sexta-feira, 17 de maio de 2013

Adolescência: fase de transição e de conflitos

A adolescência é o período próprio do desenvolvimento físico e psicológico, que se inicia aproximadamente aos catorze anos para os rapazes e aos doze anos para as moças, prolongandose, até aos vinte e dezoito anos, respectivamente, nos países de clima frio, sendo que nos trópicos há uma variação para mais cedo. Nessa fase, há um desdobramento dos órgãos secundários do sexo, dando surgimento aos fatores propiciatórios da reprodução, como sejam o espermatozóide no fluido seminal e o catamênio. Os rapazes experimentam alterações na voz, enquanto as moças apresentam desenvolvimento dos ossos da bacia, dos seios, o que ocorre com certa rapidez, normalmente acompanhados pelo surgimento da afetividade, do interesse sexual e dos conflitos na área do comportamento, como insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade, angústia, facultando o espaço para desenvolvimento e definição da personalidade, aparecimento das tendências e das vocações.
Completando a reencarnação, o adolescente passa a viver a experiência nova, definindo os rumos do comportamento que o tempo amadurecerá através da vivência dos novos desafios.
Inadaptado ao novo meio social no qual se movimentará, sofre o conflito de não ser mais criança, encontrandose, no entanto, sem estrutura organizada para os jogos da idade adulta. É, portanto, o período intermediário entre as duas fases importantes da existência terrena, que se encarrega de preparar o ser para as atividades existenciais mais profundas.
Inseguro, quanto aos rumos do futuro, o jovem enfrenta o mundo que lhe parece hostil, refugiandose na timidez ou expandindo o temperamento, conforme sejam as circunstâncias nas quais se apresentem as propostas de vida.
As bases de sustentação familiar, religiosa e social, sentemlhe os embates dos desafios que enfrenta, pois relaciona tudo quanto aprendeu com o que encontra pela frente.
Não possuindo a maturidade do discernimento, e fascinado pelas oportunidades encantadoras que lhe surgem de um para outro momento, atirase com sofreguidão aos prazeres novos sem darse conta dos comprometimentos que passa a firmar, entregandose às sensações que lhe tomam todo o corpo.
Outras vezes, vitimado por conflitos naturais que surgem da incerteza de como comportarse, refugiase no medo de assumir responsabilidades decorrentes das atitudes e faz  quadros psicopatológicos,  como  depressão,  melancolia,  irritabilidade,  escamoteando o medo que o assalta e o intimida.
Nos dias atuais as licenças morais são muito agressivas, convidando o jovem, ainda inadequado para os jogos velozes do prazer, a lances audaciosos na área do sexo, que parece constituirlhe a meta prioritária em que chafurda até o cansaço, dando surgimento à usança de recursos escapistas, que não atendem às necessidades presentes, antes mais o perturbam, comprometendoo de maneira lamentável.
Nesse período, o corpo adolescente é um laboratório de hormônios que trabalham em favor das definições orgânicas, ao tempo em que o psiquismo se adapta às novas formulações, passando um período de ajustamento que deve facultar o amadurecimento dos valores éticos e comportamentais.
Como é compreensível, a escala de valorização da vida se modifica ante o mundo estranho e atraente que ele descortina, contestando tudo quanto antes lhe constituía segurança e estabilidade.
Os novos painéis apresentamlhe cores deslumbrantes, e não encontrando conveniente orientação,  educação  consistente,  firmadas no entendimento  das suas necessidades, contesta e agride os valores convencionais,  elaborando um quadro  compatível com o seu conceito, no qual passa a comprazerse, ignorando os cânones e paradigmas nos quais se baseiam os grupos sociais, que perdem, para ele,  momentaneamente, o significado.
A velocidade da telecomunicação, a diminuição das distâncias através dos recursos da mídia, da computação, das viagens aéreas, amedrontam os caracteres mais frágeis, enquanto  estimulam os mais audaciosos,  propondolhes o  descobrimento  do  mundo e o sorver de todos os prazeres quase que de um só gole.
Os esportes, que se perdem num incontável número de propostas, chamamno, e os outros deveres, aqueles que dizem respeito à cultura intelectual, à vivência religiosa, ao comportamento éticomoral, porque exigem sacrifícios mais demorados e respostas mais lentas, ficam à margem, quase sempre desprezados, em favor dos outros esforços que gratificam de imediato, ensoberbecendo o ego e exibindo a personalidade.
O culto do corpo, nos campeonatos de glorificação das formas, agrada, elaborando programas, às vezes de sacrifício inútil, em razão da própria fragilidade de que se reveste a matéria na sua transitoriedade orgânica e constitucional.  A música alucinante e as danças de exalçamento da sensualidade levamno à ardência sexual, sem que tenha resistência para os embates do gozo, que exige novas e diferentes formas de prazer em constante exaltação dos sentidos.
A moderação cede lugar ao excesso e o equilíbrio passa a plano secundário, porque o jovem, nesse momento, receia perder  as facilidades que se multiplicam e o  exaurem, sem darse conta das finalidades reais da existência física.
O Espiritismo oferece ao jovem um projeto ideal de vida, explicandolhe o objetivo real da existência na qual se encontra mergulhado, ora vivendo no corpo e,  depois,  fora dele,  como  um todo  que não pode ser  dissociado  somente porque se apresenta em etapas diferentes. Explicalhe que o Espírito é imortal e a viagem orgânica constituilhe recurso  precioso  de valorização  do  processo  iluminativo,  libertador  e prazenteiro.
Elucidandoo, quanto ao investimento que a todos é exigido, despertao para a semeadura por intermédio do estudo, do exercício da aprendizagem, do equilíbrio moral pela disciplina mental e ação correta, a fim de poder colher por longos, senão todos os anos da jornada carnal, os resultados formosos, que são decorrentes do empenho pela própria dignificação.
Os pais e os educadores são convidados, nessa fase da vida juvenil, a caminharem ao lado do educando, dialogando e compreendendolhe as aspirações, porém exercendo uma postura moral que infunda respeito e intimidade, ao mesmo tempo fortalecendo a coragem e ajudando nos desafios que são propostos, para que o mesmo se sinta confiante para prosseguir avançando com segurança no rumo do futuro.
São muito importantes essas condutas dos adultos, que, mesmo sem o desejarem, servem de modelos para os aprendizes que transitam na adolescência, porquanto os hábitos que se arraigarem permanecerão como definidores do comportamento para toda a existência física.
O amor, na sua abrangência total, será sempre o grande educador, que possui os melhores métodos para atender a busca do jovem, oferecendolhe os seguros mecanismos que facilitam o êxito nos empreendimentos encetados, assim como nos porvindouros.
Continência moral, comedimento de atitudes constituem preparativos indispensáveis para a formação da personalidade e do caráter do jovem, nesse período de claroescuro discernimento, para o triunfo sobre si mesmo e sobre as dificuldades que enfrentam todas as criaturas, durante a marcha física na Terra.
Livro: ADOLESCÊNCIA E VIDA.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco.

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