Está em toda
parte.
Surge inesperadamente
e assume faces de surpresa que produz estados d’alma afligentes, configurando
pungentes conflitos que conduzem, não raro, a nefandas conseqüências.
Às vezes, no
lar, os problemas se avultam, na ordem moral, desconcertando a paisagem
doméstica; no trabalho, discussões inesperadas, por nonadas, tomam aspectos de
gravidade, que conduz os contendores a ódios virulentos e perniciosos; nas
relações, irrompem incompreensões urdidas nas teias da maledicência, fragmentando
velhas amizades que antes se firmavam em compromissos de lealdade fraterna
Inamovível; na rua e nas conduções gera inquietações que consomem e lança
pessoas infelizes no caminho, provocantes, capazes de atirar por coisas de
pequena monta, nos rebordos de abismos profundos, aqueles que defrontam...
É o espírito da
treva. Está, sim, em toda parte.
Membro atuante
do que constitui as “força do mal”, que por enquanto ainda assolam a Terra, na
atual conjuntura do planeta, irrompe inspirando e agindo, nos múltiplos
departamentos humanos, objetivando desagregar e infelicitar as criaturas, no
que se compraz.
Espírito
estigmatizado pela agonia íntima que sofre, envenenado pelo ódio em
que se consome ou revoltado pelo tempo perdido, na vida passada, sintoniza
com as imperfeições morais e espirituais do homem, mantendo comércio
pernicioso de longo curso.
Está, também, às
vezes, encarnado no círculo das afeições. Aqui é o esposo rebelde, a
genitora alucinada, a nubente corroída por ciúme injustificável, o
filho ingrato, o irmão venal, a filha viciada e ultrajante, a irmã
desassisada; ali é o vizinho irritante, o colega pusilânime, o chefe
mesquinho, o amigo negligente, o servidor cansativo, o companheiro
hipócrita exigindo atitude de sumo equilíbrio, em convite contínuo à
serenidade e à perseverança nos bons propósitos.
Transmite a
impressão de que não há lugar para o amor nem o bem, como se a vida
planetária fosse uma arbitrária punição e não sublime concessão
do Amor Divino, a benefício da nossa redenção.
* * *
Como quer que apareça o espírito das trevas, no teu caminho,
enfrentao simples de coração e limpo de consciência. Não debatas nem te
irrites com ele.
Ante os doentes, o medicamento primeiro e mais
eficaz é a compaixão que se lhes dá, não levando em conta o que dizem
ou fazem por considerar que estão fora da razão e do discernimento,
pela ausência da saúde.
Armate a todo
instante com a prece e põe o capacete da piedade, conduzindo a luz da
misericórdia para clarificar o caminho e vencerás em qualquer luta,
permanecendo livre face a qualquer das suas ciladas.
E quando,
enfraquecido na luta, o espírito da treva estiver a vencerte após exasperarte
danosamente, quase colimando por empurrarte ao fosso da insensatez, lembrate
de Jesus e dize:
“Afastate de
mim, espírito do mal” —, e avança sem parar na direção do dever sem
olhar para trás.
*
“Depois vai e leva consigo mais sete espíritos piores do que ele,
Ali entram e habitam”. (Mateus, 12:45)
*
“O Espírito mau espera que o outro, a quem
ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições”. (O Evangelho
Segundo O Espiritismo – Allan Kardec, cap. 10 item 6)
Livro: Florações
Evangélicas.
Joanna de
Ângelis / Divaldo Franco.
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