futura, o que independe de crença e sim da prática, pois, “o bem é sempre o bem, qualquer que seja o caminho que a ele conduz”.
Livro: FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 2º ANO
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan -O Livro dos Espíritos, questões 958 a 982; conclusão, item 5;
KARDEC, Allan -O Que é Espiritismo - cap. I; cap. II, nºs 100 e 103; cap. III, nº145;
KARDEC, Allan A O Livro dos Médiuns - questão 290, item 16; n°2 e 292;
KARDEC, Allan -O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. Il, itens 2, 3 e 5;
cap. III, item 2; cap. V, itens 3, 12 e 17;
KARDEC, Allan -O Céu e O Inferno - cap. I, n° 14; 1ª Parte, cap. VII;
KARDEC, Allan -A Gênese f cap. I, nºs 25, 31, 37 e 62;
EMMANUEL, Francisco Cândido Xavier -Justiça Divina, pág. 107 – Penas
 Depois da Morte;
PERALVA, Martins -O Pensamento de Emmanuel- n° 16 e 18;
EMMANUEL, O Espírito da Verdade -Diversos Espíritos, item 18;
KARDEC, Allan -O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. II, itens 1 a 3 e 5 a7;
PERALVA, Martins -O Pensamento de Emmanuel- n° 31;

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