22. O
perispírito das pessoas vivas goza das mesmas propriedades que o dos Espíritos.
Como isso foi dito, ele não está, de nenhum modo, confinado no corpo, mas
irradia e forma, ao seu redor, uma espécie de atmosfera fluídica; ora, pode
ocorrer que, em certos casos, e sob o império das mesmas circunstâncias, ele
sofra uma transformação análoga à que foi descrita; a forma real e material do
corpo pode se apagar sob essa camada fluídica, podendo -se assim se exprimir, e
revestir, momentaneamente, uma aparência toda diferente, mesmo a de uma outra pessoa,
ou do Espírito que combine o seu fluido com o do indivíduo, ou bem ainda dar a
um rosto feio um aspecto belo e radiante. Tal é o fenômeno designado sob o nome
de transfiguração, fenômeno bastante frequente, e que se produz principalmente
quando as circunstâncias provocam uma expansão mais abundante de fluido.
O fenômeno da
transfiguração pode se manifestar com uma intensidade muito diferente, segundo
o grau de depuração do perispírito, grau que corresponde sempre ao da elevação moral
do Espírito. Limita-se, às vezes, a uma simples mudança do aspecto da
fisionomia, como pode dar ao perispírito uma aparência luminosa e esplêndida.
A forma material
pode, pois, desaparecer sob o fluido perispiritual, mas não há necessidade, por
esse fluido, de revestir um outro aspecto; às vezes, pode simplesmente ocultar
um corpo inerte, ou vivo, e torná-lo invisível aos olhos de uma ou de várias
pessoas, como o faria uma camada de vapor.
Não tomamos as
coisas atuais senão como pontos de comparação, e não em vista de estabelecer
uma analogia absoluta, que não existe.
23. Esses
fenômenos não podem parecer estranhos senão porque não se conhecem as propriedades
do fluido perispiritual; é para nós um corpo novo que deve ter propriedades
novas, e que não se pode estudar pelos procedimentos ordinários da ciência, mas
que não são elas menos propriedades naturais, nada tendo de maravilhoso a não
ser a novidade.
Livro: Obras
Póstumas – Allan Kardec.
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